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O cambuí (Myrciaria tenella), também conhecida por cambuim, camboí, cambuí-preto ou cambuizinho, é uma espécie arbórea de pequeno porte que atinge cerca de 6m de altura, nativa do Brasil e da Argentina, encontrada predominantemente em regiões de altitude  em Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul.  A espécie pertence à grande família das Mirtáceas, tendo como parentes mais próximas a goiabeira, jabuticabeira, pitangueira dentre outras. Cambuí é uma palavra indígena e significa ao pé da letra folha que cai, que se desprende.

O cambuizeiro começa a se preparar para a fase de reprodução no período que abrange  julho a novembro ou dezembro, dependendo da localidade: a árvore fica repleta de pequenas flores brancas que localizam-se nas axilas das folhas e  possuem um intenso perfume que atraem as abelhas, sendo que no mês  entre setembro a janeiro é possível notar a presença do fruto, com cores vibrantes que passeiam entre o amarelo, vermelho e roxo escuro. A safra do cambuí chega ao fim no mês de março.

A árvore se caracteriza por possuir um longo período de maturação, levando muitos anos para que atinja a idade adulta, com extremo potencial ornamental, possuindo um tronco marmorizado e descamante, com cerca de 20 a 30 cm de diâmetro, muito rígido com folhagens verdes e miúdas.

Apesar da vitalidade que essa espécie apresenta é uma árvore de aparência muito delicada, com dificuldade de germinação e tendo um difícil manejo até que ela atinja uma idade que não corra mais riscos. Sem dúvida esse é um determinante no grande risco de desaparecimento dessa espécie. É raramente cultivada em pomares domésticos.

Fruto e flor de cambuí

Cambuí é um fruto de coloração laranja a violácea escura brilhante. A polpa do cambuí possui sabor doce-acidulado, levemente adstringente e apresenta rica composição de vitamina C e antioxidantes (antocianinas e polifenóis) com capacidade anti-inflamatória, sendo submetida a diversos tipos de beneficiamento pode ser consumida ao natural, ou em sucos, sendo também uma rica fonte de vitaminas e minerais para os animais que se alimentam dela.   

Na comunidade da Serra dos Paus Doias, em Pernambuco, existem áreas com abundância dessa espécie, com uma produtividade anual de 8 toneladas, quando a média de chuva no ano chega aos 1.200 mm (AGRODOIA, 2014). Na região a produção do cambuí possui uma grande relevância para os moradores locais, pois se beneficiam do fruto, gerando renda através do extrativismo.

No Brasil, a maioria dos frutos do cambuí não é utilizada para processamento. Segundo Vriesmann et al. (2004), grande parte da produção do cambuí não é coletada, perdendo-se nos campos. Dessa forma, o aproveitamento do fruto é relativamente baixo e sua utilização para o desenvolvimento de produtos alimentícios com valor agregado mostra-se como uma boa possibilidade para contribuir com o aumento da renda dos extrativistas interessados em elaborar produtos com vida de prateleira maior que do produto in natura.

A conservação da espécie e dos produtos beneficiados a partir da fruta do cambuí, são importantes, porque geram alimentos de qualidade alimentar nutricional, preservam a cultura local, melhoram a preservação ambiental em função do arbusto ser também melífero, quando na florada, alimentando abelhas e demais insetos, justamente no período do verão ou da seca (estiagem) no semiárido, entre os meses de setembro e novembro.

Muito apreciada pelas famílias locais in natura, utilizada na produção de licores, geléias, doces. Comercializada nas feiras da região do Araripe pernambucano e Cariri cearense. A fruta do cambuizeiro também está sendo inserida gradualmente na gastronomia brasileira, agregando valor a economia local e do país. De modo geral, imprimem qualidade apreciável que é conferida a partir da riqueza nutricional da fruta.

Indicação de Vilmar Lermen e Enio G. Girão.
Elaboração do texto porRevecca Cazenave Tapie
Apoio de UESC
Revisão por Ligia Meneguello

Referências
Lorenzi, H. 2010. Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas (de consumo in natura).
Suco, Geleia e Bebida Alcóolica Fermentada Derivados de Cambuí – Comunicado Técnico 156
Árvore do Mês – Cambuí – site da Câmara dos Deputados
Cereja-de-joinville, murtinha, cambuí-roxo – Come-se

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