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Treinamento Slow Food Youth Network

Treinamento Slow Food Youth Network

Bra- Itália

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Há 1 ano e meio sou associada ativa do Slow Food Rio de Janeiro. Em novembro do ano passado recebi com muita surpresa um convite para fazer um treinamento na Itália com a parte jovem do movimento, o Slow Food Yout Network.

No total, foram 29 jovens oriundos de  19 países: EUA, Canadá, México, Brasil, África do Sul, Espanha, Holanda, França, Itália, Alemanha, Áustria, República Tcheca, Bélgica, Suíça, Macedônia, Bulgária, Sérvia, Turquia,Israel, Coréia do Sul.

Só por isso, ter reunidos 19 nacionalidades diferentes já é um grande aprendizado.

No total foram 3 dias intensos de treinamento, com palestras, workshops, tour gastronômico e degustações.

Eu, como estava indo do Brasil, cheguei dois dias antes. E foi ótimo, tive a oportunidade de conhecer um Presidium local, o Valli Unite, cooperativa de produção de salame artesanal. Visitando Valli Unite pude ver, sentir que quando um produtor trabalha com seriedade, orgulho, amor e paixão isso se traduz claramente na qualidade de seu produto. Escrevi um post especial sobre o Valli Unite, foi realmente uma experiência única.

Começamos o treinamento com uma breve apresentação sobre o SFYN, como nasceu, seus objetivos e metas. O movimento jovem é um braço do Slow Food que se comunica e deixa as atividades mais leves incentivando os jovens a se engajarem na causa do alimento bom, limpo e justo. Em breve disponibilizaremos todo esse material em português aqui no site.

Uma atividade bem interessante que fizemos neste dia foi: cada líder levou um produto industrializado que ilustraria sua insatisfação com o sistema de produção alimentar atual. Na minha visão, minha maior insatisfação é existir comida pronta para bebês e alimentos para crianças vinculados com personagens de desenhos animados. Nós, no Brasil não temos uma lei que proteja nossas crianças dos abusos da publicidade. E, realmente é um absurdo uma mãe ou pai que não tenha tempo de cozinhar uma papinha para seu bebê. Dentro disso sugeri o documentário Muito além do peso, que explica isso de forma bem clara e objetiva.

Ainda falamos sobre a Arca do Gosto, Políticas alimentares e cada um relatou o que estava acontecendo nos seus países. Um dos destaques foi a israelense Shir Hapen que conseguiu estabelecer em Tel Aviv um Mercado da Terra. Também os rapazes da França que criaram a Disco Soupe, a turca que conseguiu fazer em Istambul o Fish Film Festival e, o coordenador internacional do SFYN Joris Lohman criador do Food Film Festival em Amsterdã.

 

No final do dia tivemos um lindo jantar com produtos candidatos e/ou que já fazem parte da Arca do Gosto. E claro, foi a melhor parte do dia. Poder provar um pedacinho de cada país é um experiência única. Me encantei com vários produtos, daqui do Brasil levei o mix de pimentas Baniwa, feita pelas índias baniwa no rio Içana e afluentes. Poucos foram os corajosos que provaram, esse mix realmente é incrível e bem forte.

No segundo dia visitamos a UNISG (Universtà di Scienze Gastronomiche) em Polenzo, tivemos palestras de como organizar eventos, arrecadar fundos e como poderíamos desenvolver as campanhas do Slow Food em nível local. Aqui foi bem conflitante, já que a nossa realidade de país em desenvolvimento nos distancia bastante das estratégias adotadas para os países europeus. Aqui nosso trabalho ainda é de base, principalmente base educacional. Temos que saber como funciona nosso local, conhecer a realidade de quem habita o território e adaptar para a nossa realidade. Precisamos encontrar denominadores em comum entre a filosofia Slow Food e a comunidade local. O que dentro do Slow Food tocará, sensibilizará aquelas pessoas? Só depois de descobrirmos esse denominador em comum conseguiremos seguir adiante com as campanhas e projetos.

Ao final do dia, visitamos uma vinícula de produção de Barolo, típico da região do Piemonte. Após a visita e degustação guiada, nós jovens tivemos um maravilhoso jantar com o presidente e fundador Carlo Petrini. Foi um momento inspirador. É sempre bom poder ter contato com pessoas que começaram a caminhada antes que nós, a troca de experiência é sempre gratificante. No Rio, nós jovens temos a felicidade de ter uma líder de 74 anos com uma bagagem incrível e que está sempre disposta a nos guiar quando precisamos.

No último dia fizemos um Food Tour por Bra, que foi organizado pelo alunos do convivium da UNISG (Universtà di Scienze Gastronomiche).

Visitamos a produção da grana padano e parmeggiano regiano, a produção de uma padaria tradicional, a produção da salsicha crua de Bra e a chocolateria artesanal e suas deliciosas cervejas.

Em todos os lugares um fator em comum: orgulho e amor ao que se faz. Esses sentimentos se traduzem na busca pela excelência e num produto final incrivelmente saboroso.

É chocante perceber como a industrialização alimentar embota nossos sentidos diminuindo nossa percepção do sabor e, consequentemente alterando nosso prazer ao comer.

A noite finalizamos com um grande Eat-In, evento de origem no Slow Food Youth onde a idéia é comer localmente e tradicionalmente. Todos os convidados levam um prato feito em casa com ingredientes locais e/ou oriundo de uma receita de família. Uma grande mesa é montada e os pratos vão circulando para todos.

Tudo isso, essa experiência me mostrou o quanto de trabalho ainda temos pela frente. O quanto nosso país é incrível e como temos potencial, principalmente em termos de sócio-biodiversidade, somos muito ricos. Só precisamos descolonizar nosso pensamento, começar a olhar para nós mesmos com todos os nossos defeitos, aceitar nosso povo, nossa tradição e valorizá-la. Acho que já passou o tempo de achar que só queijo francês e vinho italiano são bons. E não precisamos fazer igual, temos que fazer o nosso, ser original e trabalhar com o que temos localmente. Só depois dessa mudança de paradigma é que teremos o alimento bom, limpo e justo para todos. E, enquanto isso vamos trabalhando para espalhar esses novos conceitos tão urgentes.

Próxima parada, Slow Camp no Uruguai. Importante momento de trocar experiências com nossos irmãos latino-americanos. A união faz a força e ela tem que começar aqui, no nosso continente!

Em breve mais notícias!

 

Para ver mais fotos do treinamento acesse as páginas no facebook:

Slow Food Youh Network

Slow Food Youth Network Brasil

UniSG

 

Carolina Sá

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