O cari (Rhinelepis aspera), também chamada de acari ou cascudo-preto, é uma espécie de peixe encontrado especialmente nas águas do Rio Paraná e Rio São Francisco, que vive no fundo dos rios. De aparência semelhante ao bagre, o cari é caracterizado pelas placas que o recobre, aparentado uma casca de textura semelhante a uma lixa. De coloração parda escura, o peixe pode pesar até 04 kg; grande parte do seu tamanho é devido a cabeça, no entanto é comumente encontrado em tamanhos menores em rios próximos a cidades. O cari vive principalmente em locais de fundo de pedras e águas correntes. Sua carne é muito procurada por ser firme, saborosa e praticamente livre de gordura e espinhos.
O peixe cari além de ser consumido pelas famílias de pescadores artesanais, também representa uma importante fonte de renda para as comunidades ribeirinhas. Geralmente vendido in natura no porto, pode ser comercializado também fresco nas associações e cooperativas, usualmente já filetado e sem os miúdos e placas.
A época do peixe cari coincide com o período de chuvas, entretanto a pesca predatória e utilização de redes de pesca durante a piracema vem gerando forte impacto sobre a espécie. Nesse período é permitido apenas a pesca com anzol ou à mão (tipicamente de subsistência). Ademais, a obstrução de rotas migratórias, devido construção de barragens é um outro fator agravante que vem prejudicando a espécie.
O rio São Francisco é um dos cursos de água mais importantes do Brasil e possui aproximadamente 2700 km de extensão, cuja nascente localiza-se na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e atravessa quatro estados até desembocar no oceano Atlântico. Conhecido também por Velho Chico, é utilizado na geração de energia elétrica, navegação e abriga variedade de mais de 160 espécies de peixes nativos. Entre as diversas espécies nativas, o cari é uma das mais apreciadas.
Cari. Foto: Carlos Bernardo Mascarenhas Alves
O peixe cari é uma importante fonte de renda para as famílias que vivem às margens do Rio São Francisco, porém há muitos anos o rio vem sendo vitima de assoreamento, desmatamento de suas várzeas, poluição, pesca predatória, queimadas e desvios para irrigação, afetando sua ictiofauna, inclusive as populações de peixe cascudo preto. A inserção na Arca do Gosto é um importante meio de divulgação do risco de redução abrupta da espécie.
O peixe cari é utilizado em deliciosas moquecas, bolinhos (semelhante ao de bacalhau), escabeche, dentre outros.
Indicação, texto: Revecca Cazenave-Tapie
Revisão: Ligia Meneguello
Referências
Lista de peixes nativos da bacia do São Francisco
Ibama Reforça fiscalização para conter pesca e venda do cari na piracema
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