A cada ano, desaparecem no mundo centenas de tipos de queijos, de famílias produtoras com seus saberes, bem como equipamentos, raças de animais, capins nativos, ligados à tradição artesanal de produção e transformação do leite. Com esta preocupação, o movimento Slow Food Internacional lançou, em 2001, o Manifesto e a Campanha Internacional em Defesa dos Queijos de Leite Cru, alertando para o risco de extinção destes queijos frente a regulamentos internacionais discriminatórios, hipersanitaristas e homogeneizadores, que ameaçam destruir o meio de vida dos produtores artesanais. O que está em jogo não é apenas a salvaguarda de produtos e alimentos saborosos e únicos, mas a manutenção de uma cultura alimentar rica e biodiversa e a defesa da nossa liberdade de escolher o que queremos comer.
Em 2011, o Brasil se insere na campanha internacional com a criação do Grupo de Trabalho Slow Food Queijos Artesanais que visa a promoção do conhecimento, valorização e consumo dos queijos artesanais de leite cru brasileiros.
Convidamos você a conhecer este trabalho e contribuir para esta campanha, unindo-se a nós – consumidores, produtores, pesquisadores, chefs, cozinheiros, todos amantes dos bons queijos – para resistir à padronização do alimento e defender os pequenos produtores e a sócio-biodiversidade.
O que são queijos artesanais de leite cru?
Queijos de leite cru são os queijos fabricados artesanalmente a partir de leite recém-ordenhado e não pasteurizado.
A maioria das pessoas não sabe, mas todos os queijos tradicionais do mundo eram originalmente fabricados a partir do leite cru, queijos famosos como a mussarela, o parmesão, o camembert, o brie, o roquefort. Atualmente, por uma forte pressão das legislações sanitárias internacionais e nacionais, estes mesmos queijos são mais facilmente encontrados pasteurizados e em versão industrializada, mas quem já teve o prazer de conhecer as versões originais sabe que a diferença é muito grande.
Os queijos industrializados, geralmente disponíveis em supermercados, são padronizados e produzidos em maior escala, a partir da coleta de leite de vários produtores. Nesse processo, o leite é pasteurizado antes da elaboração dos queijos. A pasteurização consiste no tratamento térmico do leite, e tem como objetivo eliminar bactérias indesejáveis transmissoras de doenças assim como bactérias responsáveis por deteriorar o leite. No entanto, a pasteurização desnatura proteínas, altera o sabor e elimina também os microorganismos benéficos (bactérias lácticas, fermentos, etc) responsáveis pelas características especiais dos queijos tradicionais. A padronização dos processos e a homogeinização do leite leva à perda da diversidade característica dos queijos artesanais.
Os queijos artesanais de leite cru são produtos vivos, que apresentam texturas, sabores e aromas únicos, resultado da ligação intrínseca que possuem com os diferentes territórios, climas, pastos, modos e tradições do fazer artesanal de cada região. Apresentam por isso uma rica diversidade de sabores, que variam entre as regiões, mas também de produtor a produtor e com as estações do ano.
Sua superioridade em relação aos queijos industriais – reconhecida entre os consumidores e os apreciadores – se deve justamente pela ausência de tratamento térmico do leite (pasteurização ou esterilização) que destrói a maior parte da flora benéfica deste alimento e altera profundamente as características tradicionais dos queijos.
No Brasil existem queijos tradicionais feitos de leite cru em diversas regiões. Eles são fabricados há dezenas (ou centenas) de anos em pequena escala, por pequenos produtores rurais, como é o caso dos queijos minas artesanais canastra, salitre, araxá e serro em Minas Gerais; dos queijos colonial e serrano, no Sul; dos queijos de coalho e de manteiga (ou requeijão) no Nordeste, do queijo marajó, no Pará, citando apenas alguns. Por não atenderem aos requisitos legais estabelecidos pela legislação sanitária ‐ baseada nos padrões da produção industrial de grande escala muitos desses queijos são comercializados apenas de maneira informal. No entanto correm o risco de serem apreendidos pela fiscalização, causando prejuízos aos produtores e dificultando o acesso a mercados nas grandes cidades. Nos supermercados encontramos alguns destes queijos nas suas versões pasteurizadas e industrializadas, que “imitam” o tradicional (e copiam seu nome), como no caso do “minas padrão”, do “colonial” e do “queijo coalho”, mas que são bastante diferentes dos originais, que as novas gerações correm o risco de jamais conhecerem.
