Waraná nativo Saterè-Mawé

Baru Fortaleza Slow Food – COPABASE

Mandioca

Quiabo. Foto: Neha deshmukh

Dendê no pilão

Sociobiodiversdade na Amazônia. Foto: Bruno Franques

.

Waraná nativo Saterè-Mawé

Baru Fortaleza Slow Food – COPABASE

Mandioca

Quiabo. Foto: Neha deshmukh

Dendê no pilão

Sociobiodiversdade na Amazônia. Foto: Bruno Franques

.

Bem vind@ ao nosso site!

Novidades e destaques

+ BIBLIOTECA

Visual Portfolio, Posts & Image Gallery for WordPress

Vinho bom, limpo e justo

por Slow Wine Coalition, uma rede colaborativa do vinho.

“É desejável que a vinícola colabore de forma ativa com toda a comunidade agrícola a fim de melhorar o sistema agrícola da área em que opera. A este respeito, é imprescindível que a vinícola mantenha uma relação virtuosa com os próprios colaboradores e empregados, incentivando o crescimento pessoal e profissional. É também necessário que a adega colabore e compartilhe conhecimentos com outros viticultores da área, evitando a concorrência desleal.”

Leia na íntegra, em PORTUGUÊS: O Manifesto Slow Food para o vinho bom, limpo e justo

Saiba mais em: www.slowfood.it/slowine (em italiano)

Vinho bom, limpo e justo

por Slow Wine Coalition, uma rede colaborativa do vinho. “É desejável que a vinícola colabore de forma ativa com toda a comunidade agrícola a fim de melhorar o sistema agrícola da área em que opera. A este respeito,…

Pesto de salsinha e baru

Rendimento: ¾  de xícara
Tempo de preparo: 10 minutos

 Ingredientes
1 maço de salsinha fresca
⅓ de xícara de castanha de baru 
1 dente de alho
125 ml de azeite de oliva extravirgem
50 ml de água
Sal
Pimenta-de-macaco a gosto ou pimenta-do-reino

Ilustração de Rita Taraborelli da receita de pesto de salsinha e baru
Ilustração: Rita Taraborelli

 Modo de preparo

  1. Retire a casquinha das castanhas e reserve.
  2. Para preparar o pesto, processe tudo no processador ou triture em um pilão de pedra, ajuste o sal e reserve. Se fizer no liquidificador, acrescente duas pedras de gelo.

Esta receita integra o Flora Comestível do Brasil – Receitas Vegetarianas.
Rita Taraborelli é cozinheira vegetariana, ilustradora e integrante do Levante Slow Food Brasil.
Conheça mais esta publicação acessando o link

Pesto de salsinha e baru

Receita de pesto de salsinha e castanha de baru, do livro Flora Comestível do Brasil, de Rita Taraborelli

+ BIBLIOTECA

+ ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Visual Portfolio, Posts & Image Gallery for WordPress

Cozinha afetiva de verdade

Apostar na simplicidade, no destaque do ingrediente bom, limpo e justo e na valorização do que nos cerca são o caminho da verdadeira cozinha afetiva.

Foto: Aline Guedes, por Wolas Fotografia

“Nos quilombos em que estive, foi com as mulheres, quase sempre no ambiente da roça ou da cozinha, que fui tomada  pelas histórias que generosamente elas me contaram e ali percebi a transmissão de seus conhecimentos e vivências. Histórias cercadas de luta, resiliência, força e muito afeto e respeito pela comida. Foi com as mulheres quilombolas que compreendi que a cozinha e o cozinhar não deveriam ser vistos da forma complicada que sempre vi, pelos ensinamentos no curso superior de gastronomia.” Relembra Aline Guedes, que além de chef de cozinha é também professora de gastronomia e pesquisadora dos quilombos remanescentes do Estado de São Paulo. 

A chef aprendeu a cozinhar com a mãe, que sempre trabalhou como cozinheira e percebendo o interesse da filha a incentivou no caminho. Tanto que à época do vestibular negociou com as donas das casas onde trabalhava, para que assim pudesse custear a faculdade de gastronomia da filha. Sem romantizar essa relação afetiva com a cozinha, Aline teve medo mas seguiu no curso. Já como professora de gastronomia quando conheceu o Slow Food, conta que logo entendeu a importância do movimento e incluiu a Arca do Gosto como tema do TCC de alunos da faculdade em que lecionava na época: “Foi algo que movimentou a instituição de uma forma que eu não imaginava. Os alunos todos começaram a entender os alimentos da Arca. A minha fala era de que se não cuidarmos agora não vamos ter para daqui uma, duas gerações e eu senti que eles ficaram aflitos mesmo, querendo fazer mudanças, e aí a gente começou a desenvolver a Disco Xepa na faculdade.” Uma verdadeira cozinha afetiva é essa que se baseia na construção de relações, no respeito e na capacidade de unir as pessoas em torno de um objetivo comum. 

