Documentário ‘The End of The Line’, do jornalista e escritor inglês Charles Clover, foi um dos pontos altos do encontro do Slow Fish
A exibição do documentário The End of The Line, do jornalista e escritor inglês Charles Clover, foi um dos pontos altos do encontro do Slow Fish. Editor de Ambiente do jornal inglês The Daily Telegraph por duas décadas, nos anos 90 Clover começou a investigar o impacto da pesca industrial. O trabalho deu origem ao livro The End of the Line (Ebury Press, 2004), que há dois anos virou filme.
O documentário levanta questões sobrepondo informações alarmantes e o retrato de enormes navios de pesca às belas imagens de cardumes no azul profundo. Fornece provas e números do colapso da vida marinha.
"A ideia não é forçar as pessoas a parar de comer peixe, ao contrário, é exigir um controle para a pesca desenfreada que está acabando com espécies", disse Clover ao Paladar, pouco antes de participar do lançamento italiano do filme no Slow Fish.
Criador também do site www.fish2fork.com – que aponta restaurantes ingleses que servem peixes sustentáveis e os que estão na contramão e avalia os lugares com "espinhas vermelhas" -, Clover alerta para o desperdício que envolve a pesca: metade do que se pesca no Atlântico Norte é jogado de volta ao mar, sem vida. Em números: 1.3 milhão de tonelada de peixes.
O documentarista compara o consumo de atum bluefin, ameaçado de extinção, a um hipotético sushi feito com carne de urso panda. E aponta o dedo para chefs-celebridades que continuam oferecendo espécies ameaçadas, caso de Nobu, classificado com a cotação máxima de 5 espinhas vermelhas.
"Precisamos de mais chefs como o inglês Hugh Fearnley-Whittingstall, que comanda a campanha Fish Fight, contra o desperdício e a favor da nova legislação para a pesca", diz. Fearnley-Whittingstall conta que começou a campanha depois de ver The End of the Line.
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Texto de Cíntia Bertolino publicado no Paladar, caderno do jornal Estado de São Paulo em 8/6/2011