Engenhos de Farinha de SC como patrimônio cultural na telona do cinema do CIC, Floripa.
Ganhador do Prêmio de Patrimônio Imaterial do Edital Elisabete Anderle de 2015, o documentário Cultura de Engenho: patrimônio e resistência será lançado no Centro Integrado de Cultura de SC no próximo dia 05 na presença de seus protagonistas, agricultores familiares de Florianópolis, Imbituba, Garopaba, Palhoça entre outras comunidades que compõem a Rede Catarinense de Engenhos de Farinha e Fortaleza dos Engenhos de Farinha Slow Food. O evento, promovido pela Rede Catarina Slow Food, Ponto de Cultura Engenhos de Farinha/Cepagro e parceiros tem como objetivo sensibilizar estado e sociedade para a preservação do patrimônio agroalimentar dos Engenhos de Farinha. A atividade começa às 16 horas e vai até às 7h da noite e é gratuita.
Imagens da gravação no Engenho dos Andrade, fotografia Sandra Alves.
Após a exibição do documentário será realizado um debate com lideranças comunitárias dos Engenhos de Farinha, pesquisadores, representantes do IPHAN/SC e o vereador do município de Florinaópolis Marquito que tem histórica defesa dos Engenhos de Farinha e áreas rurais no município de Florianópolis.
O debate será seguido um café agroecológico da Rede Catarina Slow Food. A mesa presta uma homenagem ao legado da cultura alimentar dos Engenhos de Farinha e será servida pelo Convívio Mata Atlântica Slow Food e estudantes de gastronomia do IFSC.
Seu Altair e Dona Aurina, agricultores de Imbituba.
Vários Engenhos de Farinha de SC se tornaram Ponto de Cultura a partir de 2009 numa iniciativa do Centro e Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo ( CEPAGRO) e no âmbito do Programa Cultura Viva. O Ponto de Cultura Engenhos de Farinha realizou uma série de atividades de mobilização social em comunidades da capital, litoral norte, sul e encostas da serra entre os anos de 2009 e 2015 articulando temas como a agroecologia, preservação do patrimônio alimentar, educação e cultura. Atualmente, após receber o Prêmio de Boas Práticas em Salvaguarda do Patrimônio Imaterial/ PNPI 2015 do IPHAN iniciou sua nova fase de trabalho com foco na mobilização para o reconhecimento dos Engenhos de Farinha como Patrimônio Cultural e articulação da Rede Catarinense de Engenhos de Farinha.
Imagens do documentário,pesca da tainha, Imbituba, SC. fotografia Sandra Alves.
No evento será lançada também a campanha #engenhoépatrimônio nas redes sociais. O documentário faz parte desta mobilização que reúne comunidades e atores diversos. O Slow Food Brasil através de sua rede local é importante parceiro da iniciativa.
A Rede Catarina Slow Food se oficializou a partir de ecncontros promovidos pelo Ponto de Cultura Engenhos de Farinha que reuniu os nós locais de Florianópolis, o Convívio Engenhos de Farinha e Mata Atlântica em diversas atividades educativas e culturais a partir de 2008. Ali surgiram as Fortalezas do Butiá e dos Engenhos de Farinha, hoje em processo de fortalecimento. A Rede Catarina Slow Food hoje conta com uma série de outros coletivos no litoral Sul, Serra Catarinense e oeste do estado, sempre na defesa do alimento bom,limpo e justo.
Produtoras de Bijajica de Imbituba, produto catalogado pela Arca do Gosto. Fotografia Sandra Alves.
Os Engenhos de Farinha já foram vistos como memória histórica de um tempo passado cravadas em novas edificações, hoje se multiplicam enquanto espaços de resistência, tradição e saúde. Consideradas por seus fruidores como um patrimônio imaterial e ao mesmo tempo agroalimentar, as práticas neles vivenciadas se reatualizam há mais de dois séculos em SC resistindo às pressões do modelo econômico vigente.
A trajetória histórica dos Engenhos de Farinha de Santa Catarina apresenta momentos de apogeu, a exemplo da segunda metade do século XIX, quando a farinha era exportada, mas também do desencadeamento de um processo de extinção a partir da década de 1970 devido a restrições sofridas com a criação de leis sanitárias e urbanização acelerada da região, com gradativa perda dos valores do ambiente rural, evasão jovem das atividades agrícolas e culinárias, bem como mudanças nos hábitos alimentares.
Atualmente, apesar da existência de um número reduzido de Engenhos em relação ao passado, as práticas e saberes ligadas a seu complexo cultural são ainda muito presentes e se consolidaram como representações da memória e identidade cultural deste território. As famílias que mantêm as atividades nos Engenhos, seja na produção da farinha polvilhada e iguarias de engenho (a exemplo do cuscuz, beiju e Bijajica), seja como espaços histórico, culturais e agroturísticos, ao preservarem seus ofícios e tradições, tornam-se responsáveis também por promoverem soluções socioambientais, melhoria na qualidade de vida e na segurança e soberania alimentar do território.
fotografias Sandra Alves.
SERVIÇO
O quê: lançamento do documentário Cultura de Engenho: patrimônio e resistência + debate + café agroecológico SLOW FOOD
Quando: Quinta-feira, 05 de outubro de 2017
Onde: Centro Integrado de Cultura ( CIC) Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5600. Agronômica.
CONTATO: Gabriella Pieroni 48996389981/ Manuela Braganholo 48999997562/ Sandra Alves 48991538072 – EVENTO GRATUITO
Documentário Cultura de Engenho: patrimônio e resistência
FICHA TÉCNICA
pesquisa | roteiro | entrevistas • gabriella Pieroni
direção | imagem|som | montagem • sandra alves
música | cravo da terra
realização • Vagaluzes filmes
SINOPSE:
“Nós chegamos até aqui foi fazendo farinha e isso é um patrimônio que não devia se acabar!” Fausto Andrade, Santo Antônio de Lisboa SC
“A farinha de mandioca é a única coisa que vai defender a nossa miséria no final do mundo” Luis Farias, presidente da Associação Comunitária Rural de Imbituba.
Florianópolis, 2016, uma produção urbana de mandioca atravessa o asfalto da rodovia até um engenho de farinha enquanto no litoral sul comunidades fazem uso coletivo da terra para produzir alimentos com fim material e simbólico. O que mantém vivas tais práticas? O doc Cultura de Engenho: Patrimônio cultural e resistência retrata a condição patrimonial dos Engenhos de Farinha de Mandioca de Santa Catarina através de seus ilustres protagonistas. São agricultores, artesãos, cozinheiras, comedores que em seus depoimentos mesclam identidade cultural com sabor e sustento. Vamos da roça de mandioca aos sabores da farinha, degustando histórias de vida e resistência e exemplos reais de preservação que colocam o comer e o produzir alimentos como atos políticos e culturais muito atuais.