Histórico! Associação Jovens Agroecologistas Amigos do Cabeço conquista Selo de Inspeção Federal para o mel de abelhas nativas

Primeira unidade de beneficiamento de produtos das abelhas nativas do estado do RN a obter o SIF marca uma conquista histórica para a meliponicultura de base comunitária e para o movimento Slow Food

A Associação Jovens Agroecologistas Amigos do Cabeço (JOCA), formada por criadores e criadoras de abelhas nativas no povoado do Cabeço, município de Jandaíra (RN), conquistou do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), o Selo de Inspeção Federal (SIF nº 7308) para sua unidade de beneficiamento de produtos das abelhas.

A conquista, formalizada neste 12 de outubro, durante a Festa do Boi de Parnamirim, foi celebrada com a entrega oficial do certificado ao meliponicultor Francisco Melo Medeiros, um dos fundadores da JOCA, e para Lorene Kássia, presidente da Associação, pelo superintendente do MAPA no Rio Grande do Norte, Manuel de Freitas Neto, em espaço promovido pelo Sebrae.

Francisco Melo Medeiros, fundador da JOCA, Crédito foto: Frederico Rahal

O reconhecimento representa um marco histórico não apenas para a JOCA, mas para toda a meliponicultura de base comunitária no Brasil, resultado de mais de uma década de mobilização em torno da regularização e valorização dos produtos das abelhas sem ferrão — pilares fundamentais da Fortaleza da Abelha Jandaíra do Mato Grande, que integra a Rede Slow Food.

A trajetória que culmina neste feito remonta a 2010, quando, durante o Terra Madre Brasil, um grupo de meliponicultores — com papel protagonista de Francisco Melo Medeiros — iniciou uma articulação nacional para pressionar o Ministério da Agricultura pelo reconhecimento da importância ambiental, cultural e alimentar da meliponicultura. Na época, a base legal existente privilegiava apenas a apicultura e os produtos da abelha exótica Apis mellifera, deixando à margem os produtores de abelhas nativas.

Daquele encontro histórico nasceu uma moção pela regularização dos produtos das abelhas nativas, posteriormente ratificada no Terra Madre Internacional de 2014, em Turim (Itália), e que deu origem ao Grupo de Trabalho sobre Abelhas Nativas do Slow Food da América Latina, criado para fortalecer a troca entre saberes tradicionais e conhecimento científico e valorizar a cultura alimentar associadas às abelhas nativas.

Leia aqui a moção do Terra Madre de 2014.

O Selo de Inspeção Federal conquistado pela JOCA simboliza, portanto, a consolidação de uma luta coletiva, travada por agricultores, pesquisadores e movimentos que reconhecem na meliponicultura não apenas uma atividade produtiva, mas um modo de vida profundamente ligado à sociobiodiversidade brasileira.

O Slow Food Brasil celebra essa conquista como um passo simbólico de valorização dos alimentos bons, limpos e justos produzidos por quem mantém viva a relação entre cultura, alimento e meio ambiente nos territórios produtivos da América Latina.

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