V Festa da Juçara de Ubatuba

Você já ouviu falar no fruto da juçara? Também conhecido como jiçara ou içara, o pequeno fruto roxo da palmeira Euterpe edulis é típico da Mata Atlântica. Nas últimas décadas, a extração desenfreada do palmito, que causa a morte da planta, levou ao surgimento de projetos de conservação da espécie. Em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, a Associação dos Bananicultores do Ubatumirim (ABU) conta com 20 agricultores familiares envolvidos com a revalorização da palmeira. Com o intuito de promover o fruto da juçara e fortalecer seu uso responsável, a ABU organiza a 5ª Festa da Juçara, no Bairro Sertão do Ubatumirim, entre os dias 24 e 26 de maio.

Pela manhã, haverá tour de reconhecimento da palmeira, demonstração da coleta e mergulho no Poço do Cedro. Para crianças, oficinas de estamparia com a polpa e de chocalho com as sementes, além de narração de histórias. Cozinheiros da rede Slow Food Brasil, da comunidade e do entorno ministrarão oficinas de culinária. Na banca da ABU, mix de juçara, sucos naturais, bebidas alcoólicas, pastéis e pratos com mandioca e o fruto da juçara. Na música, fandango caiçara, maracatu, reggae e sertanejo.

O palmito juçara está na Arca do Gosto desde 2007 e fez parte do programa Fortalezas Slow Food. Acompanhe as novidades sobre a festa no Instagram @abu.ubatumirim e no Facebook ABU – Associação dos Bananicultores de Ubatumirim.  

OS FRUTOS DA JUÇARA

De cultivo agroecológico, a juçara é comercializada em nível local e, aos poucos, a ABU vem trabalhando com turismo de base comunitária, convidando grupos para conhecer o modo de produção que coopera com a floresta. “Ano passado, recebemos os alunos da escolinha aqui do bairro. Mostramos a coleta, a despolpa, falamos que é uma fonte de renda local e que é um alimento saudável”, disse Tamie Nezu, uma das produtoras da Associação.

Antes considerado comida de passarinho, o fruto da juçara não era consumido na mesma proporção do “primo” no norte do Brasil. Com a popularização do açaí amazônico no país e com incentivo e ajuda do Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (Ipema), a comunidade começou a trabalhar com o fruto da palmeira, a partir do manejo sustentável.

Atualmente, o fruto da juçara é o forte da comunidade, que se empenha no seu cultivo. Segundo a presidente da ABU, a caiçara Ana Rosa dos Santos Barboza, “O que é tirado da natureza, é devolvido para ela. A cada ano que passa, estamos aumentando a produção de palmeira juçara nas nossas terras”. Para Tamie, a união é fundamental no combate à especulação imobiliária, “Mais importante do que o fruto da juçara se consagrar, é a comunidade tradicional não vender suas terras. A melhor forma de incentivar a não-extração do palmito é ter o mercado do fruto girando”.

Hoje, o principal produto da Associação é o mix, que leva o fruto da juçara, banana, cambuci e inhame, também vendido na praia como açaí da Mata Atlântica. Os produtores ainda encontram barreiras para a comercialização, uma vez que o público está acostumado a comer o açaí amazônico com guaraná e vários complementos industrializados. Porém, a textura e a doçura do produto são muito saborosas, atestando seu potencial gastronômico em preparos doces e salgados.

O chef Fábio Eustáquio, do Nós Gastronomia, aproveita a oferta para abusar da versatilidade do fruto. “O incentivo ao uso da juçara na gastronomia é a chave para a conscientização, pois desperta a importância da conservação da espécie. Temos de valorizar os produtos da região”, diz Fábio.

Serviço:
V Festa da Juçara de Ubatuba
dias 24, 25 e 26 de maio
horário: a partir das 12h
local: rua Reinaldo, s/n, (Km 16 da BR)
Sertão do Ubatumirim, Ubatuba

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