O uxi (Sendopleura uchi), fruto genuinamente amazônico, é muito apreciado na Amazônia, principalmente pelos moradores das regiões interioranas. Os frutos variam bastante de tamanho, muito em função da maior parte das árvores de uxi ser de origem selvagem, o que faz com que não tenhamos uniformidade nessa característica. Apesar de fazer parte importante da cultura e da identidade dos povos da Amazônia, o uxi raramente é citado em catálogos ou levantamentos de plantas frutíferas tropicais, sendo quase que desconhecido em outras regiões do país.

Possui uma casca fina cor de terra marmorizada, que recobre uma deliciosa polpa de cor amarelada, e de aroma muito agradável. Essa polpa é consumida ao natural, na maior parte dos casos, roída, de caroço oval. É bastante oleosa, fornecendo um óleo de cor amarelo-limão que lembra muito o azeite de oliva em consistência e sabor.

O uxizeiro é uma árvore de grande porte das florestas de terra firme da Amazônia, variando entre 20 e 30 metros de altura. Pode ser consorciada com demais espécies arbóreas e frutíferas em sistemas agroflorestais, tais como piquiazeiro, bacurizeiro e puxurizeiro, também espécies amazônicas. Existem árvores que podem produzir 300 uxis de tamanho maior, e também aquelas que podem produzir até 2.000 frutos menores. O pico de produção fica entre os meses de janeiro a março. 

Por ser uma árvore que busca a luz no dossel da floresta, desenvolve um caule retilíneo, o que acarreta seu corte para uso em marcenarias, sem levar em consideração o potencial alimentar e ecológico do uxizeiro. 
Apesar de ser vendido em feiras livres do interior e das capitais da Amazônia, como Manaus e Belém, a maior parte do uxi, que é coletada diretamente nas florestas de ambientes naturais, não é comercializada. Grande parte da população urbana desconhece sua existência, e uma das explicações se refere ao fato de não ser comercializado e de também não existirem plantios para produção do fruto.

Além do corte dos uxizeiros para uso de sua madeira, a devastação da floresta amazônica, para implementação de monocultivos e outras atividades não condizentes com o ambiente amazônico, ameaça a população natural dessa espécie. Isso faz com que ela corra risco de desaparecer antes mesmo que seu fruto seja mais difundido e apreciado na culinária regional, e até mesmo, nacional. Para se ter uma ideia da situação alarmante, grande parte dos jovens e crianças do meio rural já não o conhece, pois a maior parte dos uxizeiros já foi derrubada. Por isso é de suma importância que sejam realizadas ações no sentido de se resgatar o valor cultural e alimentar do uxi em suas regiões de ocorrência, principalmente com a agricultura familiar da Amazônia. Deve-se incentivar a salvaguarda de sementes e mudas, o plantio do uxizeiro e a valorização da árvore como produtora de um fruto que só pode ser encontrado na Amazônia! Além disso, o beneficiamento da polpa do uxi também pode ser uma ferramenta de fortalecimento desse fruto, além de se dinamizar as formas de seu consumo. Essas são as razões para que o uxi embarque também na Arca do Gosto.

É consumido principalmente ao natural, mas a polpa pode ser utilizada para o preparo de sucos, bolos, doces pastosos, geleias e também sorvetes.

Indicação: Susanne Gerber-Barata
Texto e pesquisa: Carlos Alexandre Demeterco
Revisão: Ligia Meneguello
Produto embarcado pelo projeto

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