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Aliança defende que povo Yanomami tenha acesso à comida de verdade
Foto de destaque: Preparando a pupunha para festa, aldeia Demini, Terra Indígena Yanomami, Amazonas (Kristian Bengtson, 2003). Texto originalmente publicado no site da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável
Aliança elaborou uma nota de recomendações em defesa do direito humano à alimentação adequada e saudável e, sobretudo, à vida do Povo Yanomami. A carta repudia a omissão do Estado, durante os últimos anos, perante a destruição do território e do modo de vida tradicional do Povo Yanomami, além de defender que ações emergenciais de combate à desnutrição e fome sejam pautadas na saúde, na segurança alimentar e nutricional, no respeito à cultura alimentar deste povo.
As informações recentes apontam que ocorreram mais de 500 mortes prematuras e evitáveis de crianças, principalmente por desnutrição grave, malária, entre outras calamidades – muito disso devido às atividades ilegais de garimpo nos territórios indígenas.
Leia nota completa abaixo:
COMIDA DE VERDADE SEM CONFLITO DE INTERESSES PARA OS YANOMAMI
Nos últimos dias ganharam visibilidade notícias alarmantes que denunciam o genocídio do povo Yanomami. Mais de 500 mortes evitáveis de crianças Yanomamis nos últimos quatro anos. Imagens de crianças, mulheres e homens com desnutrição grave, malária e outras doenças. Contaminação das águas e dos peixes por mercúrio, destruição do território e da reprodução de seu modo de vida tradicional e, consequentemente, da obtenção de alimentos e da manutenção das atividades socioeconômicas, por conta das atividades ilegais de garimpo em terras indígenas demarcadas. Este cenário é claramente o resultado da omissão do Estado na proteção e defesa dos direitos à vida, terra e território, à saúde e à alimentação deste Povo, que tem como consequência a alta taxa de mortalidade, em especial a infantil, os altos índices de doenças relacionadas à má-nutrição, verminoses e um quadro dramático de insegurança alimentar e fome.
Assim como ocorrido ao longo da pandemia de Covid-19, indústrias de alimentos estão se apresentando para colaborar com o enfrentamento do problema, neste caso, por meio de doação de alimentos ultraprocessados que não são condizentes com a cultura alimentar deste Povo e que causam problemas de saúde e acarretam a morte de 57 mil brasileiros por ano,3. Apesar da aparente boa ação, estas iniciativas do setor privado são, na verdade, uma estratégia de publicidade e marketing (“social washing”), que vinculam a ação da empresa e os produtos doados a ideais de engajamento e responsabilidade social. Essa estratégia não colabora para a solução estrutural dos problemas, mas promove a marca e os produtos doados e estimula o seu consumo. É justamente em situações de crise sanitária e calamidade pública que grandes indústrias se beneficiam de estratégias de autopromoção disfarçadas de filantropia que podem custar muito à saúde, aos modos de vida e autonomia dos diferentes grupos da nossa sociedade, violando direitos humanos e os direitos da natureza. Acabar com a fome é urgente, assim como resgatar a dignidade de um Povo e o seu direito de retomar seus modos de vida.
Assim, a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável alerta para a necessidade de que as ações emergenciais de combate à desnutrição e fome sejam pautadas na saúde, na segurança alimentar e nutricional, no respeito à cultura alimentar, aos modos de vida e saberes do Povo Yanomami e, também, na sua proteção contra estratégias de ação política corporativa que promovam marcas e produtos não saudáveis. Acabar com a fome e a desnutrição do Povo Yanomami é uma emergência humanitária e sanitária que deve ser superada com ações coerentes com a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada.
Portanto, defendemos as seguintes medidas:
- Estabelecer normas para que o recebimento e a destinação de doações de alimentos sejam alinhados à Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), à Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), ao Guia Alimentar para a População Brasileira e ao Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos e, também, às práticas alimentares do povo Yanomami, respeitando seus valores e sua cultura alimentar, e considerando protocolos de prevenção e mitigação de conflito de interesses nos processos de doação de alimentos e de tratamento dos casos de desnutrição .