.
A campanha internacional em defesa dos queijos de leite cru.
A defesa dos queijos de leite cru é uma das principais campanhas do Movimento Slow Food Internacional que realiza na Itália, a cada dois anos, o Cheese, um evento que reúne produtores, profissionais e amantes de queijos artesanais de diferentes países do mundo. O Manifesto Internacional em Defesa dos Queijos de Leite Cru, foi lançado no 1º Cheese, em 2001, questionando os padrões higienistas das legislações internacionais que se dizem voltados para proteger a saúde humana, mas que são construídos com base em parâmetros industriais de produção em grande escala e impõem uma excessiva esterilização dos alimentos. Além de destruir a saúde microbiológica dos laticínios e, consequentemente a complexidade de sabor dos queijos, esta esterilização pode debilitar nosso sistema imunológico e nossa flora bacteriana benéfica.
O Manifesto conclama as pessoas a agirem para salvaguardar a diversidade e a complexidade dos queijos, assim como a estabilidade das comunidades rurais detentoras destas tradições e diretamente relacionadas à produção destes alimentos.
Além disso, a Fundação Slow Food para a Biodiversidade, através do projeto internacional da “Arca do Gosto” ( Ark of Taste, em inglês), cataloga, divulga e busca a salvaguarda de produtos bons, limpos e justos ameaçados de desaparecer, assim como os ecossistemas, conhecimentos tradicionais, comunidades e biodiversidade relacionadas a esses produtos. A Fundação Slow Food tem ainda projetos voltados para as “Fortalezas” (Presidia, em inglês), que visam apoiar comunidades cujos produtos estão especialmente ameaçados. Vários dos produtos incluídos na Arca do Gosto são queijos e outros derivados do leite, assim como raças de animais. No Brasil, já temos alguns queijos incluídos na Arca do Gosto, mas este é um trabalho que está começando, pois ainda conhecemos pouco a nossa riqueza e diversidade regional. O mapeamento dos queijos artesanais tradicionais do Brasil é um dos objetivos do Grupo de Trabalho Slow Food Queijos Artesanais.
Para ler o manifesto integralmente clique [aqui]
Conheça a lista internacional de Fortalezas do leite [aqui]
Conheça o Cheese [aqui]
Página da Campanha Internacional [aqui]
Conhecendo e degustando os queijos artesanais de leite cru
Um componente fundamental para a defesa e valorização dos queijos de leite cru é o estímulo a atividades de degustação, como parte do trabalho de Educação do Gosto do Slow Food.
Degustar um queijo significa observar, analisar e descrever as características que percebemos através dos nossos sentidos ‐ a vista, o tato, o olfato, o paladar (eventualmente também a audição), visando delinear os aspectos organolépticos do produto. A degustação ideal (sobretudo quando envolve um interesse profissional, uma seleção, um concurso) deve acontecer em um local tranquilo, sem muita interferência externa (ruídos, cheiros). No caso de um grupo é importante definir uma metodologia e critérios comuns de análise e de classificação.
Os queijos artesanais de leite cru apresentam uma enorme riqueza e diversidade de sabores. Mesmo quando feitos exatamente da mesma forma e com o mesmo tipo de leite, seus sabores variam entre as regiões, entre produtores da mesma região, ao longo do ano para o mesmo produtor e ao longo da “vida” de cada peça de queijo produzida. Longe de ser um defeito, esta enorme diversidade e “falta de padronização” é um grande tesouro.
A riqueza de sabores dos queijos de leite é resultado da ação dos microorganismos sobre o leite, ela aumenta e se complexifica com o tempo de maturação (também chamado de cura). Como um “milagre”, um mesmo queijo vai passando por mutações de cor, textura e sabores ao longo de sua vida. Quanto mais fresco o queijo, mais seu sabor se aproxima ao sabor do leite e seus componentes (manteiga, por exemplo). E quanto mais maturado (ou curado) for o queijo maior a complexidade de aromas e sabores que vão surgindo. Para isso, ele precisa “respirar” e não pode estar embalado em sacos plásticos, por exemplo, e cura melhor sobre uma superfície mais porosa (como prateleiras de madeira). Além da riqueza da flora microbiológica presente inicialmente no queijo, a umidade e temperatura ambientes influem fortemente neste processo. Quanto menor a umidade e quanto mais baixa a temperatura, mais lentamente o queijo matura, pois diminui a atividade microbiológica. Em países de clima tropical a maturação se dá de maneira mais rápida que em países de clima temperado, por exemplo. Os queijos de leite cru podem ser mantidos fora da geladeira e terem longos prazos de validade: ficam “curados” ao invés de estragar.