Aline e os alunos da faculdade de gastronomia durante a Disco Xepa. Foto: Arquivo pessoal.

Como professora, mulher preta e nascida na periferia de São Paulo, ela conta que ficou tocada quando uma aluna se identificou com ela e fez questão de lhe dizer pessoalmente o quanto a presença dela significava representatividade. Episódios que se repetem ainda hoje em diversos espaços por onde transita em sua vida profissional. “Questões de raça e gênero não podem ser descartadas na discussão atual acerca de como as cozinhas profissionais e escolas de gastronomia seguem reproduzindo os problemas estruturais da nossa sociedade, tais como racismo e machismo.” Para ela, a sua consciência de gênero e o letramento racial foram conceitos enraizados durante a pesquisa de mestrado dentro do quilombo Cafundó, em Salto de Pirapora, no interior de São Paulo. Nos quilombos, a organização social é diferente e as comunidades são matrilineares onde além da linhagem de descendência materna, a liderança é feminina. Como explica Aline: “A matrilinearidade fomenta a preservação de ritos e rituais de comensalidade e a salvaguarda de alimentos ancestrais, por meio da repetição e transmissão de conhecimentos de geração em geração“. 

Pensar no futuro da culinária e gastronomia brasileira exige olhar para a rica herança cultural que nos cerca e para as mulheres como as grandes guardiãs da nossa cultura alimentar. O trabalho de Aline como chef de cozinha vai nessa direção tendo como fio condutor a relação e o respeito. A chef que atua também como produtora de conteúdo de gastronomia na mídia e nas redes sociais tem um jeito leve de comunicar e usa das oportunidades e aprendizados, como, por exemplo, a recente especialização em vinhos para produzir conteúdos acessíveis: “Sinto que as pessoas que se interessam pelos conteúdos relacionados a vinhos pretendem aprender mais sobre essa bebida ancestral e que sentem pela minha fala, que o vinho é para todos”. É fundamental que mais profissionais levem para as cozinhas do Brasil a brasilidade e centralidade do papel de mulheres que são reverenciadas nas receitas de vó, no papel de mães, mas como profissionais permanecem marginalizadas.

Cozinha afetiva de verdade

“Nos quilombos em que estive, foi com as mulheres, quase sempre no ambiente da roça ou da cozinha, que fui tomada  pelas histórias que generosamente elas me contaram e ali percebi a transmissão de seus conhecimentos e vivências. Histórias cercadas de luta, resiliência, força e muito afeto e respeito pela comida….

Projeto Sociobiodiversidade Amazônica: Arca do Gosto, Ecogastronomia e Colheita do guaraná

Entre os dias 12 a 26 de novembro de 2022, a equipe do Projeto Sociobiodiversidade Amazônica (PSA) esteve na Terra Indígena Andirá Marau e na Brasileia, comunidade vizinha a TI, para a sequência de atividades deste projeto. Tivemos a oportunidade de acompanhar a colheita do guaraná (waraná na língua Sateré) junto com os/as agricultores/as da Associação dos Agricultores Familiares do Alto Urupadi (AAFAU). Também demos um retorno para as comunidades sobre o relatório do campo 1, fomentamos a criação do Círculo de Mulheres, promovemos uma oficina de Educomunicação (especialidade do nosso consultor Bruno Franques), seguimos o desenvolvimento do Protocolo de Sistemas Agrícolas e conversamos sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Bastante coisa acontecendo em campo!

Dinâmica “Trama de relações”, na abertura das atividades na Ilha Michiles. Foto: Bruno Franques
Reflexão sobre as atividades propostas. Zhamis, Bruno, Josibias (Tuxaua) e Sigliane. Comunidade da Ilha Michiles. Foto: Agnaldo Michiles
Roda de conversa sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Comunidade da Brasiléia. Foto: Paulo Messias

A Arca do Gosto é um programa do Slow Food que busca reconhecer, valorizar e catalogar alimentos ameaçados de extinção, seja essa biológica e/ou cultural, ou seja, espécies e modos de fazer em risco de desaparecer. No momento, há mais de 5.000 produtos catalogados em todo mundo, mais de 200 produtos no Brasil e, na Amazônia, aproximadamente 50. A catalogação ocorre por meio de indicações e preenchimento de fichas com informações detalhadas sobre os produtos, o que este projeto pretende fazer para incluir alguns alimentos das comunidades parceiras no programa. Por meio dos métodos aplicados, chegamos a seis indicações e ressaltamos duas que possuem algo em comum: o consumo de insetos nas comunidades! A formiga “sahay” e o bicho de gongo foram indicações das comunidades Ilha Michiles e Brasileia, respectivamente. 

