O cacau, também conhecido como fruto dos deuses, é o fruto do cacaueiro, uma árvore de porte médio, caracterizado pelas folhas longas (aproximadamente 30 cm) e copa larga e arredondada. Os frutos apresentam formato semelhante a uma bola de futebol americano, medindo de 15 a 30 centímetros de comprimento por 7 a 12 centímetros de circunferência, compostos por casca bastante resistente, polpa de coloração branca levemente adocicada e sementes (ou amêndoas). Quando maduros, tendem à coloração amarelada, entretanto isso varia conforme a variedade do cacau.
Originário da América Tropical espalhou-se pela Amazônia e foi levado para o sul da Bahia, sendo o primeiro cultivo em Canavieiras (BA). A Mata Atlântica na região consiste no ambiente perfeito para o cultivo do cacau, devido à elevada umidade e boa características do solo. Além disso, no Sul da Bahia, o cacau é cultivado na cabruca, um sistema agroflorestal que permite a harmonia entre o cacaueiro e a biodiversidade da região, pois não há desmatamento, o cacaueiro é plantado entre as árvores nativas, sob a sombra delas. Dessa maneira, o cacau coexiste com mais de 200 espécies de plantas e animais, incluindo o mico-leão-de-cara-dourada, ameaçado de extinção. Assim, o cultivo do cacau permitiu a conservação da Mata Atlântica na região. A Fortaleza do Cacau Cabruca do Sul da Bahia nasce da necessidade de proteger esse sistema.
A Fortaleza
Devido à perda de competitividade causada principalmente por doenças como a vassoura-de-bruxa e crises produtivas, muitos cacauicultores migraram para outras atividades ou ralearam a cabruca com intenção de obter ganhos de produtividade com o cacau, ameaçando a Mata Atlântica na região. Nesse sentido, a Fortaleza tem por finalidade dispor ferramentas para que os produtores consigam produzir de maneira eficiente, garantindo rentabilidade satisfatória com a atividade, recebendo, assim, um preço justo pelas amêndoas comercializadas. Dessa maneira, no ano de 2016 foram iniciados os esforços por meio da inserção do Cacau Cabruca na Arca do Gosto e, posteriormente, na rede de Comunidades do Alimento do movimento Slow Food, contando com o apoio de diversas instituições como a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), através do Projeto Alimentos Bons, Limpos e Justos, e parceiros locais: Rede Agroecológica Povos da Mata e Associação Dois Riachões.