Slow Food Brasil e parceiros apoiam o desenvolvimento da piscicultura familiar em Maués

Foto: Efraim Vasconcelos, técnico em recursos pesqueiros, apresenta um tambaqui juvenil crescido em um dos tanques construídos no Ifam, Maués.

Por meio de uma parceria com o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM, Campus Maués, o Slow Food Brasil tem apoiado o desenvolvimento da piscicultura familiar em Maués. Uma interação que começou com o projeto “Empowering Indigenous Youth and their Communities to Defend and Promote their Food Heritage”, desenvolvido em 2018 pelo Slow Food Internacional com apoio do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA na Terra Indígena Andirá Marau do povo Sateré Mawé e o curso técnico integrado de agroecologia do IFAM, campus Maués. Esse trabalho  conquistou, em 2019, uma premiação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na categoria “Educação Inclusiva e de Qualidade” que trouxe recursos que foram investidos na construção de tanques de piscicultura no campus do Instituto Federal em Maués.

Escavação dos tanques e tanque finalizado.

No final de 2020, as escavações foram finalizadas e 4 tanques berçários foram construídos com tamanho de 12 metros de largura por 10 metros de comprimento. A proposta dessa estrutura é garantir o crescimento de pós-larvas de peixes em juvenis, para então serem distribuídos às comunidades atendidas através dos projetos de pesquisa e extensão do IFAM. Os tanques podem comportar cerca de 30.000 alevinos. As pós-larvas são oriundas do Centro de Treinamento, Tecnologia e Produção em Aquicultura (CTTPA) de Balbina, mantido pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Pesca e Aquicultura (Sepa), que integra o Sistema Sepror (ADS, Adaf, Idam, Seapaf), local que possui a tecnologia adequada para esta reprodução, que ainda não existe na região de Maués. Por meio desta estrutura no IFAM, a distribuição de juvenis se tornou mais acessível neste município.

Somado a isso, o Instituto Federal em Maués tem desenvolvido outros projetos que têm contribuído para a difusão de tecnologias sociais para a criação de peixes. Estes projetos são: “Tecnologia social: Sistema multifásico de piscicultura familiar em planícies de inundação da Amazônia” e “Piscicultura de Igapó: Criação Alternativa De Peixes Amazônicos” que recebem, respectivamente, aporte do Programa Prioritário de Bioeconomia da Suframa, coordenado pelo IDESAM, e do próprio IFAM. Destacamos o trabalho com a Associação dos Indígenas Sateré-Mawé da ilha Michiles e do Baixo Marau – Wepainug (nome em Sateré-Mawé desta Associação). Recentemente, o IFAM Maués distribuiu 1.000 indivíduos jovens de tambaqui (Colossoma macropomum) para a criação em tanques escavados, tanques redes e sistemas bifásicos instalados na região do baixo Marau, na TI Andirá-Marau. Aqui há um texto sobre esse trabalho.

Atividade prática com os estudantes do curso técnico de recursos pesqueiros do Ifam, campus Maués.

Esta soma de projetos possui também um caráter pedagógico, pois há relação com o curso de agroecologia para os jovens indígenas, em que alguns estudantes desenvolvem seus trabalhos de conclusão de curso em técnicas de piscicultura. O crescimento populacional na região e a redução de peixes durante o período da cheia do rio justificam a necessidade deste trabalho para fortalecer a segurança alimentar e nutricional da região, assim como, trazer possibilidades de geração de renda entre estes produtores e produtoras.

Introdução de indivíduos juvenis de tambaqui em tanque rede próximo a comunidade Ilha Michiles, na Terra Indígena Andirá Marau.

Para garantir o crescimento adequado destes juvenis de tambaqui é necessário o aporte de ração. Para isso, o professor Paulo Adelino, do Ifam Maués, desenvolveu em seu projeto de doutorado uma ração a baixo custo com produtos regionais e resíduos locais (veja aqui uma matéria sobre esta pesquisa). Com o uso de derivados da mandioca e vísceras de peixe é possível produzir uma ração que atenda a demanda nutricional destes peixes. O modo de fazer esta ração tem sido difundido entre os produtores para que estes tenham autonomia no processo de produção da mesma.

Por fim, esperamos que novos projetos possam fortalecer ainda mais esta cadeia produtiva do pescado em Maués, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional na TI Andirá Marau e de outras comunidades da região.

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