Bicho de Gongo, um dos alimentos indicados para a Arca do Gosto na comunidade da Brasiléia. Foto: Bruno Franques

Um ponto interessante dessas atividades de campo tem sido o preparo das refeições. Nosso colega e consultor Zhamis Benício, da Comunidade Slow Food Manaus pelo legado alimentar da Amazônia, tem contribuído com o método de trabalho e diversas receitas ao longo das atividades. Diversos comunitários e comunitárias têm sido convidados a participar e compartilhar dessas aventuras ecogastronômicas. A participação masculina tem sido incentivada, em especial nos momentos de reunião das mulheres, denominado Círculo de Mulheres.

Agradecimentos antes da refeição, com mesa farta e alimentos tradicionais. Comunidade da Brasiléia. Foto: Bruno Franques
Degustações da oficina de Ecogastronomia, em Peniel do Areal. Foto: Bruno Franques
Alimentação tradicional após uma oficina de Ecogastronomia, na comunidade da Brasiléia. Foto: Bruno Franques
Pescadores após uma madrugada de trabalho, na Ilha Michiles. Foto: Bruno Franques

A partir da aplicação de algumas metodologias da Caixa de Ferramentas de Gênero da Agência de Cooperação Técnica da Alemanha no Brasil (GIZ), a equipe de campo do PSA do Amazonas propôs e estimulou as mulheres a criarem um espaço seguro de interação, apoio, acolhimento, articulação política e desenvolvimento de projetos. O Círculo de Mulheres foi rapidamente apropriado por elas, que passaram a desenvolvê-lo de acordo com suas próprias perspectivas, de maneira autônoma e potente. Os resultados já começam a aparecer e a participação feminina nas atividades tem ganhado força com interações cada vez mais intensas.

Ferramenta 1 da GIZ, na comunidade Renascer, em Peniel do Areal. Foto: Bruno Franques

As Oficinas de Educomunicação foram promovidas por Bruno Franques, que incorporou alguns de seus métodos de trabalho na proposta do PSA. Com exercícios de elaboração narrativa a partir das diversas camadas da percepção de identidade de cada um, em interação com o ambiente e com os demais participantes, foram abordados importantes aspectos dos elementos constituintes das mensagens midiatizadas. Tais reflexões contribuem de um lado para que a comunidade possa ser mais crítica ao modelo proposto pela indústria cultural e de outro, que estejam aptos a criarem narrativas estratégicas e envolventes que valorizem seus modos de vida e divulguem seus produtos.

Outro ponto importante dessa ida a campo foi a participação do Bruno e Zhamis na colheita do guaraná com a AAFAU.  Além de prestarmos um apoio direto durante este período crítico para a comunidade, nossa equipe pôde tirar boas fotos, vivenciar este momento de colheita tão importante, compreender melhor sobre o beneficiamento do guaraná e trazer diversas impressões sobre o processo, que colaboraram para uma melhor compreensão das práticas desses sistemas agrícolas.

Colheita do guaraná na comunidade Brasiléia. Foto: Bruno Franques
Colheita do guaraná na comunidade Brasiléia. Foto: Zhamis Benício
Colheita do guaraná na comunidade Brasiléia. Foto: Zhamis Benício
Seleção de grãos pós-torragem para o preparo do bastão de guaraná. Seu Simão, da comunidade da Brasiléia. Foto: Bruno Franques
Pilhagem e modelagem do bastão do guaraná, na comunidade da Brasiléia. Foto: Bruno Franques

Esta interação tem gerado boas expectativas e acreditamos que poderemos “colher bons frutos desse plantio”!

A Associação Slow Food do Brasil estabeleceu uma parceria para o desenvolvimento do projeto Sociobiodiversidade Amazônica com o projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha. Este projeto acontece nos estados do Amazonas, Acre e Pará ao longo de 2022 e 2023.

Projeto Sociobiodiversidade Amazônica: Arca do Gosto, Ecogastronomia e Colheita do guaraná

Entre os dias 12 a 26 de novembro de 2022, a equipe do Projeto Sociobiodiversidade Amazônica (PSA) esteve na Terra Indígena Andirá Marau e na Brasileia, comunidade vizinha a TI, para a sequência de atividades deste projeto. Tivemos a oportunidade de acompanhar a colheita do guaraná (waraná na língua Sateré) junto…

+ ÚLTIMAS NOTÍCIAS

+ ARCA DO GOSTO

Visual Portfolio, Posts & Image Gallery for WordPress

Ostra Roladeira

A ostra roladeira é um molusco bivalve da família Ostreidae e sem espécie identificada, de grandes dimensões, que aparece em determinados períodos do ano nas margens da costa da região conhecida como Saco do Mamanguá. De acordo com…

Catado de aratu

Aratu

O aratu, também conhecido como aratu-vermelho, é um crustáceo pertencente a família Grapsidae  de ocorrência natural em manguezais em todo a região litorânea do Atlântico Ocidental, da Flórida até o litoral sul do Brasil, com   em especial…

+ ARCA DO GOSTO

Conheça e ajude a salvar os alimentos da biodiversidade brasileira.