Embora o “trabalho” de cura dos queijos seja feito pelos microorganismos, a maturação é uma arte, que exige saberes, cuidados e atenção. Cada queijo e cada fase de maturação exigem cuidados diferentes. Com alguns cuidados simples, como manter o queijo sobre uma tábua, em local protegido, fresco e arejado, virar o queijo e lavá-lo em água corrente quando necessário, qualquer pessoa pode deixar curar seu queijo de leite cru e ir observando suas mutações.
No entanto, assim como no caso de outros alimentos, o aumento da produção e consumo de queijos industrializados pasteurizados têm levado ao consumo de queijos cada vez mais frescos e a uma perda das habilidades sensoriais de paladar e olfato das pessoas.
Por isso, um dos componentes da campanha em defesa dos queijos artesanais de leite cru é a realização de degustações de queijos, que podem ser feitas em escolas, reuniões de amigos ou familiares, eventos gastronômicos, etc. O Slow Food e o GT Queijos estão empenhados na produção e aprimoramento de materiais e metodologias que forneçam subsídios para a realização de trabalhos de educação do gosto com queijos artesanais brasileiros.
Através deste trabalho, esperamos estimular um re-treinamento dos sentidos, descobrindo a alegria de comer e desfrutar de diferentes sabores e de se preocupar com a origem dos alimentos, quem os produz e como são processados. Este trabalho é ainda inicial e temos muito que avançar, tanto em termos de conhecimentos sobre degustação de queijos brasileiros quanto da sua maturação.
Conheça nosso material sobre degustação de queijos artesanais.
Grupo de trabalho queijos artesanais de leite cru
O Grupo de Trabalho Slow Food Brasil Queijos Artesanais – GT Queijos – se formou em setembro de 2011, a partir de um convite para a participação do Slow Food no 1º Simpósio de Queijos Artesanais do Brasil (veja link)
O GT Queijos tem como norte o Manifesto Internacional do Slow Food e como objetivo realizar ações de mapeamento, divulgação e salvaguarda dos queijos tradicionais de leite cru brasileiros. Reúne associados do Slow Food de diferentes formações e regiões do Brasil, que se interessam em colaborar voluntariamente para salvaguarda da cultura, dos modos de vida e dos saberes envolvidos na produção dos nossos queijos artesanais. Entendemos que a divulgação dessa causa é de grande importância social, cultural e econômica, pois envolve por um lado, milhares de famílias produtoras e por outro tradições alimentares e identidades regionais. O Slow Food tem o papel de chamar a atenção dos consumidores, enquanto co-produtores, para a necessidade de ações em defesa destes queijos e daqueles que os produzem.
As principais frentes de trabalho do GT Queijos são:
– Mapeamento e divulgação dos queijos brasileiros: No Brasil existe uma grande variedade de queijos artesanais de leite cru, na maioria das vezes intimamente ligados à identidade, tradições e história locais. Como se trata de produções em escala muito pequenas, a maioria permanece na informalidade não gerando visibilidade nacional. O GT Queijos desenvolve um trabalho de mapeamento desta diversividade e suas particularidades.
– Promoção de atividades de educação do gosto e degustações: Visando a divulgação e o reconhecimento do valor gastronômico dos queijos artesanais de leite cru, o GT Queijos organiza oficinas de educação do gosto e degustações em eventos. Para isto desenvolveu uma metodologia específica apresentada no manual Conhecendo e Degustando os Queijos Artesanais do Brasil.
– Defesa de uma legislação específica para os produtos artesanais: diferenciada da legislação industrial, que respeite o saber-fazer dos produtores e que permita a manutenção das instalações, equipamentos, embalagens e formas de comercialização tradicionais. Esta defesa, que une interesses de produtores e consumidores, está baseada no direito à liberdade de escolha na compra de produtos artesanais.
– Promoção da compra solidária dos queijos artesanais: a identificação de bons produtores, com boas práticas de produção, junto com os mecanismos de divulgação, incentivo a iniciativas de compras diretas da parte de consumidores, chefs de cozinha, etc.