- Privilegiar a compra de gêneros alimentícios da sociobiodiversidade e de base orgânica e agroecológica, priorizando produtores da agricultura familiar local pela sua capacidade de produzir alimentos condizentes com a vocação agrícola e a cultura alimentar local;
- Garantir a implementação de medidas que promovam, protejam e incentivem o aleitamento materno;
- Garantir o acesso do povo Yanomami à água própria para consumo e à segurança hídrica.
Ao envidar esforços para reverter a desassistência à saúde e à segurança alimentar e nutricional, o Governo Federal não pode permitir que os Yanomami sejam ainda mais expostos a risco nutricional e de saúde com o oferecimento de produtos nocivos à saúde. O Direito Humano à Alimentação Adequada compreende erradicar a fome de todos e todas com acesso à alimentação saudável. Essas duas dimensões expressam um compromisso com a justiça social e cidadania. É desta forma que começaremos a pagar nossa dívida com o povo Yanomami.
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A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável é uma coalizão criada em 2016 que reúne organizações da sociedade civil, associações, coletivos, movimentos sociais, entidades profissionais e pessoas físicas que defendem o interesse público para a realização do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), previsto na Constituição Federal.
Para saber mais sobre a Aliança: https://alimentacaosaudavel.org.br/
Aliança defende que povo Yanomami tenha acesso à comida de verdade
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Aliança repudia corte de recursos federais para a promoção da saúde e alimentação saudável em 2023
texto originalmente publicado no site da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável
A Aliança elaborou uma nota de denúncia e repúdio a respeito do corte de recursos federais para promoção da saúde em 2023 como descrito no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado pelo governo de Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional. Clique aqui para acessar a versão diagramada, ou leia abaixo na íntegra:
NOTA EM REPÚDIO AO CORTE DE RECURSOS FEDERAIS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM 2023
A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável vem a público denunciar e repudiar o drástico corte de recursos para 2023 que o governo Bolsonaro pretende impor à área de Promoção da Saúde, que inclui os diferentes programas e ações de alimentação e nutrição, do Ministério da Saúde. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado pelo Ministério da Economia ao Congresso Nacional prevê um corte de 61% do orçamento para 2023 das ações de Promoção da Saúde, Alimentação e Nutrição e Atividade Física, reduzindo o orçamento de R$ 175 milhões solicitados pelo Ministério da Saúde para menos de R$ 68 milhões. E enquanto corta recursos da promoção da saúde, o governo brasileiro segue concedendo benefícios fiscais bilionários para a indústria de refrigerantes na Zona Franca de Manaus, produto associado a doenças que colocam em risco a vida, o bem-estar e a capacidade de trabalho da população brasileira.
Para as ações de alimentação e nutrição, o orçamento previsto destina apenas R$ 25 milhões de reais, um corte drástico dos atuais – e já exíguos – R$ 66 milhões em 2022. Para a devida compreensão sobre a insensatez do corte, o valor mais baixo que o orçamento da área atingiu nos últimos 10 anos foi de R$ 45 milhões em 2011, quase o dobro do previsto para 2023 sem considerar a inflação.
Com este corte de recursos, serão inviabilizados programas como a Estratégia Nacional de Prevenção e Cuidado à Obesidade Infantil – PROTEJA, que repassa recursos para os municípios desenvolverem um pacote de intervenções no âmbito do SUS e em parceria com outros setores (como educação, assistência social, agricultura, esportes, entre outros) para promover ambientes e cidades que possibilitem escolhas de vida mais saudáveis para crianças e famílias brasileiras; além de promover a identificação precoce da obesidade infantil e criar estratégias para melhorar o cuidado a essas crianças. Os valores investidos pelo PROTEJA já são baixos, e o corte orçamentário irá inviabilizá-lo por completo, interrompendo o atendimento a 2 milhões de crianças menores de 10 anos nos 1.320 municípios atendidos. Importante mencionar que o PROTEJA acabou de conquistar um prêmio internacional, recebido pelo próprio Ministro da Saúde, que na ocasião anunciou o valor e o apoio à Estratégia.
