Projeto propõe ações de fortalecimento junto a comunidades indígenas cearenses
A confluência entre a Associação Slow Food do Brasil (ASFB), a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, através do Projeto São José, e a agenda de lutas dos povos indígenas no estado do Ceará possibilitará a extensão das ações do projeto “Território e Cultura Alimentar no Ceará”. Entre 2020 e 2022, a atuação ocorreu junto aos Tremembé da Barra do Mundaú e aos Tabajara do Sertão dos Inhamuns. Agora, as ações se estendem a mais cinco povos originários, localizados no Sertão dos Crateús e na Serra da Ibiapaba, com foco na valorização da cultura alimentar e na manutenção dos seus modos de vida.
Sendo o território um espaço de identidade, nele se expressam os bens culturais de um povo, o seu patrimônio material e imaterial. Considerando que a identificação com o território gera pertencimento, o programa de trabalho foi idealizado para fortalecer as relações, principalmente, em torno das referências culturais alimentares, utilizando-se de metodologias participativas que proporcionam conexões e pluralizam os caminhos para a salvaguarda da biodiversidade territorial em consonância com as tradições das comunidades envolvidas.
Entre as atividades de educação patrimonial e de mobilização social, estão previstas a construção do plano de ação para salvaguarda dos bens naturais e da cultura alimentar, o inventário participativo da cultura alimentar e as oficinas de comunicação popular. Ferramentas que potencializam o desenvolvimento da autonomia dos povos originários e atuam no enfrentamento a desafios estruturais, como o acesso à terra e a exposição à insegurança alimentar e nutricional.
Aldeia Rajado
Situada no município de Monsenhor Tabosa, a cerca de trezentos quilômetros da capital, a terra do povo indígena Tabajara de Rajado, que ainda luta pela demarcação, será a primeira a acolher a equipe de campo do projeto. Para viabilizar a execução das etapas presenciais, aconteceram encontros e trocas online com representantes e lideranças do COPOINTARA – Conselho do Povo Indígena Tabajara de Rajado, para alinhamentos e idealização da programação, composta por rodas de conversa, diálogos formativos, apresentações artísticas e, principalmente, o compartilhamento das rotinas de convivência e da socialização através do alimento e seus sabores.
Nos meses de abril e maio, a historiadora Gabriella Pieroni, integrante do Slow Food Brasil Educação, comunidade da rede Slow Food Brasil, facilitará presencialmente os processos de planejamento participativo, formação de inventariantes culturais e plano de ação. Juntamente com ela, estará presente durante a abertura dos trabalhos no Sertão dos Crateús, a Eleniza Tabajara, liderança do povo Tabajara de Quiterianópolis. As comunicadoras Nane Sampaio e Mirela Boullosa, integrantes do GT Comunica da rede Slow Food Brasil, farão a cobertura audiovisual das vivências e também a dinamização da juventude indígena de comunicadoras e comunicadores populares, através de oficinas para produção de conteúdos relacionados à elaboração do inventário cultural e demais pautas de interesse coletivo.
Para marcar o início do encontro no território, está programada uma mística de abertura para recepção dos parceiros e das equipes, e uma roda de confluências entre o povo indígena Tabajara de Rajado, a ASFB e a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA-CE), através do Projeto São José.
As ações do projeto Território e Cultura Alimentar no Ceará são voltadas ao empoderamento comunitário, à valorização da identidade territorial, à salvaguarda da biodiversidade e da cultura alimentar, com previsão de realização entre 2023 e 2025.