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11 DE SETEMBRO – DIA NACIONAL DO CERRADO

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Panorama Ambiental do Cerrado no Oeste Baiano

 O Oeste da Bahia, região compreendida entre os municípios de Formosa do Rio Preto, ao norte na divisa com o estado do Piauí, e Cocos, ao sul na divisa com o estado de Goiás, representa uma importante fronteira agrícola do País. Considerando as formações de Cerrado e transição com outros ecossistemas a região ocupa aproximadamente 9,6 milhões de hectares, sendo que a área destinada ao desenvolvimento da agropecuária corresponde atualmente a mais de 2 milhões de hectares. Soja e algodão são os dois principais produtos agrícolas, sendo que somente no período de 1998 a 2003 houve um aumento em 56% da produção de algodão na região. De acordo com dados do IBGE, no Oeste baiano estão concentrados 92% de toda a produção de grãos e alguns estudos¹ estimam que a região possui um grande potencial para expansão, especialmente quando se considera a extensão de áreas disponíveis e as boas condições de clima e solo.

 Sob o ponto de vista da biodiversidade, o Oeste da Bahia é também uma importante região para a conservação do Cerrado, pois há uma boa concentração de remanescentes de vegetação nativa, condição essa somente superada pelos cerrados do sul do Piauí e Maranhão. Estimativas realizadas com o uso de imagens de satélite indicam que a cobertura vegetal nativa ainda supera os 60% da área original (CI-Brasil, dados não publicados). Boa parte da ocupação agropecuária está concentrada no extremo oeste da região, mas os avanços sobre áreas nativas ocorrem de maneira bastante rápida.

 De acordo um estudo elaborado pela Embrapa Monitoramento por Satélite², em 1985 a agropecuária ocupava uma área de 631.175 hectares e já em 2000 ocupava 1.605.762 hectares, valores que indicam que ao longo de 15 anos houve uma redução média de 65.000 anuais para a região.

 Estimativas iniciais da CI-Brasil sugerem que entre os anos de 2000 e 2006 houve uma remoção de aproximadamente 334.000 hectares. Esse valor indica uma média anual de 66.000 hectares de desmatamentos ou uma taxa de remoção de pelo menos 0,7% ao ano, dados que corroboram aqueles apontados por Batistella (op. cit.). Essa taxa de desmatamento é inferior à média do Cerrado, calculada em 1,1% ao ano³ e também inferior à média da região, calculada em 1% anuais pelo estudo de Batistella (op. cit.).

 A área desmatada no Oeste da Bahia até o começo de 2006 já alcançava 2.065.659 hectares, valor que representa aproximadamente 22% da região do Cerrado do Oeste baiano. À primeira vista esse percentual poderia sugerir que ainda há muito espaço para a expansão do agronegócio na região, mas o aspecto mais preocupante é que não existe uma política de conservação que dê sustentabilidade a políticas de desenvolvimento. Em outras palavras, o desenvolvimento econômico planejado para a região não está sendo acompanhado por uma política de conservação da biodiversidade.

 A proteção dos ecossistemas nativos e de espécies de interesse para a conservação, como as espécies ameaçadas de extinção e espécies endêmicas, não tem sido adequadamente realizada na região. Somente 16,28% dos cerrados do Oeste da Bahia estão protegidos por algum tipo de unidade de conservação. As unidades de conservação de proteção integral que asseguram de maneira mais efetiva a proteção da biodiversidade representam apenas 0,38% da região. Apenas duas unidades de conservação de proteção integral foram criadas especificamente para proteger espécies e ecossistemas da região: o Refúgio de Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano com aproximadamente 128.000 e a Estação Ecológica Estadual do Rio Preto, com cerca de 4.500 hectares.

 Com a falta de reservas dedicadas à manutenção da biodiversidade regional, espécies como o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus – espécie criticamente ameaçada de extinção) a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus – espécie ameaçada-vulnerável), ou mesmo as áreas de chapadas, tão pressionadas pela expansão do agronegócio, poderão desaparecer antes mesmo de serem estudadas e caracterizadas sob o ponto de vista da biodiversidade. A ocorrência de tais espécies é ainda bastante desconhecida pela ciência, pois pouquíssimas localidades foram inventariadas na região. Registros confirmados de espécies ameaçadas existem tão somente para três localidades no Oeste baiano. Mesmo para outros grupos faunísticos os inventários biológicos são bastante raros, conforme demonstra a compilação realizada durante os preparativos para o Zoneamento Ecológico Econômico do estado da Bahia.

Texto: Daniel Melo Barreto Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Oeste da Bahia - BIOESTE
Imagem: Carol Sá
Cerrado - Chapada dos Veadeiros

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