Outras ações que serão impactadas com o corte de recursos para Alimentação e Nutrição são a 2a fase do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), que avalia as práticas de aleitamento materno, de consumo alimentar, do estado nutricional, e as deficiências de micronutrientes de crianças menores de cinco anos. Dados fundamentais para definir, reorientar e reavaliar programas existentes de proteção e promoção da saúde das nossas crianças. Também ficam inviabilizadas inúmeras parcerias com universidades e organismos internacionais para implementação do Guia Alimentar para a População Brasileira e para Crianças Menores de Dois Anos, para elaboração de materiais e ações de educação permanente voltadas a profissionais da saúde, e para o monitoramento da redução de sal e açúcar em alimentos industrializados. O apoio financeiro aos municípios de médio e grande porte, existente desde 2006, para ações de Alimentação e Nutrição também estará comprometido.
Outro corte significativo atinge as políticas de promoção da atividade física, um direito social, tema prioritário da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) e no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil (2021-2030), comprovadamente um fator de proteção para doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial e obesidade. O Programa Academia da Saúde (PAS), criado em 2011, será afetado. O Ministério da Saúde custeia mensalmente ações em mais de 1.400 municípios, atendendo uma população de mais de 68 milhões de brasileiros e brasileiras. O atendimento não será mantido com o corte orçamentário previsto no PLOA, dos atuais R$ 51 milhões de reais, para menos de R$ 20 milhões em 2023.
A implementação de políticas de promoção da saúde no âmbito da atenção primária à saúde e para atenção a doenças crônicas não transmissíveis também foram reduzidas de R$ 58 milhões para 22 milhões. Vale dizer que estas enfermidades são um dos principais desafios da saúde no país e no mundo.
Com base nestas informações, que são públicas e estão disponíveis no Painel do Orçamento Federal, a Aliança conclama o Congresso Nacional a não aprovar o PLOA. E denuncia que o projeto de lei enviado pelo governo Bolsonaro irá inviabilizar a promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas no próximo ano, o que terá impactos severos na saúde e condições de vida, já ameaçadas, da nossa população.
Brasil, 29 de setembro de 2022.
Imagem: maopode
Aliança repudia corte de recursos federais para a promoção da saúde e alimentação saudável em 2023
ÓSocioBio apresenta recomendações a presidenciáveis sobre economia sustentável
Organizações socioambientalistas e movimentos sociais do campo, das florestas e das águas, reunidos no Observatório da Economia da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio), em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista, apresentaram, no último dia 22 de junho em audiência da Comissão de Meio Ambiente do Senado, documento com recomendações ao próximo governo eleito.
O objetivo do evento é fortalecer a economia da sociobiodiversidade e estabelecer o desenvolvimento sustentável como eixo do modelo de desenvolvimento brasileiro em alternativa aos modos de produção da monocultura nociva. A construção das recomendações se deu a partir de diretrizes que prezam simultaneamente pela conservação dos ecossistemas, geração de renda, respeito aos modos de vida tradicionais, garantia de direitos territoriais e segurança alimentar das populações.
O ÓSócioBio pretende promover uma economia que se assenta no respeito à vida e na valorização do uso sustentável da biodiversidade, em particular aquelas praticadas por povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas, extrativistas ribeirinhos e agricultores familiares. “A economia da sociobiodiversidade é um dos caminhos para encarar o recrudescimento dos cenários de mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, a insegurança hídrica e alimentar, e o aumento das desigualdades sociais”, afirma o documento.
As recomendações abordam a organização socioprodutiva e a gestão de empreendimentos; o fortalecimento da produção e beneficiamento; a comercialização e o acesso a mercados. O ÓSocioBio chama atenção para a importância da integração dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no Sistema Nacional (SICAR), que não acontece atualmente e que ameaça territórios tradicionais. O coletivo ainda aponta a necessidade de assistência técnica e extensão rural às populações do campo, além do acesso a crédito diferenciado para povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares. Incentivos fiscais, capacitação e pesquisas na área da economia da sociobiodiversidade são reivindicados.
