A Batata da Serra é a raiz tuberosa de uma trepadeira (Ipomoea convolvulacea) que se desenvolve no solo junto às pedras das encostas de algumas serras da Chapada Diamantina, no estado da Bahia, Brasil. O tubérculo não costuma ser cultivado, apenas colhido na natureza. Poucas pessoas conseguem colher a iguaria, uma vez que os locais onde brota são de difícil acesso. A batata se desenvolve em diferentes tamanhos, podendo chegar a até sete quilos. Rica em amido, sua polpa se assemelha à coloração branca da parte interna de uma melancia.
O uso alimentar mais comum da Batata da Serra é como salada (a batata crua é descascada, picada e temperada com limão e sal). Por ter sabor neutro e ser rica em água, está sendo usada em restaurantes da região como ingredientes para novas receitas, como ceviche ou em sobremesas (acompanhando doce de banana, por exemplo). Só é servida em poucos restaurantes especializados em comida local ou naqueles que usam ingredientes locais para culinária contemporânea.
A Batata da Serra é variedade endêmica da Chapada Diamantina, região de serras de aproximadamente 38.000 km² que abrange 28 municípios do estado da Bahia. Cresce apenas nas cotas altitudinais acima de 800 metros.
Durante o ciclo do diamante, que durou no Brasil cerca de 150 anos, da segunda metade do século XVIII até o final do século XIV, a Chapada Diamantina foi a principal região produtora de pedras preciosas do estado da Bahia. Estima-se que entre 1844 e 1871, auge da exploração de diamantes no estado, aproximadamente 25 mil pessoas migraram para as serras da Chapada, instalando-se em povoados que se transformaram nos municípios de hoje.
Os garimpeiros que ali viveram desenvolveram uma série de receitas com as espécies que se adaptam bem ao clima da região (banana, palma, jaca, etc.) e algumas nativas que descobriram, dentre as quais a batata. Por reter muita água, costumava ser usada como fonte de reidratação pelos garimpeiros.
O fato de ser uma variedade endêmica, de distribuição restrita a uma região específica, a exploração predominantemente extrativista ameaça a sobrevivência da Batata da Serra. Além disso, as regiões de Lençóis e do Vale do Capão estão sofrendo o início de um processo de especulação imobiliária e aumento do número de construções, loteamentos e condomínios, o que pressiona o habitat natural da planta.
Existem relatos de guias locais, entretanto, de que esta batata pode ser cultivada ou manejada. A difusão de informações sobre a planta e o incentivo ao consumo do produto cultivado ou manejado de forma apropriada representam importantes estratégias de conservação da espécie.