Aliança de Cozinheiros SP Brasil

Primeiro Encontro da Aliança de Cozinheiros Slow Food Brasil

Aliança de Cozinheiros SP Brasil
por Ellen Gallego – Slow Food São Paulo

O primeiro encontro da Aliança de Cozinheiros Slow Food Brasil aconteceu no dia 28 de janeiro deste ano, no Espaço ZYM e contou com a presença de 12 membros da rede. Foi um grande momento de apresentações e troca de informações entre os participantes que puderam conhecer um pouco mais sobre o projeto e a sua relação com  iniciativas pessoais. Claudia Mattos, líder do convívio São Paulo e coordenadora desse primeiro encontro, propôs a construção da Aliança de Cozinheiros de  forma linear e participativa e explicou a estratégia inicial através dos principais objetivos do projeto, que são:

• Estimular o início e o fortalecimento de relações diretas (de trabalho, colaboração, amizade, solidariedade) entre cozinheiros e produtores; 

• Valorizar os produtores das Fortalezas, da Arca do Gosto e das pequenas produções locais “boas, limpas e justas”, protegendo a biodiversidade agroalimentar em risco de extinção;

• Divulgar a realidade dos pequenos agricultores e produtores artesanais e os seus conhecimentos; 

• Promover a associação ao Slow Food, desenvolver e fortalecer a rede nas comunidades locais, aproximando produtores, cozinheiros e donos de restaurantes dos valores do Slow Food; 

• Valorizar as tradições gastronômicas locais e os conhecimentos artesanais; 

• Conscientizar sobre a necessidade de fazer escolhas de consumo sustentáveis; 

• Traduzir concretamente (nas escolhas cotidianas) as campanhas internacionais do Slow Food (Slow Fish, campanhas contra o desperdício de alimentos, contra os transgênicos, em favor da biodiversidade, em defesa dos queijos de leite cru, das paisagens agrícolas, etc.) 

• Apoiar concretamente, através de arrecadação de fundos, os projetos Slow Food em defesa da biodiversidade e as atividades da rede Terra Madre; 

Para Maria Conceição, o manifesto da Aliança de Cozinheiros servirá como um instrumento de conscientização. “Os manifestos são pensados não para radicalmente modificar e ditar as práticas, mas no nosso caso espero que ele venha para fazer repensar a nossa relação com quem produz os alimentos e quem cozinha com respeito os ingredientes. Nós, os cozinheiros e pesquisadores de alimentos, em extinção”, afirmou. 

O evento foi marcado também por um forte sentimento de identificação entre os cozinheiros. “É possível comer bem, ser feliz e acima de tudo é possível compartilhar com iguais nossas dificuldades, nossos desafios e nossas paixões. Obrigada a tantos cozinheiros tão talentosos pelo compartilhar generoso em tão luminosa noite” disse Eleonora Sartori. 

Como fazer para participar da Aliança de Cozinheiros?

Basta preencher a ficha de adesão e enviá-la para o email [email protected]
O próximo encontro ficou marcado para o dia 24 de fevereiro.
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Entrevista com Cláudia Mattos

1- Pode dizer-nos como é que tudo começou?

Claudia Mattos

No Brasil estamos neste momento começando este projeto da Aliança dos Cozinheiros, porém o inicio desta jornada foi  bem anterior. Com a vontade de cozinhar, ensinar a fazer pratos saudáveis e falar sobre esta paixão que é a cozinha , estes sentimentos tomaram conta da minha vida , aproximar e aprender com pequeno produtor , conhecer ou reconhecer ingredientes verdadeiramente nossos, Brasileiros.

Em 2008 conheci o Slow Food e tudo que era uma simples paixão virou um grande amor , com os compartilhamentos dentro do convívio trouxeram muitos novos amigos ,  a aproximação e valorização de produtores, os muitos aprendizados vindos do SF na Italia, o trabalho e as trocas de conhecimentos  que desenvolvemos dentro de grupo de estudo do SF o GT de Educação , a reverencia ao planeta vivenciada em alguns eventos do Terra Madre, no Brasil e na Italia, a aplicação prática destes apontamentos , Bons Limpos e Justos, no dia a dia com o restaurante, com as aulas , tudo isso tem cada vez me completado como cozinheira e como pessoa. 

E como diz lindamente Mia Couto: “Cozinhar não é serviço. Cozinhar é um modo de amar.” ( O Fio das Missangas).

2. O que significa para você saber quem abastece a matéria-prima?

Saber de onde vem , quem participa da produção, como é feita esta produção, são ingredientes fundamentais de uma cozinha de qualidade e confiança.

Sentir o frescor destes alimentos, me faz mais próxima da Terra e esta experiência chega a aquele que come, desperta seus sentidos e estimula um comer cada vez mais consciente.

3. Você conhecia esses produtos antes? Se não quem propôs para você/como entrou em contato com eles?

Tinha contato com alguns ingredientes anteriormente, pois sempre fui curiosa, mas quando o SF me apresentou a real importância da biodiversidade, do uso e disseminação consciente destes produtos é que o ciclo se fechou, o caminho da terra a mesa se tornou essencial.

4. Teve que inventar novos pratos para poder usar esses produtos (falamos de “criar”)? Se sim, com que resultado? O que você sente quando você cria e mais com esses produtos? Melhorou a qualidade de seus pratos?

Inventar pratos, este é meu dia a dia, conhecer profundamente o ingrediente, sua historia, seus sabores, texturas e “brincar” na cozinha, valorizando o que já é uma davida fornecida pela terra.

“Namorar “um novo ingrediente é sempre um desafio, quanto mais observo, com paciência e cuidado mais resultados harmônicos eu consigo, mais esta poesia pode ser degustada.

Me sinto em perfeita sintonia com algo que vai além do mundo da cozinha, expande para uma conexão com este Planeta. 

Além de conquistar a dignidade dentro da cozinha, a qualidade é reconhecida pelos convidados para desfrutar de uma boa comida. 

5. Alguns pensam que o Chef pode ser definido como um “co-produtor”…

Uma vez que me dou conta que não faço meu dever de casa, que seria plantar, recorro a parceiros que o fazem, nasce em mim uma profunda reverencia por aquele que produz, assim como, já não cozinho com o que eu quero e sim com o que a Terra quer me dar. 

Todos estes elementos trazem para a cozinha uma enorme liberdade. 

6. O que quer dizer trabalhar em grupo como cozinheiros? Que potencial tem um cozinheiro/Chef em rede (dentro duma rede)?

Um grupo de cozinheiros com visões diferentes, experiências distintas, com suas singularidades, unidos com a mesma essência, trazem enormes vantagens para si, tornando o seguimento melhor.

É mais fácil buscar saídas diferentes para as dificuldades encontradas e garantir não somente o aperfeiçoamento dos resultados, mas também a realização pessoal gerando a  melhoria e o aprendizado de todos os cozinheiros presentes nesta aliança.

Com a comunhão dos membros, todo o projeto ganha vitalidade e agilidade. Por isso, vale a pena reunir os esforços para garantir que todos estejam bem unidos e em harmonia.

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