>> Conheça melhor a história de formação do GT Queijos [aqui]
O que é e por que leite cru?
A microflora lática (bactérias, leveduras, fungos) presente naturalmente no leite, no curral, na sala de ordenha, no local de produção e armazenamento, é a verdadeira protagonista dos queijos. É o equilíbrio desta flora natural, aliado ao cuidado e à higiene na produção que irão garantir a segurança do ponto de vista alimentar e a particularidade de cada produto. Esta flora é diferente de uma região para outra, de um leite para o outro, de um produtor para o outro e, por isso, ela estabelece uma ligação forte com o território e com o fator humano de onde provém. O leite é um alimento vivo, no qual a presença de microrganismos é decisiva para a qualidade e complexidade dos queijos. O leite cru é o leite tal qual é retirado da vaca através da ordenha, sem ser submetido a qualquer tratamento que vise diminuir a presença de microorganismos. Um dos tratamentos mais conhecidos é a pasteurização, tratamento térmico que visa reduzir a presença de microorganismos patogênicos, mas que destroi também a microflora lática.
O queijo produzido a partir do leite cru conserva as características físicas, químicas, microbiológicas nutricionais e sensoriais originárias do leite fresco. Se beneficia da propriedade do leite de se autoproteger contra a ação de agentes patógenos de 2 a 3 horas após a ordenha.
Os queijos artesanais de leite cru são formas simples e eficientes de transformação de um produto altamente perecível – o leite – em produtos seguros e que podem ser armazenados por maior tempo. Os queijos tradicionais de cada região foram se desenvolvendo ao longo dos séculos e são em geral formas bastante eficazes de aproveitamento e conservação do leite, com um baixo uso de energia e insumos externos, resultando em alimentos ricos e seguros. Os queijos de leite cru são produtos vivos e sua enorme riqueza de sabores está diretamente relacionada com a biodiversidade da flora microbiana que eles contêm. A riqueza microbiológica presente no leite cru protege o queijo da presença de possíveis microorganismos patogênicos, dado que estes últimos, utilizando o leite para chegar ao seu alvo, são combatidos pelos microorganismos lácteos que estão em seu ambiente natural. Por isso os queijos de leite cru apresentam baixo risco de transmissão de doenças, especialmente quando feitos em pequena escala e logo após a ordenha (na própria fazenda ou em locais próximos).
Temos no Brasil queijos artesanais de leite cru produzidos, comercializados e consumidos regionalmente de maneira informal, alguns há mais de cem anos, sem que se haja evidências de problemas de saúde pública. Ao contrário, os queijos tradicionais brasileiros são considerados pelas populações que tradicionalmente os consomem como produtos saborosos e seguros.
A pasteurização do leite antes da elaboração dos queijos é exigida por leis internacionais e nacionais, o que vem impossibilitando a comercialização legal de produtos elaborados com leite cru. A exigência de pasteurização atende sobretudo à realidade da indústria, que trabalha com grandes quantidades de leite, recolhido de diferentes produtores, transportado a distâncias maiores e com intervalos de tempo grandes entre a ordenha e o início de produção dos queijos. Nestes casos, a pasteurização é uma forma de corrigir a qualidade da matéria prima, homogeneizar o leite e padronizar os tempos e processos de produção do queijo.
Porém, tratamentos térmicos como a pasteurização produzem efeitos negativos irreversíveis na qualidade do queijo, com a redução da complexidade aromática dos queijos (resultado da ação da flora bacteriana diversificada) e a diminuição do valor nutricional dos produtos (devido à destruição de vitaminas e antioxidantes). Há ainda um desligamento ou redução da ligação com seu território, uma vez que o queijo padronizado não espelha a complexidade da flora e das condições locais, funcionando simplesmente como um substrato para inoculação de uma flora estandardizada e produzida em laboratórios.
A obsessão higienista, que busca uma máxima esterilização dos alimentos, vem forçando ainda os produtores a eliminarem utensílios tradicionais de produção (muitos deles feitos em madeira ou materiais naturais existentes nas regiões produtoras) em detrimento do plástico e do inox. Induz a um uso descontrolado de sanitizantes e outros produtos químicos (em geral permitidos pela legislação), que também reduzem a carga bacteriana do leite, dificultando os processos de coagulação e anulando os efeitos que a flora natural teria na complexidade aromática do produto e na segurança alimentar. Todos esses processos industriais têm como consequência a devastadora eliminação da micro-biodiversidade (diversidade de micro-organismos) e, consequentemente, a perda de sabores e de diversidade dos queijos.
