Puçá

Arca do Gosto // Fruta fresca, desidratada, castanhas e derivados

puçá-preto, puçá-preta, jabuticaba-do-cerrado, mandapuçá, manapuçá ou munduru // Mouriri pusa da família botânica Melastomataceae. // Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto

O puçá (Mouriri pusa) é uma planta frutífera encontrada, na sua maioria no bioma Cerrado, tendo ocorrência também no bioma Caatinga, abrangendo os estados da Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará e Piauí. Conhecido ainda como puçá-preto, puçá-preta, jabuticaba-do-cerrado, mandapuçá, manapuçá ou munduru, a  planta é uma espécie endêmica e de ocorrência rara, em especial o puçá-preto. 

Especificamente no Piauí, o puçazeiro ocorre nas macrorregiões Meio-Norte (territórios Cocais, Carnaubais e Entre Rios). Nesse estado, as pessoas costumam dizer que o puçá é “uma fruta da infância”, que era encontrada nas incursões “ao mato”, vendidas na beira das estradas ou em feiras livres. No Sudeste, o puçazeiro pode ser encontrado no tabuleiro dos rios Piauí e Itaueiras e na Chapada das Mangabeiras. Já na Bahia, o puçá é encontrado numa região de brejos, transição entre os biomas Caatinga e Cerrado, localizada na região do município de Pilão Arcado, bem próxima ao estado do Piauí.

Foto Revecca Tapie

O puçá é uma espécie ameaçada pela fronteira agrícola estabelecida no Piauí, especialmente na Chapada das Mangabeiras, na região compreendida como MATOPIBA (acrônimo das primeiras letras dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), criada em 2015. Esta é considerada a última fronteira agrícola do país, despontando como grande produtora de grãos e fibras, mas também marcada por conflitos agrários, violações de direitos e perda de biodiversidade, segundo organizações e movimentos sociais do campo. Nos territórios localizados no Meio-Norte do estado, onde o extrativismo vegetal tem destaque na economia local, o puçá é mais comum e menos ameaçado de desaparecimento. No entanto, há uma ameaça de expansão da agropecuária convencional, com o cultivo de grãos e da pecuária bovina.

O puçazeiro pode alcançar até 8 metros de altura. Os frutos são grudados no tronco,  por isso a semelhança com a jabuticaba e o seu codinome, e amadurecem de março a junho. Apresentam de dois a três centímetros de diâmetro, do tipo baga, globosa ou oblonga, com casca fina, contendo até três sementes. Cada fruto pesa entre 18 e 30 gramas. Quando maduro,  pode ter a cor preta ou amarela, com polpa de cor alaranjada, suculenta, sabor doce e agradável. As folhas do puçazeiro são medicinais. Subcoriáceas, possuem entre três e seis centímetros de comprimento, com nervuras laterais quase invisíveis. Suas flores são alvas,  perfumadas, com quatro pétalas, dispostas em agrupamentos ao longo dos ramos lenhosos nas áreas sem folhas e também sobre o tronco principal, formadas entre julho e setembro.

Há duas variedades de puçá: o amarelo e o preto, que é o mais raro. Os frutos atraem aves diversas e as flores, as abelhas. Além disso, a árvore pode ser usada na recuperação de áreas degradadas ou ter uso ornamental. A madeira também pode ser usada para lenha ou carvão. Rico em vitamina C e compostos fenólicos, o puçá é consumido, na sua maioria, in natura, mas também é utilizado para fazer sucos e licores.

Indicação

Júlia do Rêgo Aires e Comunidade dos Brejos Dois Irmãos

Pesquisa

Júlia do Rêgo Aires e Revecca Tapie

Este produto compõe o projeto

Slow Food na defesa da sociobiodiversidade e da cultura alimentar baiana

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