Depoimento de Neide Rigo sobre o Terra Madre


FOTOS: Paolo Castiglioni/Divulgação

As últimas horas do Terra Madre são barulhentas, como se espera de um grande mercado. É gente de toda cor de pele e de todo tipo de roupa ajeitando pertences vindos de mais de cem países diferentes.

Malas e muitas sacolas ocupam os corredores. Troca de cartão e de abraços e a promessa de que continuaremos lutando por um mundo melhor, mais justo, em que todos tenham comida boa e diversificada. E só há um jeito de cumprirmos essas promessas: valorizando quem produz o alimento em pequena escala e protegendo os ambientes onde ele é produzido.

Isso tudo foi o que vimos durante cinco dias aos pés dos Alpes italianos – que nos brindou com neve. Foi a primeira vez que estive presente, participando de duas atividades no Salone Del Gusto, uma com as chefs Mara Salles e Ana Soares, sobre frutas brasileiras – falamos de jatobá, pequi, umbu entre outras – e outra sobre mandioca, onde mostrei como extrair o amido e fazer tapioca.

Só do Brasil, para o Terra Madre, éramos quase cem pessoas, entre pesquisadores, chefs, produtores e membros atuantes do movimento Slow Food. De visitantes, milhares por dia. Era tanta gente, que não conseguimos nem mesmo encontrar com a Roberta Sudbrack, que deu uma aula concorridíssima.

Dos motoristas de taxi às vendedoras do Eataly ou aos garçons do restaurante Tre Galine, em qualquer lugar da cidade não se falava de outra coisa que não o Salone e o Terra Madre.

E nossos produtos despertavam curiosidade. Estavam lá a farinha de copioba da Bahia e a polvilhada de Santa Catarina, nosso mel de abelhas nativas, o licuri, a araruta, o pequi, a farinha de jatobá, o baru, o berbigão e, claro, nossos queijos de leite cru. E com tudo isso a gente começa a achar que um mundo diferente ainda é possível. Somos poucos, mas juntos somos grandes.


Texto de Neide Rigo publicado no Paladar/Estado de S.Paulo por Carla Peralva

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