Políticas insuficientes e inadequadas
As organizações e movimentos sociais que compõem o observatório pedem políticas públicas que capacitem as lideranças locais, dêem apoio às comunidades para concorrência em editais de fomento, desburocratizem impostos, garantam participação social e o pagamento por serviços ambientais.
“O que se viu no período recente foi exatamente o oposto. Não apenas cessaram as ações governamentais em prol do atendimento dessa demanda, como os conflitos territoriais se acentuaram demasiadamente. O desenvolvimento da economia da sociobiodiversidade depende crucialmente da garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares”, aponta o observatório.
Estudos sobre a economia da sociobiodiversidade mostram que o mercado de produtos sustentáveis nativos é mais rentável do que o das commodities. Analisando apenas o cultivo do açaí, por exemplo, sua rentabilidade é estimada em aproximadamente US$ 1,5 mil por cada hectare manejado. Em comparação, a soja tem valor mais de sete vezes menor: US$ 200 por hectare. De acordo com resultados da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) divulgados pelo IBGE, só em 2020 o açaí movimentou R$ 694 milhões; a erva-mate, R$ 559 milhões; a castanha-do-pará, R$ 98 milhões; e o pequi, R$ 45 milhões.
Não é novidade na ciência o potencial econômico do meio ambiente conservado. O aproveitamento racional e sustentável da Amazônia, do Cerrado e dos demais biomas brasileiros vale, em sua totalidade, centenas de bilhões de dólares. Os números ainda são subquantificados, já que as cadeias da sociobiodiversidade são, na maioria das vezes, informais e não entram na conta oficial. O investimento em pesquisa, nesse sentido, recomendado aos presidenciáveis pelo ÓSocioBio, é necessário para que o país tenha concretude sobre os valores da sua própria diversidade natural.
A cerimônia de apresentação da carta com as propostas pode ser visualizada no presente link.
Sobre o ÓSocioBio
O Observatório da Economia da Sociobiodiversidade reúne ONGs ambientalistas, movimentos sociais do campo e populações indígenas e tradicionais no Brasil, como ISA, ISPN, WWF-Brasil, Contag, CNS, Memorial Chico Mendes, Articulação Pacari, Associação Slow Food do Brasil e outras (veja lista completa na carta de criação). Lançada no último 1º de junho, a iniciativa ancora-se sobre um tripé que alia Economia, Pessoas e Biodiversidade. O objetivo é influenciar projetos no Congresso Nacional e no Poder Executivo para garantir a sustentabilidade no desenvolvimento econômico e social brasileiro, com valorização dos povos e comunidades tradicionais.
ÓSocioBio apresenta recomendações a presidenciáveis sobre economia sustentável
Lançamento do Observatório da Economia da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio)
Foto: ISPN
No dia 01/06, o Observatório da Economia da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) foi lançado no Congresso Nacional, por meio da parceria de instituições da sociedade civil com a Frente Parlamentar Ambientalista. À frente dessa iniciativa está o Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) e WWF-Brasil, assim como, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e o Memorial Chico Mendes. A reunião de lançamento pode ser conferida no link: e contou com falas importantes do Dione Torquato (CNS), do deputado federal Nilto Tatto (SP) e de colegas de diversas instituições. A carta de apresentação do observatório pode ser acessada A carta de apresentação do observatório pode ser acessada neste link.
O movimento Slow Food, que é membro do observatório, tem acompanhado o debate de formação e o considera estratégico para o desenvolvimento das cadeias de valor que contribuam para o desenvolvimento territorial e a garantia de alimentos bons, limpos e justos para todos. Para o coordenador de parcerias institucionais e mobilização de recursos da Associação Slow Food no Brasil, Pedro Xavier, o ÓSocioBio, “por reunir ONGs socioambientalistas, movimentos sociais e populações tradicionais do Brasil, permite a potencialização das incidências políticas para garantir sustentabilidade no desenvolvimento socioeconômico brasileiro, sobretudo para Povos e Comunidades Tradicionais”.
