O Brasil tem um patrimônio de biodiversidade extraordinário que se reflete também na produção agro-alimentar. No Salone del Gusto 2008 será possível descobrir as delícias de um país que não é apenas um grande exportador de café, cacau e cana-de-açúcar. O evento acontece em paralelo com o Terra Madre – encontro mundial de comunidades do alimento, entre os dias 23 e 27 de outubro de 2008, em Turin, na Itália.
Será grande a participação brasileira nos dois eventos, veja mais detalhes:
O Brasil no Salone del Gusto 2008
Os Laboratórios do Gosto
Iniciativas idealizadas para mostrar a excelência da produção artesanal, apresentando combinações e degustações ilustradas diretamente por especialistas, produtores, agricultores, artesãos e viticultores. Para o Brasil:
- Quinta-feira 23, 18:00 horas – No mundo do mel: comparação de mel de várias proveniências e de três continentes – América do Sul, África e Europa, incluindo o Néctar de Abelhas Nativas dos Sateré-Mawé. Para encerrar, degustação de uma preparação salgada e outra doce para testar a versatilidade destes produtos.
Os Teatros do Gosto
Em um anfiteatro de 60 lugares chefs de fama internacional se revezam para preparar seus pratos mais emblemáticos. Sobre o Brasil:
- Sexta-feira 24, 18:00 horas – Tropicalismo: música para o paladar!: Daniel Redondo e Helena Rizzo, chefs do restaurante Mani de São Paulo, propõem uma cozinha elaborada, criativa, baseada na valorização do território e dos produtos locais. Os participantes assistirão à preparação e degustarão um dos seus pratos, acompanhado de um vinho do produtor Siciliano Planeta.
Encontros à mesa
O programa conta com vinte jantares, em restaurantes de Turim e castelos do Piemonte.
- Sáb. 25, 20h30 – Brasil, toda jóia, toda beleza!: Helena Rizzo e Daniel Redondo do restaurante Mani de São Paulo no Brasil transmitem o amor pela matéria-prima local e conseguem apresentar nos seus pratos extraordinários um Brasil universal. Local: Le Meridien Art Café, Via Nizza, 230
A Agricultura Familiar Brasileira no Salone del Gusto
15 empreendimentos representarão o país na Mostra da Agricultura Familiar do Brasil, um espaço que apresenta-se como vitrine da diversidade ambiental, cultural e social da agricultura familiar brasileira no Salone del Gusto. A Mostra da Agricultura Familiar do Brasil tem apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial.
O catálogo "Brasil no Salone del Gusto", com informações detalhadas sobre os produtos e os empreendimentos participantes, além de deliciosas receitas, está disponível para download no site do Slow Food Brasil: http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/253/95/
As Fortalezas
No interior do Oval, organizadas por áreas geográficas, encontram-se as Fortalezas, produtores apoiados pela Fundação Slow Food para Biodiversidade. O Brasil está representado por:
• Castanha de Baru, Comunidades de Caxambu, Bom Jesus e Santo Antônio, do Município de Pirenópolis, Goiás, Centro-oeste – No Cerrado, bioma que cobre grande parte do Brasil central, cresce o Baru, uma leguminosa arbórea de grandes dimensões. O fruto contém uma castanha de sabor delicado: a castanha de Baru. A castanha de baru, quando torrada, pode ser consumida inteira ou ser usada no preparo de receitas de doces típicos, com rapadura, com leite condensado e castanhas torradas. É possível extrair óleo de excelente qualidade da castanha de baru, para utilização como tempero ou como anti-reumático.
• Aratu, Comunidade de Cajazeiras, Município de Santa Luzia do Itanhy, Sergipe – O aratu (Goniopsis cruentata) é um pequeno crustáceo de carne particularmente saborosa e delicada que vive nas águas salobras dos mangues do Estado de Sergipe (Nordeste brasileiro). A sobrevivência das comunidades costeiras deste território sempre dependeu bastante da coleta do aratu, e sua pesca é confiada às mulheres que tradicionalmente o atraem entoando canções.
• Umbu, Municípios de Canudos, Curaça e Uauá, Estado da Bahia, Nordeste – Fruta nativa do nordeste do Brasil e típica da caatinga, o sertão desta região semi-árida. Esta árvore nativa, frutifica uma vez por ano e é um recurso importante para uma das regiões mais pobres e áridas do Brasil, onde a agricultura está sujeita a severas secas cíclicas. O umbu é colhido manualmente e pode ser comido cru ou transformado em conservas.
• Palmito Juçara, Sudeste, estado de São Paulo, Reservas Guarani do Ribeirão Silveira (município de São Sebastião) e Boa Vista (município de Ubatuba) – Das 210 etnias que povoam o Brasil, um dos grupos mais importantes são os Guarani. Sua identidade baseia-se em seu idioma, religião e cultura. Desta cultura faz parte o palmito, o miolo do tronco da palmeira Juçara, variedade que cresce naturalmente na área remanescente da mata Atlântica no sudeste do Brasil. A Juçara é uma variedade em risco, pela intensiva atividade de extração clandestina operada pelos palmiteiros não-índios. A Fortaleza tem como objetivo o aumento da presença da palmeira, criando viveiros na Mata Atlântica e cultivando pelo menos duas novas palmeiras por cada palmeira cortada.
