No mês de junho se realizou a segunda fase do projeto "Horta Escolar", onde os alunos da APAE juntamente com o biólogo Leno, visitaram as escolas de ensino infantil da rede municipal, com o objetivo de ajudar as crianças a implantar uma pequena horta.
O envolvimento e o desejo de participar dos meninos da APAE, juntamente com os professores, neste maravilhoso projeto se manifestava na ajuda constante aos vários momentos dessas visitas escolares.
A jornada começou com Leno, que reuniu o grupo de crianças para recordá-los do primeiro encontro que eles tiveram com a terra e o plantio das mudas.
Em pequenos grupos as crianças, providas de pequenas pás, preparavam a terra para o plantio. As crianças recebiam mudinhas que elas mesmas tinham escolhido; naquelas pequeninas mãos se pareciam ainda mais com um pequeno ser. Cuidadosamente cada uma das crianças plantou-a e em seguida regou-a, para a grande felicidade de todos.
Gostaria de apresentar brevemente duas pessoas que acreditam profundamente na importância desse projeto:
Joyce, como você interpreta a função do educador na sociedade?
Há alguns anos trabalho com educação, coordenando diferentes grupos de professores que me possibilitaram a vivência de experiências enriquecedoras, no campo das idéias, na afetividade e na arte da convivência. A partir dessas relações percebi a necessidade de uma prática docente que considera o conhecimento como trama tecida no cotidiano, de forma que a criança seja agente da construção de seu saber, que favoreça o despertar da curiosidade e interesse, dos sentimentos de cooperação e coletividade, do bem comum.
Porque vocês escolheram como instrumento didático o projeto "Horta e Culinaria na Escola"?
O projeto viabiliza o desenvolvimento da autonomia, possibilitando ao aluno a opção do que plantar, a realização de pesquisas relacionadas às condições e adequações do lugar. Tudo registrado através de desenhos, escrita coletiva (professor escriba) e gráficos de resultados. Regar, capinar, estercar o chão, acompanhar o crescimento, colher, aprender a higienizar, definir receitas, preparar, comer são ações que já se fazem presentes na vida de nossos alunos.
Entretanto é de extrema relevância a parceria estabelecida com a APAE (Unidade Agrícola de Batatais), brilhantemente representada pelo biólogo Leno Dima e seus maravilhosos assistentes, que demonstram grande intimidade, amor pela terra e pelo espaço em que vivemos.
Leno, o que representa para voce Educação Ambiental?
A Educação Ambiental não entra somente como uma passagem de informações – como ocorre geralmente com a Educação Tradicional – mas também na aplicação dessas informações como forma de mudança de comportamentos e atitudes em relação aos problemas ambientais. É uma proposta de filosofia de vida que resgata valores éticos, estéticos, democráticos e humanistas.
Então para você a Educação Ambiental pode se transformar em instrumento que leve a uma mudança de valores na sociedade de hoje?
Sim, pois ela parte de um princípio de respeito pela diversidade natural e cultural, que inclui a especificidade de classe, etnia e gênero, defendendo também a descentralização em todos os níveis e a distribuição social do poder, como o acesso à informação e ao conhecimento, visando modificar as relações entre a sociedade e a Natureza a fim de melhorar a qualidade de vida. Ela propõe a transformação do sistema produtivo e do consumismo em uma sociedade baseada na solidariedade, afetividade e cooperação, ou seja, a justa distribuição de seus recursos para viver nosso cotidiano de maneira mais coerente com os ideais de uma sociedade sustentável e democrática e com uma educação que repense velhas fórmulas de vida, propondo ações concretas para transformar nossa casa, rua, bairro, enfim, comunidades, sejam elas no campo ou na cidade.
Leno Luis Dima é biólogo e trabalha na APAE de Batatais, onde desenvolve projetos de educação ambiental, juntamente com todos os sistemas de ensino da região. Email: [email protected]
Joyce Bergamo Raimundo é coordenadora do EMEI de Batatais. Email: [email protected]
Depois dessa maravilhosa experiência, espero poder acompanhar e testemunhar a colheita dos "frutos" desse projeto!!
Veja também o texto e as fotos da primeira fase do projeto .
Fulvio Iermano é italiano, foi voluntário no Terra Madre 2008, está morando no Brasil desde novembro de 2008, e agora faz parte da Rede Terra Madre Brasil.