Além disso, a excessiva esterilização dos alimentos vem sendo apontada como causa de diminuição das defesas do nosso sistema imunológico, que hoje exige “complementos alimentares” para substituir nutrientes, vitaminas, lactobacilos, enzimas, ácidos graxos perdidos por processos de hiper-industrialização dos alimentos. Em países onde é frequente a prática de acrescentar ao queijo fermentos industriais, não se encontram mais as culturas naturais que eram mantidas como herança de família.
As exigências hiper-higienistas da legislação também têm consequências sociais e ambientais: aumentam os custos de produção e o consumo de energia, assim como exigem maiores investimentos por parte dos produtores, excluindo do mercado formal os produtores de menor escala e mais artesanais. Os produtos e produtores tradicionais são expressão profunda de nossas tradições, misturam uma forma de arte com uma forma de vida. São cultura, patrimônio e ambiente assimilados, respeitados e valorizados. Representam o sustento e a dignidade de inúmeras populações no mundo todo. Representam a diversidade e complexidade dos alimentos regionais e a saúde e estabilidade de nossas comunidades rurais.
Enquanto cidadão e consumidor devemos lutar pelo nosso direito de escolha! Pela liberdade em optar por um produto que provém de uma tradição local, de um saber fazer arraigado na nossa cultura e que é capaz de nos presentear com sensações, sabores e aromas únicos, ameaçados pela homogeneização da indústria de alimentos e por interesses econômicos de poucos.
Portanto, nós chamamos todos aqueles que têm o poder de salvaguardar a diversidade e complexidade de nossos alimentos regionais, assim como a saúde e estabilidade de nossas comunidades rurais, para agir agora e assegurar um marco regulatório apropriado, justo e flexível, assegurar controles sensatos e uma perspectiva positiva em relação ao futuro.
Veja o video com a mensagem de Piero Sardo sobre os queijos artesanais do Brasil:
Queijos Artesanais Brasileiros
Embora no Brasil as receitas de queijo e as espécies e raças animais utilizadas para produção de leite tenham sido introduzidas pelos colonizadores europeus, em cada micro-região foram se adaptando e se desenvolvendo diferentes formas de aproveitamento e conservação do leite. Surgiram assim os diferentes queijos artesanais de leite cru brasileiros, com sua variedade e riqueza de sabores. Eles envolvem na sua produção milhares de famílias e são resultado do cruzamento entre heranças culturais de povoamento e migração, recursos disponíveis e condições ambientais (de clima, altitude, solos, vegetação, etc, que influem também na diversidade microbiológica).
Nossos queijos artesanais são cultura, patrimônio e ambiente assimilados, respeitados e valorizados. São uma expressão profunda de nossas tradições, misturam uma forma de arte com uma forma de vida. Fazem parte da diversidade e complexidade dos alimentos regionais e são um dos componentes importantes para a saúde e estabilidade de nossas comunidades rurais. Este nosso patrimônio está bastante ameaçado pelas atuais formas de modernização produtivista da agricultura e pela crescente industrialização dos alimentos, reforçadas por legislações sanitárias inadequadas aos produtos artesanais (Campanha Internacional).
Este nosso patrimônio ainda é pouco estudado e conhecido. Faz parte dos objetivos do GT Slow Food Brasil Queijos Artesanais o mapeamento dos diferentes queijos tradicionais existentes. Alguns queijos já foram inseridos na Arca do Gosto, mas ainda temos muito que conhecer, divulgar e valorizar. Por isso, quem tiver mais informações ou correções a fazer, entrar em contato conosco através do email: [email protected] Produtores de queijos artesanais tradicionais que gostariam de ter seu nome e contato divulgados também devem entrar em contato através deste mesmo email.
Materiais de referência
Conhecendo e degustando os queijos artesanais brasileiros
Um material para quem quer explorar o universo dos queijos artesanais brasileiros, identificar e reconhecer suas características e particularidades.
(arquivo pdf 9.6mb)
Mapa dos queijos artesanais do Brasil
As principais regiões da produção artesanal de queijos no Brasil.
(Versão 2018)
#Salve o Queijo Artesanal
Para fazer um adesivo, um poster ou enviar pelas redes.
Arquivo pdf para impressão