• Arroz vermelho do Vale de Piancó, Município de Santana dos Garrotes, Estado da Paraíba – O arroz vermelho (Oriza Sativa L.) foi introduzido no Brasil pelos portugueses, é produzido majoritariamente no Vale do Rio Piancó, onde é conhecido como arroz da terra e arroz de Veneza. Ingrediente muito importante da tradição alimentar, na qual ainda se baseia a subsistência dos agricultores de toda a região. Produzido de forma tradicional, segundo as rudimentares técnicas originais, sem o uso de químicos, é colhido manualmente no mês de Junho.
• Pinhão da Serra Catarinense, Municípios de Urubici e Lages, Santa Catarina – A Araucaria angustifolia é uma árvore secular nativa do Brasil meridional que esteve sempre na base do sistema alimentar humano e animal dos habitantes da Serra Catarinense. Nos últimos dez anos se está verificando na zona uma substituição sistemática destas árvores, tanto que se estima que não restem mais do que 1% das florestas originais de Araucária. O pinhão é a semente da Araucária angustifolia: tem cerca de 4 cm, de forma alongada e de cor de marfim, envolto em uma casca grossa e colhido em pinhas de grande dimensão. Na culinária tradicional é utilizado em muitas receitas.
• Waraná nativo dos Sateré Mawé, Terras nativas Andirá-Marau, Amazonas-Pará, Norte – O Guaraná (Waraná na língua original dos Sateré-Mawé), é uma planta que cresce espontaneamente há centenas de anos na Amazônia brasileira. Tem flores brancas e frutos vermelhos reunidos em cachos. Os frutos são colhidos um pouco antes de amadurecerem, depois retira-se a polpa e são lavados. As sementes secam lentamente em fornos de barro, são então descascadas, trituradas em pilão, moldadas em bastões de várias dimensões e embalados em sacos de algodão e colocados nos fumeiros, onde são defumados com madeira aromática.
• Néctar de Abelhas Nativas dos Sateré Mawé, Terra Indígena Andirá-Marau, nas Bacias dos rios Andirá e Marau, Amazonas-Pará, Norte – As abelhas canudo são criadas nas aldeias dos Índios Sateré-Mawé e têm a particularidade de não terem ferrão. Os Índios usam os produtos das colméias na sua medicina tradicional e preservam a tradição da produção do antigo mel dos Maias. Este mel é muito líquido, aromático e saboroso e particularmente apreciado.
Terra Madre
O Terra Madre, o encontro mundial das comunidades do alimento, evento simultâneo ao Salone del Gusto, conta com uma importante presença proveniente do Brasil.
São 51 comunidades do alimento brasileiras (agricultores, criadores, pescadores e produtores artesanais de alimentos). Do Brasil participam ainda 13 chef de cozinha, 13 representantes de universidades, 15 estudantes do Movimento Jovem pelo Alimento (Youth Food Movement).
Sons do Terra Madre
Cinquenta e um grupos, trinta países representantes, cerca de cinquenta apresentações por dia no interno do Lingotto Fiere e do Oval. São os números dos Sons do Terra Madre, um outro elemento necessário na construção do modelo "comunidade do alimento" como um todo.
Do Brasil:
Encantadeiras – Música tradicional de trabalho, cantada pelas Quebradeiras de Coco Babaçu acompanhadas por uma precursão.
Claudio Domingos e Renan Mendes – Duo composto por violão e sanfona, que executam musicas do nordeste brasileiro.
Valdir Agostinho – Cantor e artista plástico de Florianópolis, a Ilha de Santa Catarina
Terra Madre encontra o Salone del Gusto
Como uma viagem de volta às raízes dos alimentos, do norte ao sul do planeta, indo desde a produção até o consumo, do agricultor até o gastrônomo, os dois eventos – Terra Madre e o Salone del Gusto – se encontrarão numa série de palestras no Lingotto Fiere Exhibition Center. Será uma oportunidade para os visitantes do Salone del Gusto e as comunidades do alimento discutirem as questões agrícolas e alimentares mais atuais, e para explorar o papel da alimentação e seu impacto econômico, ambiental, social e cultural.
Segurança alimentar, alterações climáticas, economia local, sementes e biopirataria são apenas algumas das questões que serão debatidas por figuras de renome internacional de diversas área, como cultura, política, ciência e agricultura.
Algumas das palestras serão dedicadas especificamente sobre o tema da biodiversidade com a apresentação de projetos desenvolvidos pela Fundação Slow Food para a Biodiversidade.
Um dos debates é dedicado ao Brasil:
A Experiência da Rede de Comunidades do Alimento e Fortalezas no Brasil
O Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil, a Região Veneto, Slow Food e a Cooperativa Sem Fronteiras têm colaborado por muitos anos apoiando a agricultura familiar e a promoção dos produtos locais no Brasil. Diversos projetos agrários estão em desenvolvimento, ampliando os benefícios sociais e econômicos.
Sexta, 24 de outubro, 15:00 hs – Sala Cittaslow
Moderador: Piero Sardo, Presidente da Fundação Slow Food para Biodiversidade
Palestrantes:
- Humberto Oliveira, Secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Brasil
- Marialuisa Coppola, Ministra Regional das Políticas de Orçamento e Cooperação Internacional da Autoridade Regional do Veneto
- Hugo Valdés, Coordenador da Cooperativa Sin Fronteras
- Lucio Cavazzoni, Presidente da Alce Nero Mielizia
- Jussara Dantas, responsável pela Fortaleza Slow Food do Umbu, Brasil
- Adriano da Silva Martins, Coordenador da Cooperativa Sem Fronteiras – Brasil e Coordenador da Comunidade da Bergamota Montenegrina
Saiba mais sobre os eventos:
- www.terramadre.info
- www.salonedelgusto.com
- www.slowfoodbrasil.com
- http://terramadre.slowfoodbrasil.com
