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Slow Food na Defesa da Sociobiodiversidade e da Cultura Alimentar Baiana

Atividade do projeto reúne mais de 30 agricultores para resgatar a história e a cultura alimentar local, em Pilão Arcado, na Bahia

O mês de março teve início com uma nova visita do Projeto Slow Food na Defesa da Sociobiodiversidade e da Cultura Alimentar Baiana à região dos Bbrejos, em Pilão Arcado, Bahia. Desta vez, mais de 30 agricultoras e agricultores das comunidades Brejo Dois Irmãos, Brejo da Capoeira, Brejo do Carrasco, Brejo do Urubu e Brejo do Pequi, em Pilão Arcado, estiveram reunidos com os facilitadores do projeto, acompanhados pela equipe do Pró-Semiárido e do SASOP, organização parceria que realiza assessoria técnica na comunidade. 

A atividade aconteceu nos dias 3 e 4 de março, com o objetivo de conhecer mais a região dos brejos e sua rica biodiversidade. Num primeiro momento, foram feitas visitas às agricultoras mais velhas das comunidades, Dona Romana, Dona Adelcina e Dona Litercina, que narraram o histórico das pessoas, dos sistemas produtivos e da cultura alimentar local, desde o plantio até a mesa. “Nessa conversa, nos deparamos com resultados surpreendentes, com uma diversidade muito grande de alimentos e quase todos eram produzidos no roçado e no quintal das famílias, sem uso de agroquímicos. O que vem de fora é quase zero”, diz Fernando Andrade, técnico do SASOP que acompanha a comunidade.

No segundo dia (04), os facilitadores do projeto, Nathan Dourado e Revecca Tapie, explicaram sobre o Slow Food e o objetivo da atividade. A equipe apresentou ainda o que é um “alimento bom, limpo e justo”, de acordo com a filosofia do movimento Slow Food do Brasil.  

A partir desse diagnóstico da sociobiodiversidade dos Brejos, as famílias identificaram alguns produtos que podem ser incorporados à Arca do Gosto, a exemplo do óleo de buriti, da cachaça brejeira, da fruta puçá e da rapadura dos brejos. A Arca consiste num catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção. Ela está presente em mais de 160 países, e já catalogou mais de 5 mil sabores, sendo 200 somente no Brasil.

Para Revecca, a conversa com as famílias foi muito positiva e reveladora: “A metodologia utilizada foi participativa. A gente provocou e instigou o resgate da cultura alimentar local, das memórias afetivas e serviu também como uma ferramenta de valorização e de reconhecimento da nova geração sobre as perdas alimentares e também da importância de se manter o equilíbrio da alimentação saudável que influencia na produção e sustentabilidade do campo”.

Fernando avalia que, apesar de ter sido um primeiro momento de discussão, os passos dados são importantes. “As famílias já entendem que é preciso preservar a história e a cultura alimentar, para manter essa biodiversidade e não perder os costumes com o consumo de produtos industrializados, cheios de agroquímicos e insumos artificiais”, conclui.     

Parceria 

O projeto Slow Food na Defesa da Sociobiodiversidade e da Cultura Alimentar Baiana é fruto de uma parceria entre a Associação Slow Food do Brasil e o  Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), mediante acordo de empréstimo com o Fundo Internacional Agrícola (FIDA). A iniciativa teve início no mês de novembro do ano passado (2019) e objetiva identificar novos produtos para Arca do Gosto, inserir novas Comunidades na rede Slow Food Brasil, bem como articular e fortalecer as chamadas Fortalezas Slow Food da Bahia. A ação envolverá famílias agricultoras e extrativistas dos territórios de atuação do Pró-Semiárido. Acompanhe o projeto no site do Slow Food do Brasil e no Facebook

Com colaboração de Elka Macedo, Comunicadora do Pró-Semiárido, e Fernando Andrade, técnico do SASOP (Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais)

Foto: Nathan Dourado (Slow Food)

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