Terra Madre Jovem – We Feed the Planet
Rafael Oliveira é índio Tupinikim, nascido e criado nas terras que seu povo conquistou ao longo de muitos anos de luta. As atuais terras indígenas Tupinikim estão cercadas pelo monocultivo de eucalipto, há mais de quarenta anos instalado no município de Aracruz, sudeste do Brasil. A indústria florestal e os recentes investimentos do pré sal passam a dominar a paisagem do território. O cenário é o de um complexo desafio de convivência entre índios e não-índios.
Apenas a geração dos velhos Tupinikim teve oportunidade de manter um vínculo mais próximo com remanescentes de Mata Atlântica ainda presentes na região até os anos 1950. Os mais jovens nasceram sob a paisagem forjada para a exploração da celulose, sem qualquer oportunidade de se prepararem para colocar-se com dignidade no novo contexto socioeconômico que se impôs.
Rafael é técnico agrícola e trabalha com uma equipe comprometida em devolver a saúde para terras indígenas, agora reconhecidas pelo Estado brasileiro. Os imensos eucaliptais estão sendo substituídos por plantios de sementes crioulas, seguindo os princípios da Agroecologia. Um compromisso que Rafael assume pela recuperação dos recursos naturais e do uso sustentável da terra em que nasceu e terá seus filhos.
Jerônimo Villas-Bôas/Marina Khan
“Ao me olhar no espelho poderia dizer
Quem sou eu?
De onde eu vim?
Até onde posso chegar?
Com grande orgulho respondo
Sou Rafael nativo dessa terra
Descendente de indígenas
Sangue tupiniquim corre em minhas veias
Moro no estado onde não teria nome melhor, Espírito Santo
Lugar de belas praias, montanhas e rios.
Cresci na aldeia chamada Caieiras Velhas, no município de Aracruz
Lugar onde tive a felicidade de dar meus primeiros passos em chão batido
Pelas belas rodas de congos ritmadas com tambores e casacas
Com cultura a se perder de vista, tangas, colares, chocalhos e cocares
Mas nem tudo se resume às coisas boas: posso estar pensando alto aonde quero chegar
Chegar como era antigamente, quando meu povo podia tirar seu próprio sustento da terra, rios e matas, tudo com muita fartura
Sobreviverem do seu próprio trabalho, seja na terra, rios, mangues, matas
Produzindo alimentos de qualidade, saudáveis
Mas não vou conseguir isso sozinho
Conto com ajuda do meu povo e principalmente dos jovens
E com colegas de trabalho
E tendo felicidade de aumentar meus conhecimentos com uma grande oportunidade, o Slow Food
Onde vou poder “colher bons frutos” e dividir com meu povo.”
Rafael Souza
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