Recentemente a Associação Slow Food do Brasil estabeleceu uma parceria para o desenvolvimento do projeto Sociobiodiversidade Amazônica com a Agência de Cooperação Técnica da Alemanha (GIZ). Este projeto acontece nos estados do Amazonas, Acre e Pará ao longo de 2022 e 2023 e tem apoio do projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha. Esperamos contribuir para o desenvolvimento de algumas cadeias de valor da sociobiodiversidade inseridas nesse projeto e no desenvolvimento de políticas públicas para a agricultura familiar, em especial da alimentação escolar.
Desta carta destacamos o seguinte trecho que consideramos estratégico para o desenvolvimento da economia da sociobiodiversidade:
“A economia da sociobiodiversidade, em contraste com a narrativa emergente da bioeconomia, tem como cerne a diversidade de seus povos, comunidades e territórios, a valorização dos conhecimentos tradicionais e da biodiversidade, o cuidado com o meio ambiente e os modos de vida. Também o protagonismo de mulheres e o estímulo ao engajamento da juventude distinguem a organização social que dá sustentação às cadeias da sociobiodiversidade e informam sobre o projeto de futuro que elas postulam: o de uma sociedade mais justa e democrática.
A qualificação das cadeias de produtos da sociobiodiversidade, com mais oportunidades de geração de renda, conciliadas à conservação dinâmica da biodiversidade, promove a manutenção de jovens em seus territórios e a preservação de suas próprias culturas. No caso das mulheres, são destacadas as interrelações entre o território, a saúde de seus corpos e de suas comunidades. Sendo assim, a participação e protagonismo de mulheres, tanto quanto a de jovens, nos espaços de tomada de decisão são fundamentais para a formulação de políticas e estratégias de governança, planejamento e gestão dos territórios, do meio ambiente, da produção e dos conhecimentos tradicionais associados. Tais políticas e estratégias devem então garantir a permanência no território, a segurança alimentar, a saúde pessoal e comunitária desses sujeitos, a valorização dos seus modos de vida e de auto organização, ao lado da inclusão socioprodutiva e do estabelecimento de preços justos para os produtos da sociobiodiversidade.”
Lançamento do Observatório da Economia da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio)
Eleições 2022: Conferência Popular de SSAN lança Manifesto pela soberania alimentar e superação da Fome
A Conferência Popular por Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional lança o manifesto pela Soberania Alimentar e Superação da Fome. O documento apresenta um conjunto de propostas voltadas para a produção, o abastecimento e o consumo de comida de verdade livre de agrotóxicos e de transgênicos, agroecológica, produzida pela agricultura familiar, povos indígenas, comunidades tradicionais e por comunidades negras. Clique aqui para baixar o documento na íntegra.
O manifesto tem como foco o conjunto da sociedade brasileira, eleitoras e eleitores, partidos políticos e candidaturas. A atividade de lançamento aconteceu no dia 13 de junho de 2022, de forma virtual, às 18h, e contou com apresentações artísticas, e uma mesa de debate com apresentação do manifesto pela soberania alimentar e superação da fome, com Edgar Moura (Amaral) (APNs) e Mariana Santarelli (FBSSAN), apresentação dos principais dados do Inquérito sobre Insegurança Alimentar, representante da Rede Brasileira de Pesquisadores por Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, debate com a participação de José Antonio Moroni (INESC), “Limites e possibilidades da renda básica” com Fórum Nacional da Economia Solidária ,“ Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e economias transformadoras”, com a Dra. Miriam Balestro da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, e a síntese final, apresentada por Elisabetta Recine. Veja abaixo o lançamento no Youtube.
