Mil gastrônomos no mundo – Descobrindo a Universidade de Pollenzo

Na Universidade de Pollenzo culturas diferentes se encontram e é onde nascem os novos gastrônomos.

Visto do alto, da cidadezinha vizinha de Bra, o vilarejo piemontês de Pollenzo parece adormecido na neblina que envolve os vinhedos da região de Langhe e do Roero. Mas a realidade é outra: há alguns anos, nas proximidades das ruínas romanas da antiga Pollentia, ressoam sotaques diferentes e se cruzam, nas ruelas, centenas de estudantes vindos do mundo inteiro para estudar na Universidade de Ciências Gastronômicas

“Na Universidade mergulhei imediatamente num intercâmbio contínuo e intenso com culturas distintas”, lembra David Prior, australiano, 28 anos, que hoje é responsável pela comunicação do restaurante Chez Panisse, na Califórnia, e escreve para diversos órgãos de imprensa, entre os quais, a Vogue Living. 

“Em Pollenzo me deparei com uma comunidade multicultural animadíssima” responde Kunal Chandra, 24 anos, que depois de se formar em Gestão hoteleira na Índia, está terminando o Mestrado na Universidade de Pollenzo. “As conversas com alunos e professores se multiplicam também fora das salas de aula… sobretudo à mesa!”. 

Única em seu gênero, a Universidade de Pollenzo visa dar dignidade acadêmica ao alimento através de uma abordagem inovadora, multidisciplinar, criando a nova figura profissional do gastrônomo, capaz de trabalhar na seleção, distribuição, promoção e comunicação do setor agroalimentar de qualidade. 

As aulas são dadas em italiano e inglês nas salas de uma ex-mansão real do século XIX, hoje tombada como Patrimônio Mundial pela Unesco. Os alunos podem escolher entre um curso de três anos em Ciências Gastronômicas, um curso de “Laurea magistrale” em Promoção e Gestão do Patrimônio Gastronômico e Turístico e o Mestrado anual “post-lauream” em Food Culture and Communications, que se divide em três especializações (Human Ecology and SustainabilityFood, Place and Identity e Media, Representations and High Quality Food). 

O ponto forte dos cursos é a série de viagens didáticas pelos cinco continentes, permitindo que os alunos conheçam de perto os processos tradicionais e industriais de produção e processamento dos alimentos. Durante o curso trienal, por exemplo, os jovens analisam as cadeias de produção de alguns alimentos (queijos, embutidos, azeite, cerveja…), focalizando as peculiaridades da região para descobrir a excelência gastronômica. 

“As viagens didáticas foram, para mim, momentos altamente formativos” – declara Daniela Adamo, 26 anos, que há três anos trabalha em Milão como responsável pelo setor Food and beverage dos restaurantes do grupo La Rinascente da Piazza Duomo. “Foi graças a esse contato direto com várias realidades de produção que hoje, em meu trabalho, consigo explicar e promover da melhor forma as excelências italianas e estrangeiras.” 

O novo ano letivo 2011/2012 teve início no dia 27 de janeiro, com a presença do Comissário Europeu da Agricultura e Desenvolvimento Rural Dacian Cioloş, do Reitor Piercarlo Grimaldi e do Presidente internacional do Slow Food Carlo Petrini

De 2004 até hoje, mais de 1000 alunos freqüentaram a universidade, vindos de mais de 60 países, da Bolívia à Austrália, do Gabão à Coréia. Mais da metade dos alunos encontra emprego nos primeiros dois meses depois de se formar. Dacian Cioloş declarou: “Fico impressionado com o número cada vez maior de jovens que quer estudar na Universidade de Ciências Gastronômicas e que, em pouco tempo, encontra um emprego. Isto demonstra que o projeto do centro de formação, e de modo geral do Slow Food, corresponde às expectativas da sociedade. Num mundo cada vez mais urbanizado, precisamos manter um vínculo com a terra e preservar a nossa ligação com os alimentos. A Política Agrícola Comum desempenha um papel importantíssimo, mas é fundamental que haja também iniciativas como esta, que permitem fortalecer a relação entre agronomia e gastronomia”. 

Depois dos estudos em Pollenzo, alguns alunos se tornam especialistas em comunicação ou jornalistas, outros se dedicam ao marketing de produtos de excelência, outros decidem colaborar com institutos de defesa dos produtos, empresas do setor agroalimentar ou órgãos de turismo. “Graças à Universidade, entrei em contato com uma rede mundial” – acrescenta a austríaca Vanessa Gürtler, 29 anos – “mas resolvi trabalhar por conta própria, dedicando-me à produção da vodca de forma tradicional: com água de nascente e farro orgânico: é inacreditável, mas hoje, na Áustria, todos falam das minhas garrafas!” 

A Universidade de Ciências Gastronômicas nasceu em 2004 por iniciativa da associação internacional Slow Food, com a colaboração das regiões Piemonte e Emilia-Romagna, e conta com o reconhecimento jurídico do governo italiano. 

Para os alunos mais motivados e meritórios, são oferecidas, todo ano, bolsas de estudo, num valor total de aproximadamente 600.000 euros. 

Para maiores informações, entre em contato com a sede e, se quiser, inscreva-se para uma das próximas Jornadas Abertas para conhecer a universidade e encontrar professores e alunos. 

Saiba mais: www.unisg.it

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