Texto de Maria Cristina Vannucchi Leme/ Fotos: Luciana Ferreira
Nós já havíamos anunciado os produtos da Chácara Colina no nosso site e já tivemos uma Quinta Slow com os produtos de lá, faltava a visita à Chácara, conhecer as pessoas que produzem um shitake pra lá de especial e, principalmente, comer framboesa no pé.
Assim, no sábado (27/08) liderados pela Darlana Godói, rumamos para Brazlândia, em caronas solidárias.
A Chácara é tocada pela família da Tainá com a ajuda de alguns trabalhadores que, somados não chegam a dez pessoas.
Fizemos um circuito pela propriedade, percorrendo detidamente os canteiros, enquanto recebíamos explicação sobre o sistema orgânico de produção. As verduras são variadas e, apesar da secura que castiga o cerrado nesta época do ano, estão exuberantes. Algumas verduras eram “inéditas” para muitos de nós. Foi difícil distinguir as folhas do inhame com as da taioba (essas têm “decote em V”).
Margeando a horta e espalhados pela chácara, conhecemos os pés de astrapéia (não confundir com a flor astromélia!), que fazem parte do “pasto apícola”, formado por plantas que produzem néctar e/ou pólen para as abelhas. Ou seja: na Chácara Colina eles cultivam plantas para alimentar as abelhas, cuja criação está incipiente.
O cultivo do shitake mereceria um capítulo a parte. Legal demais! O substrato do shitake são toras de madeira. São feitos furinhos nas toras, onde são introduzidos os esporos dos cogumelos. Os furos são tapados com cera de abelha (e não me lembro mais o quê), em seguida as toras são empilhadas como se fossem fogueira junina. Passado um tempo, as toras com os fungos inoculados, são submetidas a um choque térmico para simular um inverno rigoroso, inexistente nos trópicos. Garrafas pet servem de forma para o gelo e são colocadas junto com as toras para um banho de água gelada em banheiras e cochos. Depois as toras recebem uma pancada (pancada mesmo, com marreta de madeira) para “acordarem”. E zás! Os chapeuzinhos de shitake começam a crescer, após romperem as tampinhas dos furos. A Chácara Colina utiliza toras de mangueira, ao invés de eucalipto. Fundamental usar uma madeira que não solte a casca, caso contrário a casca se desprende levando junto os esporos. O resultado são cogumelos com um sabor único, sabendo levemente a alho.
As framboesas! Acreditam que na véspera da nossa chegada, o tratorista arrasou-as? Cortou-as rente ao chão, pois as considera como pragas. “Crescem a toa e atrapalham o caminho”. O chão estava todo salpicado de frutinhas vermelhas e nos contentamos em catar as sobreviventes. E eu que havia feito planos para elas…