Dia 1º de março de 2009 o Convívio de Pirenópolis esteve reunido mais uma vez. O encontro, que desta vez foi temático, foi realizado no IPEC – Instituto de Permacultura do Cerrado, na cozinha comunitária, debaixo dos abacateiros, num bonito final de tarde.
A proposta de fazer um encontro temático sobre o baru teve os seguintes propósitos: conhecer melhor este fruto do cerrado através do trabalho que a Fortaleza do Baru vem desenvolvendo em Pirenópolis e aprender a trabalhar com ele buscando desenvolver receitas e firmá-lo como ingrediente da culinária local.
Tivemos no nosso lanche, neste dia, vários pratos preparados com baru: pé-de-moleque, paçoca doce e salgada, arroz doce com farofa de baru, bolo de baru, mousse de maracujá com calda de baru, barrinha de cereais com baru, arroz com lingüiça de porco (uma especial feita com os porquinhos felizes do IPEC!) e baru, biscoitinhos de baru, todos deliciosos!
Estiveram presentes 6 produtoras e produtores rurais do povoado do Caxambu, que integram a Fortaleza do Baru: Bié, Érica Danielle, Elias, Leozina, Lilian, Zoza. Eles explicaram como é o trabalho que o grupo desenvolve com o extrativismo deste fruto, como é o apoio dado pela Fundação Slow Food para Biodiversidade para o desenvolvimento do projeto da Fortaleza e finalmente quais são as ações que estão sendo desenvolvidas pelo grupo para realização deste projeto. Apesar do Convívio já ter feito dois encontros na comunidade do Caxambu, dois almoços maravilhosos, pela primeira vez tivemos a oportunidade de conhecer melhor o projeto da Fortaleza.
Além da proposta de um encontro temático tínhamos como objetivo conversar sobre o desejo do Convívio de realizar o II Terra Madre Brasil em Pirenópolis. Queríamos saber a posição de todos para formatarmos uma proposta para apresentar para a comissão organizadora do encontro que se reuniria logo em seguida em Brasília. Formamos naquele dia uma pequena comissão local com o objetivo de levantar dados para formatar a proposta de Pirenópolis sediar este encontro.
Foram feitas reuniões com o Secretário de Turismo, Secretário de Planejamento, Coordenadora do Curso de Gastronomia da unidade local da Universidade Estadual de Goiás e contatos com integrantes do setor de turismo da cidade. O desejo de realizar um encontro das comunidades do alimento em Pirenópolis vem sendo gestado dentro do convívio há mais de um ano. Inicialmente pensávamos no encontro das Comunidades do alimento do cerrado. A prosa em torno deste tema/proposta/desejo foi muito rica, de tal forma que sabemos que, independente dos rumos da mesma, o grupo já se sente mais forte e coeso e pronto pra alçar vôos e realizar ações do porte que desejar.
Esta articulação feita pelo Convívio mostrou também que a ação individual de cada integrante em suas atividades profissionais ou mesmo de militância, foi um forte suporte para o cenário de parcerias na cidade, e até mesmo a nível estadual e federal, que conseguimos vislumbrar neste momento. Como decorrência desta articulação teve outro acontecimento legal: fui convidada enquanto líder do Convívio e, palavras do secretário de turismo local, que me apresentou, “representante local do Movimento Slow Food”, para participar de uma reunião com o Prefeito de Pirenópolis e alguns Secretários, na qual o SEBRAE apresentou o projeto PAIS – Produção Agroecológica Integrada Sustentável.
A aceitação e o reconhecimento da ação do movimento na cidade ficaram claros neste convite, que muito nos alegrou. A reunião resultou num acordo firmado entre prefeitura e SEBRAE para implantação do PAIS em 30 unidades produtivas familiares no município. Foi formado um comitê, do qual participarei, que fará a seleção destas unidades e acompanhamento do projeto.
Também neste mês tivemos em Pirenópolis a visita de Roberta Marins de Sá, Coordenadora dos projetos Slow Food no Brasil e Mariana Guimarães, uma das coordenadoras das atividades do Slow Food na América do Sul, que trabalha no escritório na Itália. Nós as acompanhamos na visita a comunidade do Caxambu, integrante da Fortaleza do Baru , e as levamos para conhecer um pouco da cidade e das atividades dos nossos parceiros e convivas: o campus da Universidade, onde puderam conversar com a coordenadora do curso de Gastronomia, Nadja Nairas, o trabalho da Brasil Central , uma operadora de turismo receptivo em Pirenópolis, o IPEC, o Cine Pireneus, e alguns locais de lazer.
Enfim, neste clima de alegria pelo reconhecimento, coesão e força de nosso convívio que acabo este relato das primeiras, somente as primeiras!!! ações do Convívio de Pirenópolis neste começo de 2009.
Katia Karam é antropóloga, produtora rural e líder do Convivium Slow Food de Pirenópolis, no Estado de Goiás.