O Pacamã (Lophiosilurus alexandri) é um peixe endêmico da Bacia do Rio São Francisco, que pertencente à família pseudopimelodide do gênero Lophiosilurus, também conhecido como pacamão, linguado do são francisco, niquim ou Pacman Catfish. Essa espécie carnívora pode alcançar 72 centímetros e desperta grande interesse nos consumidores pelo sabor agradável da sua carne e pela ausência de espinhos intramusculares. O Pacamã caracteriza-se pela cabeça achatada, mandíbula que ultrapassa a maxila superior – deixando os dentes expostos – e pela preferência por ambientes lênticos, em regiões de fundo de areia ou de pedras, onde desova formando ninhos.
A passagem do rio São Francisco pelo semiárido baiano firmou e permitiu o desenvolvimento de inúmeras comunidades tradicionais, a exemplo das comunidades ribeirinhas e de pescadores artesanais, das quais muitas famílias ainda vivem ao longo do rio, tendo a pesca artesanal como principal fonte de renda familiar. Esta atividade, de tradição hereditária, reuniu associações e colônias de pescadores no território do Sertão São Francisco (TSSF), extremo norte da Bahia, nos municípios de Sobradinho, Remanso e Casa Nova. A pesca é feita através de pequenos barcos de madeira a motor, utilizando utensílios como anzol, tarrafa e rede. Os peixes são destinados principalmente para a alimentação da família e o excedente, vendido nas feiras, mercados ou cooperativas locais.
O Rio São Francisco contém em sua fauna inúmeras espécies de peixes, no entanto, o estoque pesqueiro do rio está em declínio desde as construções das barragens Três Marias, em Minas Gerais e a de Sobradinho, na Bahia, provocando grande desequilíbrio no ecossistema. Estes impactos vêm se ampliando com a degradação das matas ciliares, assoreamento, uso insustentável das águas para a irrigação e a pesca predatória, colocando assim, várias espécies em risco de extinção, a exemplo do peixe pacamã. As mudanças climáticas é outra grande ameaça aos peixes, acarretando reduções nas vazões do rio São Francisco em áreas áridas e semiáridas, necessitando uma melhor gestão sustentável de suas águas.
A presença deste peixe no “Velho Chico”, como o rio é carinhosamente chamado localmente, já foi abundante, e faz parte da lembrança nostálgica de pescadores e pescadoras artesanais, agora que encontrar esta espécie nas águas do rio São Francisco no TSSF é cada vez mais raro.
Conservar o peixe Pacamã significa não somente permitir o fornecimento de alimento para a população, mas garantir o equilíbrio do ecossistema, a diversidade das espécies nativas e a valorização de uma atividade que não gera impactos negativos ao rio São Francisco: a pesca artesanal.