Seminário Nacional de Comercialização Agricultura Familiar – Slow Food destaca estratégias de aproximação entre demanda e oferta no escopo da agroecologia e da filosofia do movimento Slow Food

Por Sara Almeida Campos e Valentina Bianco 

O Seminário Nacional de Comercialização Agricultura Familiar reuniu representantes do movimento Slow Food, Universidades, organizações nacionais da agroecologia, economia solidária, instituições públicas e setor privado para um diálogo em torno do acesso a alimentos bons, limpos e justos para todos.

Todos .jpg Seminário Nacional de Comercialização Agricultura Familiar – Slow Food

O movimento internacional Slow Food, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD) realizaram no âmbito do projeto “Alimentos Bons, Limpos e Justos: ampliação e qualificação da participação da agricultura familiar brasileira no movimento Slow Food”, entre os dias 21 e 23 de agosto, na sede da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em Brasília, o Seminário Nacional de Comercialização Agricultura Familiar – Slow Food. O encontro proporcionou troca de experiências e desenho de estratégias que visam a ampliação da comercialização dos produtos da agricultura familiar agroecológica com foco nos princípios do alimento bom, limpo e justo defendidos pelo movimento Slow Food.

 

3 vale falando.jpgValentina Bianco fala sobre o Slow Food – Foto: Glauco Shultz

 Entre as organizações convidadas estiveram presentes nomes expressivos como a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Cooperativa Grande Sertão, Cooperativa Sin Fronteras, Central do Cerrado, Central da Caatinga, Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Agência Alemã de Cooperação Internacional – GIZ), Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (FETRAF), Instituto Auá, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST), Programa Semear Internacional (SEMEAR/FIDA), Rede Ecovida, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (UNICOPAS – CONCRAB / UNICAFES / UNISOL).

 O Seminário contou com a participação da rede de Universidades parceiras do Projeto Alimentos Bons, Limpos e Justos, representando as cinco regiões do país – entre elas a UnB, UFPA, UFRGS, UFRJ, UNIVASF e UFSC.

No 2º dia do seminário foi realizada uma mesa redonda mediada pela consultora da SEAD para o Slow Food, Nadiella Monteiro, com o tema O movimento Slow Food como parceiro na demanda de produtos para a agricultura familiar.

 6419a2df-2eb8-4a06-99d1-320997cdb8d6.jpgMesa redonda no Seminário Nacional de Comercialização Agricultura Familiar   Foto: Glauco Schultz

Durante a mesa redonda, a cozinheira Claudia Mattos, integrante da Aliança de Cozinheiros Slow Food, ressaltou a importância do contato direto entre os cozinheiros e as comunidades tradicionais, o papel da ecogastronomia no resgate dos alimentos da biodiversidade brasileira e a necessidade de incentivar a educação do gosto para uma mudança substancial nos modelos alimentares.

“Praticando a ecogastronomia promovemos o contato direto com as comunidades tradicionais, valorizamos sua cozinha e cultura, carregadas de sabor e história. A ecogastronomia vai muito além de executar pedidos de clientes, é trabalhar com paixão e desenvolver o papel de co-produtor”.

Para o agricultor familiar membro da Rede Ecovida, Conselheiro da Associação Slow Food do Brasil, Antonio Augusto Santos, é preciso relacionar a comercialização do alimento com sua própria história e contribuição à cultura alimentar. “Quando o consumidor compra uma farinha artesanal, ele está contando uma história. Nós agricultores não pensamos apenas em vender. Quando o consumidor se alimenta do que produzimos, ele não está alimentando apenas o seu corpo, mas também a alma. Mais que dinheiro, é importante esse reconhecimento”.

A reforma agrária, a luta contra os transgênicos e o questionamento sobre os modelos de produção de alimentos foram pontos abordados por Luis Carrazza, Vice-Presidente da Associação Slow Food do Brasil e representante da Central do Cerrado. “Lidamos com povos tradicionais e comunidades indígenas. Não podemos nos dissociar dos movimentos sociais. É necessário fazer uma convergência de ações que possuem uma grande dimensão. Esse trabalho só será possível se somarmos forças”.

Lucas Pêgo, da diretoria da Abrasel, ressaltou as transformações do comportamento do brasileiro na alimentação fora do lar e o crescente interesse dos comensais pela origem dos alimentos. “Na década de 1980, as famílias brasileiras saíam para celebrar algo em restaurantes de comida internacional. Agora é possível ver uma maior força dos insumos locais por conta do crescimento da demanda. Seria interessante iniciar uma campanha “De onde veio?” A partir do momento em que o consumidor começar a perguntar de onde veio o ingrediente, o restaurante vai responder a essa demanda”.

0c680b6c-1caa-4352-8012-c638034badcf.jpgDinâmica coletiva  – Foto: Glauco Schultz

Os princípios que envolvem a luta por alimentos bons, limpos e justos foram destacados também pelo analista técnico do SEBRAE e especialista em agroecologia, Luiz Carlos Rebelatto. Segundo o profissional, as micro e pequenas empresas poderiam ter acesso a conteúdos sobre a filosofia do movimento na plataforma do SEBRAE. “Nosso objetivo é construir junto com o movimento Slow Food linhas de atuação e buscar sinergias, para potencializar nossa atuação. Devemos fazer com que a interação seja maior do que a soma das partes. A perspectiva é trabalharmos na divulgação e generalização desses conceitos tão fundamentais”.

Entre os elementos de destaque durante o seminário estão a necessidade de valorização das práticas agroecológicas e artesanais, a importância de gerar questionamentos sobre a origem dos alimentos e a aproximação entre os agricultores familiares e as novas gerações de cozinheiros. O fortalecimento do diálogo entre as organizações participantes e a busca de pontos de convergências sobre estratégias de comercialização dos alimentos bons, limpos e justos provenientes da agricultura familiar foram o foco principal do Seminário. Possíveis campanhas, eventos e estratégias de comercialização a médio-longo prazo serão objeto de discussão nos cinco seminários regionais que acontecerão até o fim do ano nas diferentes regiões do país.

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