texto publicado originalmente no blog da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável
Eleições 2022: Conferência Popular de SSAN lança Manifesto pela soberania alimentar e superação da Fome
Agroecologia nas eleições
APRESENTAÇÃO
Aqui você encontra informações sobre a campanha de mobilização Agroecologia nas Eleições 2022, uma iniciativa de incidência política nas candidaturas federais e estaduais deste ano. Uma proposta conduzida pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) para dialogar e mostrar que existe sim um caminho possível para a construção e o fortalecimento das políticas públicas de futuro, com valorização da agricultura familiar camponesa, dos povos e comunidades tradicionais e da agroecologia. A campanha de mobilização busca fortalecer a defesa do meio ambiente e da soberania e segurança alimentar e nutricional, valorizando iniciativas da sociedade civil organizada e dando visibilidade às inúmeras experiências que existem em cada canto deste país.
REPAROU BEM NA IDENTIDADE VISUAL DESSA PROPOSTA?
Pois é! Ela é muito representativa em vários aspectos. Além das cores de nossas lutas, essa imagem traz diversidade geracional, racial, étnica e de gênero. Reafirma a importância da urna eletrônica como instrumento do direito ao voto e da confiança nas instituições democráticas. Apresenta a alimentação adequada e saudável como um elemento fundamental para pensar o futuro e mostra que a democracia é uma conquista da luta popular e, também por isso, precisamos defendê-la sempre.
A planta brotando no título Agroecologia nas Eleições simboliza um universo inteiro de sonhos que queremos construir, sem perder a referência dos caminhos já trilhados, das lutas e das experiências potentes das trajetórias de nosso povo, que são para nós essa energia da semente que brota da terra.
DEMOCRACIA E AGROECOLOGIA PARA UNIR CAMPO E CIDADE
Nós, da Articulação Nacional de Agroecologia, valorizamos e defendemos o processo eleitoral democrático e, por isso, estamos juntas e juntos para pautar as propostas e reivindicações do movimento agroecológico, além de trazer e debater as bandeiras de lutas que acreditamos serem fundamentais para a construção das políticas de futuro.
Agora é a hora! É o momento de promovermos o debate junto às candidaturas com toda diversidade de identidade, potencialidades, cores e lutas de nosso povo!
Nosso voto vale muito e é parte da nossa cidadania! É nosso direito construir e contribuir com a sociedade do jeito que a gente acredita!
CARTA-COMPROMISSO
Esta carta é dirigida às candidatas e aos candidatos aos poderes executivo e legislativo federal e estaduais. Ela apresenta as principais demandas referentes ao reconhecimento e ao fortalecimento da agroecologia pelo Estado brasileiro.
Tais demandas estão organizadas em cinco eixos estruturantes e resultam de convergências políticas consolidadas ao longo dos 20 anos de existência da ANA, sob a inspiração de aprendizados e desafios identificados na construção da agroecologia em todo o país. Entendemos que o apoio público, irrestrito e integral a essas propostas é condição inseparável do compromisso das candidaturas com a plena restauração do Estado Democrático de Direito e com a construção de novos valores para a convivência social e ecológica.
O referido compromisso implica também o reconhecimento da função do Estado no fortalecimento das representações e da expressão pública das organizações e movimentos da sociedade civil na construção da agroecologia.

Ao assinar a Carta-Compromisso, a candidata ou o candidato compromete-se a, caso eleita/o, trabalhar em diálogo com a sociedade civil para tornar efetivas as proposições apresentadas no documento.
Após a impressão e a assinatura, é preciso cadastrar o documento na plataforma agroecologia em Rede (AeR), conforme passo a passo descrito na própria Carta-Compromisso.
Em breve, divulgaremos os levantamentos das políticas públicas, ações e projetos estaduais e federais!
JORNADA DE MOBILIZAÇÃO
Nossa trajetória será intensa, cheia de desafios diante do cenário que vivemos no país, mas também com muita força e inspiração de nosso povo, nossas histórias, nossas utopias e no caminho que queremos construir! Vamos junt@s?
