Quanta carne comemos? Muita. Ou melhor, demais. Comer menos carne, de melhor qualidade, pode ser positivo para o meio ambiente, para a nossa saúde e para o bem-estar dos animais.
Nos países ocidentais, os consumidores estão cada vez mais conscientizados sobre a importância de escolhas responsáveis e sustentáveis na hora de comprar roupas, carros e casas. Em geral, tornamo-nos mais “verdes”, inclusive quando escolhemos os alimentos. Além do aumento da mobilidade sustentável e da moda ecológica, quando falamos de valores alimentares, a sustentabilidade ambiental e social está se tornando cada vez mais importante.
Mas essas tendências virtuosas não se refletem diretamente nas compras de carne. A carne continua sendo um dos alimentos com impacto ambiental negativo, devido tanto às emissões de CO2 e ao consumo de água.
Precisamos mudar, começando com ações simples, em nosso dia-a-dia. Você já se perguntou quanto o seu consumo de carne afeta o meio ambiente?
Não é nenhuma novidade: os níveis atuais de consumo de carne no mundo são insustentáveis, e as consequências são graves para o meio ambiente e a nossa saúde. E isso sem considerar as condições das criações intensivas, fábricas de carne que ignoram completamente o bem-estar animal para atender a crescente procura do mercado.
Há tempo, já, o Slow Food vem pedindo a todos que façam escolhas alimentares conscientes, que se refletem não apenas para nas pessoas, mas também nas políticas globais, e como resultado no planeta. Não precisamos mudar completamente nosso modo de vida: escolhas alimentares conscientes podem ser o ponto de partida rumo a um estilo de vida mais sustentável e mais Slow.
O que a carne tem a ver com estilo de vida?
Ser “Slow” pode significar muitas coisas, todas elas importantes, mas, antes de tudo, significa adotar um estilo de vida que não tenha impacto, direta ou indiretamente, no meio ambiente. Isso não significa que devemos abandonar completamente o consumo de carne. A campanha Meat the Change será uma ferramenta útil para mudar hábitos sem mudar completamente estilo de vida.
Quando falamos de consumo de carne, ser Slow significa comer menos carne e escolher carne de melhor qualidade: saber mais sobre o trabalho das criações sustentáveis, que garantem qualidade porque têm um menor impacto ambiental e dão prioridade ao bem-estar animal, e por isso apoiar esse tipo de criação. Ser Slow significa, de modo geral, ser conscientes das próprias escolhas e procurar ter um baixo impacto ambiental, lutando ativamente contra o desmatamento, a exploração dos solos, a desertificação e a emissão de gases do efeito estufa.
Documento de Posicionamento sobre Bem-Estar Animal e Consumo de Carne do Slow Food Brasil
Este documento se baseia em O bem-estar animal, segundo o Slow Food, de autoria de Anne Marie Matarrese e foi adaptado e atualizado por Glenn Makuta e revisada por Ligia Meneguello, no âmbito do projeto Tecendo Redes pelo Alimento Bom, Limpo e Justo para Todos, uma iniciativa da Associação Slow Food do Brasil com apoio da Fundação Heinrich Boll.
O que entendemos por bem estar animal?
Um bom sistema de criação animal tem efeitos positivos não apenas para o bem-estar animal, mas também para o clima e o meio ambiente. É fundamental salientar as diferenças cruciais entre a pequena produção de animais e a criação industrial, além de buscar ferramentas que podem ajudar a calcular o impacto de diferentes tipos de manejo do gado.
A oportunidade para o pensamento crítico não acaba aí, nem as perguntas. Ao pensar, por exemplo, a relação entre a criação animal e a agricultura, é possível ver como essas duas práticas se desenvolveram juntas, até o advento da agricultura industrial e dos fertilizantes químicos romper com essa ligação. Será este o caso no futuro? É possível a agricultura sem animais? Como seria?
Outras discussões possíveis tocam temas como a produção de ovos, o pastoralismo; a biodiversidade de raças animais; opções éticas alternativas, como “omnívoros conscientes”, que reduzem o consumo de carne, dando mais atenção à qualidade da carne que consomem; e vegetarianos e veganos, que não comem carne por razões ambientais, éticas, de saúde ou mesmo religiosas.