É nesse território que se encontra a abelha melipona quadrifasciata anthidioides, uma subespécie da abelha mandaçaia, abelha nativa menor de outras abelhas da mesma família, e capaz de se adaptar a temperaturas muito elevadas.
A Melipona mandacaia (também conhecida como: amanaçaí, amanaçaia, manaçaia e mandaçaia-grande) é uma abelha sem ferrão, com cabeça e tórax preto, abdome com faixas amarelas mais amplas que outras espécies, e asas ferrugíneas. Medindo cerca de 10–11 mm, esta abelha constrói o próprio ninho em ocos de troncos de árvores, a boca do ninho sendo feita com uma mistura de barro e resinas extraídas das plantas. O seu nome – mandaçaia – é uma palavra indígena que significa “vigia maravilhoso”: se observarmos a entrada de uma colmeia dessa espécie, vemos que sempre há uma abelha presente, que “vigia”.
O mel produzido é líquido, e caracteriza-se por um aroma multifloral, muito persistente, típico da caatinga, devendo ser armazenado de preferência sob refrigeração, para evitar a fermentação.
A meliponicultura é uma atividade que envolve principalmente mulheres e jovens, representando uma integração da renda familiar. Numa temporada com boa florada, cada família pode chegar a produzir de 1 a 1 litro e meio. Produzido para consumo doméstico ou para ser vendido localmente, o mel é utilizado como alimento e como medicamento contra gripe, resfriado e distúrbios respiratórios.
A longa seca que, na última década, afetou o ecossistema, a biodiversidade local e o patrimônio agroalimentar foram gravemente prejudicados e, consequentemente, a produção de mel reduziu-se muito e a abelha mandaçaia está em risco de extinção. Esta perda se deve também à prática tradicional, ainda presente, de destruir as colmeias para a extração do mel.
A Fortaleza
A Fortaleza nasceu da colaboração entre o Slow Food e a cooperativa Coopes para promover um sistema alimentar sustentável, valorizando os conhecimentos da comunidade e a biodiversidade local. O projeto envolve diversos sujeitos locais, entre eles apicultores e meliponicultores, sócios da Coopes, jovens da Escola da Família Agrícola (EFA) de Jabuticaba, quebradeiras da Fortaleza Slow Food do Licuri, técnicos agrícolas especializados em agroecologia do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
O objetivo da Fortaleza é proteger a Melipona quadrisciata do risco de extinção e preservar o ecossistema da caatinga; a abelha mandaçaia desempenha um papel fundamental para a polinização da flora autóctone, especialmente da palmeira do licuri. A Fortaleza surgiu também da necessidade de fortalecer outra Fortaleza já existente, a do licuri, promovendo uma troca de conhecimentos ligados à polinização dessa palmeira, divulgando práticas sustentáveis para a reprodução da melipona. Também pretende promover o uso do mel de mandaçaia na gastronomia local, graças ao apoio dos cozinheiros da rede, para que os meliponicultores sejam incentivados a diversificar a atividade produtiva.
A Fortaleza do mel de abelha mandaçaia do Piemonte da Diamantina é um primeiro passo rumo a uma rede de meliponicultores da região do semiárido brasileiro.
Área de produção
Comunidade de Baixa Grande, Capim Grosso, Itatiaia, Quixabeira, São José, Serrolândia, Tigre, Vaca Brava, Várzea Danta e Várzea da Roça.
Território do Piemonte da Diamantina
Estado da Bahia
A Fortaleza conta com o apoio de:
Fida (Fundo lnternacional de Desenvolvimento Agrícola)
Produtores:
30 apicultores e meliponicultores pertencentes à Coopes, à Escola Família Agrícola de Jabuticaba (Efa), quebradeiras da Fortaleza Slow Food do Licuri e ao Movimento dos Pequenos Agricultores (Mpa).
Responsável Slow Food pela Fortaleza
Representante Slow Food
Valdivino Araújo Silva:
[email protected]
fone: +55 74 98142 4610
Contato dos produtores da Fortaleza
Paulo das Mercês Santos
[email protected]
fone: +55 74 99948 6189