o chocolate é a divindade que tudo abrange e justiça a todos que vivem dele e com ele passam a viver por ele, fonte de desenvolvimento, construtor de cidades, chocolate é riqueza e pobreza, chocolate é trabalho e fausto, chocolate é mola do estado, chocolate é romance, chocolate é crimes e tocaias, caxixes, os injustiçados coroneis, chocolate é alimento dos deuses, chocolate é deleite da humanidade, chocolate é euforia e desespero, chocolate é angústia, chocolate é amores, paixões e devaneios, chocolate é empregador de gente e também escravizou muitos, chocolate faz produtores, desbravadores, pioneiros, lutadores, generosos, capazes herois que com sangue lideraram sozinhos roças inteiras fazendo herdeiros a quem não eram seus e, outros, com champanhe e charuto envolto em notas de dólares brindaram heranças que atravessaram gerações, chocolate é ecológico é sociológico, chocolate é cultura, comportamento, fama e formas próprias de se safar de responsabilidades, chocolate é regeneração, é pós vassoura de bruxa, chocolate é exaltação e descaso
escrito por um alto executivo da Ceplac e adaptado pela Comunidade Slow Food Cacau e Chocolate.
Pensar chocolate e agroecologia é mais amplo do que somente plantar e agregar ancestralidade, preservação de paisagens rurais ou ecossistemas. Vai para além disso, onde se coloca memória e verdade em cada degustação de um chocolate que, em toda a sua existência, é signo de uma linguagem refinada e muito especial podendo expressar muitas coisas, mas todas elas se confluem em felicidade plena com um único porém; sempre foi iguaria doce para quem tem acesso e pode pagar, entretanto, muito amarga para quem labutou no calor estridente a vida inteira cultivando em benefícios de alguns e nunca nem sequer provou chocolate.
Pensar acesso é pensar uma produção ampla com possibilidades que atendam a todos, equidade no fazer é oferecer segurança alimentar de uma preparação que sempre esteve presente na dieta americana e, portanto, merece voltar a compor de maneira igualitária esse cardápio, fazendo a manutenção dessa memória alimentar que a América ensinou para o mundo!
Hoje, como data comercial, o chocolate protagoniza todo esse cenário, porque comemora-se a data da chegada dessa maravilha na Europa e as aberturas de novas safras de cacau em diversas regiões do mundo, que foram sendo exploradas ao longo da história, ficando caracterizado como um símbolo internacional.
Sabemos que todos já fizeram as suas escolhas de marcas e gostos que agradam o paladar, mas mais potente que isso é entender a quem custa degustar essas delícias e o quão sustentável ela está na cadeia do cacau e chocolate e para a sua saúde. Mas, insisto em trazer uma reflexão sobre e peço que passe a observar mais e melhor o tipo de chocolate que compra! Estamos falando sobre optar por um chocolate bom, limpo, justo e para todos!
Enquanto muitos colegas chocolateiros artesanais estão com ofertas de qualidade, verdadeiras e saudáveis, as lojas comerciais também oferecem chocolates com muita gordura hidrogenada e, mesmo assim, elas estão cheias, fazendo filas quilométricas para abastecer os bolsos da indústria de alimentos, batendo recorde de vendas todos os anos.
E você faz questão de pagar caro, porque julga esse chocolate-produto mais interessante e bonito para presentear e agracia os olhos ao abrir perto de outras pessoas!
E ainda existem pessoas que sabem da existência de produtores artesanais e mesmo assim não indicam, não fortalecem e continuam preferindo as lojas. E por que essa postura não muda?
Chocolate puro que faz bem é feito por gente! Pessoas que estão em suas produções o tempo todo, que controlam as bateladas durante o processo de formulação do chocolate, que se relacionam com os seus produtores, fazendo economia circular sendo local ou não, que buscam por amêndoas de qualidade, que usam as mãos para sentir o que está produzindo, que estudam diariamente as possibilidades para trazer novidades e para oferecer um chocolate de alta qualidade!
Chocolate tem poucos ingredientes; obrigatório é o cacau: amêndoa e/ou manteiga, eventualmente açúcar e leite vegano e/ou tradicional. O que você comprou para comer ou presentear, tem quantos ingredientes? E quais?
Onde quer que você esteja, conheça e comece a seguir agora as marcas nacionais bean to bar ou tree to bar, valorize os pequenos produtores de chocolates e as bombonerias da sua região, profissionais que o grupo Slow Food Cacau e Chocolate faz questão de homenagear sempre e, que pensam um chocolate para além do afago de comer um doce, mas que possa ampliar oportunidades reais de toda uma rede feita de pessoas e famílias.
Viva o dia do chocolate com originalidade!
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Texto: Comissão Coordenadora da Comunidade Slow Food Cacau e Chocolate