Farinha de Batata Doce Krahô

Arca do Gosto // Cereais, amidos e farinhas

A farinha de batata doce, produzida pelos índios Krahô (vencedores do Prêmio Slow Food pela Biodiversidadeem 2003) no nordeste do estado de Tocantins, é considerada pelos antropólogos uma herança cultural extraordinária, com técnicas tradicionais de produção.

A batata doce é um produto ligado a vários rituais Krahô, e a qualidade da farinha, do ponto de vista organoléptico, é excelente. Além de seu valor simbólico e gastronômico, hoje em dia é muito difícil encontrar as variedades de batata doce, e a produção da farinha está diminuindo, porque as técnicas de produção são conhecidas apenas pelos índios mais idosos.

A farinha de batata doce é produzida no início da estação da seca, entre abril e junho. As variedades de batata doce utilizadas na produção da farinha são muitas. Depois de colhidas, as batatas são lavadas, envolvidas em folhas de bananeira e cozidas sobre a brasa. Depois do cozimento, as batatas são socadas e amassadas com as mãos. Em seguida, a massa é colocada para secar sobre esteiras feitas com palmeiras locais, chamadas catu, por cerca de 3 dias. As esteiras são apoiadas em cavaletes, e em alguns casos cobertas por uma rede, para proteger a farinha.

A farinha é tradicionalmente conservada em bolsas de palha, chamadas pocotu, fabricadas com as folhas das mesmas palmeiras usadas para a fabricação das esteiras, trançadas manualmente pelas mulheres da aldeia. O produto é conservado por mais de um ano. É cozida como um creme, com água e misturada com leite de vaca ou leite de coco e mel, ou usada como base para uma sopa típica, junto com a farinha do fruto de macaúba, outra palmeira local.

Todo ano, em abril, com a festa da batata doce, os índios Krahô celebram a passagem da estação das chuvas para a estação seca. Os índios Krahô vivem em 16 aldeias que são parte da reserva indígena Krahô, situada no cerrado. A reserva abriga cerca de 2500 Krahô da etnia Timbira. A etnia esteve em risco de extinção nos anos setenta, e dez anos depois, o líder da tribo percebeu que somente através do resgate das técnicas tradicionais de produção dos produtos típicos e da recuperação de suas tradições, seria possível evitar a extinção. A criação da Associação União das Aldeias Krahô (Kapey) foi o primeiro passo dado pelos índios Krahô para a recuperação de sua identidade. Através de um projeto em cooperação com a EMBRAPA, os índios Krahô re-introduziram no seu território a variedade tradicional de milho, grãos e plantas, dentre elas a batata doce.

 

Nome e endereço de contatos relevantes com os produtores
Getulio Pinto Krahô
EMBRAPA CENARGEN
Parque Estação Biológica PqEB, Av. W5 N, Brasília – DF

 

Terezinha Dias
Tel. +55 (61) 3448 4789
[email protected]


 

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