Salone del Gusto – Alimentação que pode mudar o mundo

Evento reune centenas de especialistas para debater o futuro da produção de alimentos no mundo todo

Aconteceu em Turin, Itália, de 25 à 29 de outubro o Salone del Gusto, evento que reuniu conferências, exposições, workshops e palestras, com o objetivo de discutir sobre a produção e a qualidade dos alimentos oferecidos, em meio às dificuldades econômicas e ambientais enfrentadas hoje.

Com o slogan “Alimentos que mudam o mundo”, o evento mostrou como mudar o paradigma que rege este mundo em crise, utilizando-se os alimentos como plano de fundo. Foi exposto ações que podem ser feitas para mudar a nossa saúde, o meio ambiente e o sistema de produção, sem abrir mão dos prazeres da comida, buscando uma nova forma de pensar.

 

Este ano o Salone del Gusto juntou-se ao projeto Terra Madre, que faz conferências desde 2004 através do conceito Slow Food, dando importância à degustação de uma boa comida, mas sem deixar de lado o cuidado ao meio ambiente. Slow Food tem por objetivo a defesa das pequenas produções agrícolas, transformando as políticas que as colocam em perigo, trabalhando junto de consumidores, instituições de ensino, chefs, entidades de pesquisas agrícolas, ONGs, etc.

Salone del Gusto e Terra Madre 2012 representou a definição de um momento para milhares de pessoas que vieram à Turin para discutir o futuro da alimentação,” disse o presidente da Slow Food, Carlo Petrini. “Nossas escolhas diárias determinam o futuro do meio ambiente, da economia e da sociedade. Esta conferência é crucial, onde nós juntamos nossas vozes e nos tornamos ativos em solucionar o problema que está afetando a Terra e a comunidade global.”

É o primeiro ano em que o público em geral pôde participar do evento que teve o intuito de discutir o futuro do planeta e da importância de nossas escolhas diárias. Outra inovação deste ano foi a “Cozinha Terra Madre”, onde chefs do mundo todo cozinharam as especialidades dos seus países, levando aos convidados sabores inusitados.

No salão foi mostrada uma grande diversidade de comidas, além de pequenos produtores que seguem os princípios de produção limpa e honesta com o meio ambiente.

Inclusive produtores brasileiros de queijo foram expor seus produtos, juntamente com os de Burkina Faso e da África do Sul. Reunidos, deram palestra sobre os problemas e os sucessos de se produzir queijo em um clima tropical, oferecendo degustações ao público visitante.

No evento foi apresentado cerca de 100 Workshops, 50 conferências e galerias onde os visitantes puderam degustar receitas de experts de todo o mundo.

Muitas das conferências ofereceram um retrato de como nosso planeta está atualmente, como a “Get Your Forks Out of the Forest!” (Tire os estrangeiros da floresta), com Vandana Shiva, fundador da organização Navdanya; “Green Economy: The Only Solution” (Economia verde: a única solução), que refletiu sobre formas de mudar o atual sistema econômico e de produção; “Hungry for Land” (Fome de terra), que analisou a situação dos catadores de lixo e de como combater a sua disseminação; “The Grassroots of the Revolution: Edible Education” (As Raízes da Revolução: Educação comestível), com a chef americana Alice Waters, que mostrou os alimentos como uma ferramenta para ensinar às crianças os valores que precisamos para viver em harmonia com o planeta.

Houve também reflexões sobre bem-estar animal, o futuro das abelhas, a necessidade de salvar o ambiente e proteger os oceanos, assim como proteção para os produtores e os consumidores.

Uma extraordinária variedade de espécies de plantas e raças de animais foi representada no Salão Oval, todos protegidos pela Fundação Slow Food para a Biodiversidade, juntamente com a cultura e identidade de diferentes países. Os visitantes puderam conhecer produtos novos, presentes no mercado internacional, além de adquirir conhecimentos sobre Biodiversidade.

Entre toda a agenda, o que mais chamou a atenção foi a questão da fome em palestra feita por jovens africanos. Eles falaram sobre os desafios que enfrentam em seu país, além de discutir maneiras de como resolver o problema do direito à alimentação, ratificada pelas Nações Unidas há mais de 45 anos atrás, mas que ainda está longe de ser uma garantida para grande parte da população do mundo.


Texto de Raquel Nunes, publicado no site Gastromania

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