Quem ouve falar do termo Slow Food pela primeira raramente capta que esta é uma contraposição (política, filosófica, ideológica) ao Fast Food. Pra chegar a este entendimento é comum necessitarmos de pelo menos alguns minutos para explicar do que se trata. Comer devagar é um entendimento mais fácil, rápido e… equivocado. Mas certamente quem é do movimento há algum tempo já ouviu isso da boca de alguém.
Mais precisamente, em português (e outros idiomas latinos) a expressão se torna equivocada. Isso se dá pois a tradução literal de Slow Food seria ‘comida lenta’ e disso pra comer devagar é um passo. Mas quando pegamos o termo comer lentamente em inglês “eat slowly”, sua principal conotação se perde na tradução.
“Eat slowly” seria também comer de forma slow, comer da forma preconizada pelo movimento Slow Food. E daí abre um leque impressionante do que isso pode significar quando trazemos todo o arcabouço do movimento Slow Food para o ato de comer.
Comer segundo a perspectiva do Slow Food abrange incorporar um entendimento amplo da comida e tudo que a ela está relacionada, um olhar holístico sobre os sistemas alimentares e para as formas de comer.
Uma das definições mais didáticas sobre essa questão é abordada por Michael Pollan, em seu livro “Em defesa da comida”, onde ele diz “‘lento’ no sentido de alimentação deliberada e bem informada promovida pelo movimento Slow Food, (…) dedicado ao princípio de que ‘uma defesa firme de um prazer material calmo é a única forma de se opor à loucura universal da vida rápida.’”, e ainda segue “o movimento Slow Food oferece um protesto consistentemente lógico contra a dieta e os hábitos alimentares ocidentais, e uma alternativa a isso, na verdade a todo o modo de vida ocidental cada vez mais desesperado. O Slow Food visa aumentar a qualidade em detrimento da quantidade e acha que fazer isso depende do cultivo de nosso sentido do paladar, bem como da reconstrução das relações entre produtores e consumidores que a industrialização de nossos alimentos destruiu. (…) Comer lentamente, no sentido do Slow Food, é comer com um conhecimento mais pleno de tudo o que envolve o processo de se tirar o alimento da terra e colocá-lo na mesa.”
Tendo isso em vista, que elementos constituintes da filosofia Slow Food você consegue incorporar e por em prática no seu cotidiano, te aproximando desse “comer lentamente”?
Ligia Meneguello
penso que alcançar esse “comer slow” é um processo longo… a gente que tem vida comum, que trabalha pra pagar as contas, vai se enfiando de pouco, abrindo mão de uma coisinha aqui, fazendo um outro ajuste ali, pq o custo financeiro impacta. e daí, aprendendo onde é que dá pra ir.
dos movimentos que fiz, gosto muito de levar alimentos da nossa sociobiodiversidade, in natura ou processados, pros amigos conhecerem e pra dar de presente.
e vou banindo algumas marcas da vida, à medida que vou conhecendo as atrocidades que praticam.
o mais legal disso é que a galera começa entender que cê gosta de ganhar comida e daí, vc passa a receber ainda mais do que dá. é um ciclo maravilhoso rs
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