Numa das principais avenidas da maior metrópole brasileira ocorreu a primeira ação de rua de dois coletivos que o Slow Food Brasil integra.
Por conta do dia mundial do consumidor (15/03), organizações da plataforma #ChegaDeAgrotóxicos e da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável (tais como o Slow Food Brasil, IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Campanha Permanene Contra os Agrotóxicos e pela Vida, AAO – Associação da Agricultura Orgânica, Greenpeace Brasil) promoveram atividades para dialogar com a população acerca do direito à informação sobre o que comemos. A proposta foi divulgar duas petições, uma sobre rotulagem nutricional frontal e outra pela Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA).
Atividade na Av. Paulista promovendo o direito à informação sobre o que comemos. Foto: Heloísa Bio
Atualmente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está revisando o modelo de rotulagem nutricional dos alimentos ultraprocessados e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) propõe a adoção do modelo inspirado na experiência chilena de rotulagem. A proposta visa indicar claramente na parte frontal da embalagem destes produtos, um sinal de um triângulo preto num fundo branco, indicando altos teores de sais, açúcares e gorduras, auxiliando o consumidor a fazer as escolhas mais saudáveis. Para tal a Tenda da Rotulagem foi montada, para esclarecer a população sobre o modelo de rotulagem assim como colher assinaturas para a petição.
O dia seguiu com uma roda de conversa, em que foram convidados alguns especialistas para compartilhar suas análises sobre o contexto da alimentação: Alceu Castilho, do observatório jornalístico De Olho nos Ruralistas, trazendo o panorama político, de como os interesses da maior bacada parlamentar (a Frente Parlamentar Agropecuária – popularmente conhecida como bancada ruralista) influi nos rumos da política no país, defendendo interesses de latifundiários em detrimento dos interesses sociais; Maria Laura Louzada, professora de nutrição da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), relacionando os hábitos alimentares e os ultraprocessados com os diversos problemas crônicos de saúde contemporâneos; Andrea Sendoda, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, relatando o contexto e os desafios do programa estadual de Transição Agroecológica; Bel Coelho, chef de cozinha, apontando a importância da biodiversidade alimentar e o papel do cozinheiro; Ana Paula Bortoletto, do Idec, aprofundando a questão da rotulagem nutricional frontal; Carla Bueno, do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, trazendo informações sobre a realidade brasileira sobre os agrotóxicos e explicando o que está em jogo no contexto da plataforma #ChegaDeAgrotóxicos. A roda foi mediada por Glenn Makuta, do Slow Food Brasil, com ponderações sobre a biodiversidade, agrotóxicos e transgênicos. A roda de conversa foi aberta para que a população que participou também pudesse fazer suas considerações.
Glenn Makuta, do Slow Food faz a abertura da roda de conversa que apontou as
problemáticas e algumas soluções possíveis da alimentação. Foto: Valentina Bianco
Ainda sobre a #ChegaDeAgrotóxicos, esta plataforma visa pressionar o Congresso Nacional para a aprovação do Projeto de Lei de iniciativa popular para implementar uma política para reduzir os agrotóxicos no Brasil. Infelizmente o país já está há quase 10 anos como o maior consumidor de agrotóxicos do planeta, com uma regulamentação altamente flexível e cheia de conflitos de interesses. Denuncia também o pacote do veneno, que é um conjunto de Projetos de Lei, proposto por políticos ligados à bancada ruralista e que visa flexibilizar ainda mais a legislação sobre os agrotóxicos, concentrando o poder de aprovação apenas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e tirando o poder de veto de órgão da saúde e do meio ambiente. Além de alterações na nomenclatura como deixar de chamar de agrotóxico para denominar de ‘defensivo fitossanitário’, dentre outros absurdos.
O evento fechou com um #Comidaço agroecológico, metodologia adotada por organizações e muito inspirado na Disco Xepa. Os alimentos foram fornecidos pelo entreposto local da Rede Ecovida e pelo Instituto Chão e preparados pelos cozinheiros Gabriel Zei e Marie-France Henry.
Somente através da ampliação de nossas vozes e com uma luta consistente em diversas frentes conseguiremos sensibilizar as pessoas sobre a situação da alimentação atual e promover mudanças reais nos hábitos alimentares dos indivíduos e também em polítcias públicas que favoreçam a integridade e saúde. Sem a conscientização e união do campo, da cidade e das organizações da sociedade civil não será possível promover a mudança.
Colabore você também participando de nossas atividades e promovendo nossas campanhas!