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Direto da Roça

Qual è o sonho de um pequeno agricultor? Ter o direito de trabalhar a sua própria terra, ver crescer os frutos do seu trabalho, poder vender com justo preço os alimentos da própria horta.

Com este pensamento nasceu a feirinha dos pequenos produtores de Batatais, graças a sinergia entre o ITESP (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo – http://www.itesp.sp.gov.br/), a Prefeitura de Batatais, através do incansável esforço da vereadora Marilda Covas, o Sindicato Rural de Batatais e os agricultores batataenses que acreditaram neste projeto.


O Convivium Campo Lindo Batatais teve a possibilidade de se envolver nesse projeto participando aos domingos com degustações de sucos naturais e de deliciosas fritadella de cenoura (receita gentilmente cedida pela chef Juliana do Convivium Cerrado). Além de oferecer uma alimentação saudável, a idéia é promover a venda dos produtos dos pequenos agricultores.

A vereadora Marilda Covas nos explica as principais etapas do árduo caminho percorrido para a realização da feirinha Direto da Roça.

– Marilda, quando e como nasceu a idéia da Feirinha?

– Eu sempre tive o sonho de realizar uma feira de pequenos produtores e agricultores aqui em Batatais, e quando encontrei Ovanir Vinicio Renesto do ITESP o sonho se transformou em realidade.  Não posso esquecer também o imprescindível apoio do Junior do Sindicato Rural de Batatais e da amiga engenheira zootécnica Andréia.

Foi um trabalho de formiguinhas. Mapeamos o território, visitando, discutindo, envolvendo os pequenos produtores do município. Vale a pena lembrar que a maioria deles não eram os donos das terras em que trabalhavam. Conseguimos reuni-los e iniciamos as reuniões, o ITESP forneceu as primeiras barracas, o Sindicato Rural promoveu vários cursos de formação rural, a Prefeitura deu seu apoio em vários assuntos.

Foi assim que a Feirinha começou em 2003, com 25 barracas e 20 pequenos produtores.

– Da Feirinha ao Assentamento: pode nos esclarecer como os produtores conseguiram a terra na área da ex-Febem?

– Não foi um processo simples, foi um esforço coletivo. Pessoalmente conhecia muito bem os espaços da FEBEM por ter trabalhado lá como diretora administrativa por doze anos. Eu sabia quanto aquele espaço era ideal para um assentamento. Falavam que estávamos vendendo ilusões. Claro que precisávamos lutar e com a Prefeitura, o Itesp e a perseverança dos agricultores, conseguimos realizar o nosso sonho.

Todavia, é preciso resolver muitas dificuldades como a implantação da rede de água e de energia elétrica, mas estamos trilhando o caminho.

Gostaria de lembrar que sem o projeto da feirinha não teríamos alcançado o nosso grande objetivo: o assentamento. A feira foi fundamental nesse processo.

Por isso dói muito quando vejo que ainda faltou consciência em alguns dos produtores que decidiram não participar da feirinha. O mínimo que eles tinham que fazer era disponibilizar uma parte da produção e ir ao domingo na feira vender para a coletividade.

– Desde o inicio, os feirantes diminuíram?

Infelizmente sim. Alguns preferiram vender para os grandes distribuidores, outros se desanimaram a por causa das dificuldades das infra-estruturas.

– A feirinha é formada por produtores diretos, mas também por comerciantes. Qual è a linha de principio? Quem pode participar da feira?

A minha linha de principio era aquela de ter somente produtores diretos, e ainda è! Dando muito valor à relação qualidade/preço.

No entanto, foram tomadas algumas decisões que permitem a participação de outros tipos de feirantes para não diminuir demais o numero de integrantes.

– Como a Feirinha pode se sustentar e crescer mais? Existe alguma iniciativa a respeito?

Recentemente, os produtores compraram, graças ao empréstimo do Banco do Brasil, novas e confortáveis barracas para melhor atender os clientes. Queremos manter a nossa feirinha do domingo no bairro Pupin, e dar vida a Feira do Luar, durante a semana, em um bairro com baixo poder aquisitivo.

– O Convivium Slow Food Campo Lindo Batatais acredita na ligação direta entre produtores e consumidores (que nós chamamos de co-produtores). Então, de que maneira o Convivium pode estimular o crescimento da feira?

Eu acho que as degustações que vocês estão fazendo são muito interessantes. Seria importante que os feirantes continuassem a fornecer a matéria prima para vocês criarem receitas saudáveis.

Na verdade, o Convivium está ajudando na divulgação e na venda dos produtos.

Precisamos lembrar que uma das maiores dificuldades da feirinha é lutar contra o comodismo das pessoas que preferem fazer compras no mesmo lugar: o supermercado.

Então, as atividades do Convivium são importantíssimas para nos ajudar e sensibilizar a um consumo consciente. Comprar direto dos produtores significa ajudar uma família a se sustentar.

Para festejar o Terra Madre Day, alguns pequenos produtores da feirinha Direto da Roça participarão do evento Batatais Chama Ischia, juntamente com os alunos do projeto Horta e Culinária, com os amigos da APAE. Nesse dia, haverá o encontro virtual com as crianças italianas do Convivium Ischia Procida para compartilhar os ideais e os valores do Terra Madre.feirantes.jpgbarracas_novas.jpgcampo_lindo_na_feira.jpg

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