Grumixama

WhatsApp Image 2018 12 15 at 19.38.54

Conheça, divulgue, participe.
Faça parte do Movimento!

O Slow Food Brasil é a Rede formada pelos membros e Comunidades Slow Food no território nacional, além da Associação Slow Food do Brasil e parceiros institucionais. Atuamos organizando ações, eventos e campanhas com foco na defesa da biodiversidade, na valorização dos alimentos regionais e na conexão entre produtores e co-produtores. Difundimos a educação alimentar e do gosto e promovemos alianças e projetos para a valorização do trabalho dos agricultores, extrativistas, comunidades e produtores.

Atividades das Comunidades

Visual Portfolio, Posts & Image Gallery for WordPress

Mutirão de plantio de macaúba em Jaboticatubas

O plantio de macaúba em Jaboticatubas representa um marco no uso da espécie. Sociedade civil, iniciativa privada e Governo se unem para promover o cultivo da macaúba em uma ação que, esperamos, se tornará referência para todo o estado de Minas Gerais. A Associação Amanu – Educação, Ecologia e Solidariedade e a Soleum convidam a todas e a todos para conhecer o projeto e participar do mutirão na primeira área junto às famílias agricultoras e parceiros. A ação tem o apoio da comunidade Slow Food Beagá pela Cultura Alimentar e da SEAPA – Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

Plantaremos mudas de coco macaúba em cerca de 10 hectares pertencentes a 5 famílias agricultoras agroecológicas e extrativistas que fazem parte das Casas Comunitárias do Coco Macaúba, empreendimentos coletivos gestados pela Amanu para valorização, beneficiamento, organização coletiva, diversificação e comercialização de produtos desse fruto do Cerrado. As mudas serão plantadas em espaços produtivos diversos: consórcio com pastos para criação de ovinos e bovinos; quintais agroflorestais; enriquecimento de áreas de reflorestamento; e sistemas agroflorestais sintrópicos, a depender da experiência de cada família.

O plantio do coco macaúba em sistemas agroflorestais é essencial para fortalecer a cadeia produtiva da espécie e garantir a geração de renda para as famílias agricultoras com preservação ambiental. Essas cinco famílias se tornarão referência para todos os envolvidos no empreendimento e para toda a região, e mais plantios serão feitos futuramente.

Esse projeto se tornou possível com apoio da Soleum, uma empresa dedicada à produção de matérias-primas sustentáveis com carbono negativo, em larga escala, para a transformação das indústrias de energia, química e de alimentos, por meio da restauração florestal. A SEAPA, através da Ação Agroextrativismo, desenvolve ações de incentivo ao cultivo, extração, consumo, comercialização e transformação de frutos e produtos nativos do Cerrado mineiro, como a macaúba; e a Fortaleza Slow Food do Coco Macaúba de Jaboticatubas nasceu com o objetivo de fortalecer a produção artesanal do óleo e outros derivados do coco, estimulando a produção sustentável e o comércio justo e valorizando a cultura local, as práticas, equipamentos e conhecimentos dos produtores e comunidades do território.

As Casas Comunitárias do Coco Macaúba

Desde 2014, em encontros comunitários, intercâmbios com universidades, cooperativas e movimentos, a Amanu têm atuado para valorizar e incentivar o beneficiamento do coco macaúba, tendo os saberes dos povos tradicionais do Cerrado como centrais para embasar estratégias comunitárias de geração de renda e manutenção da vida no campo com sustentabilidade. Participam dessa iniciativa cerca de 100 famílias, que têm envolvimento tradicional com o coco. Elas também produzem para consumo e comercialização uma variedade imensa de produtos da horta, roça, de origem animal, beneficiados e do agroextrativismo de frutos e ervas do Cerrado. São famílias agricultoras familiares e quilombolas, sensíveis e atuantes no campo da educação popular, economia solidária e agroecologia.

Deliberou-se coletivamente pela construção das Casas Comunitária do Coco Macaúba e pela formação do grupo de quitandeiras no Quilombo do Mato do Tição. Desde então, temos buscado apoio e financiamento para criação da agroindústria, que será essencial para a continuidade da ação.

Os esforços do grupo para a preservação da macaúba e seus saberes associados foi reconhecido pelo Slow Food, com a criação da Fortaleza do Coco Macaúba de Jaboticatubas e a inserção do Óleo de Coco Macaúba na Arca do Gosto. As ações da Fortaleza incluem o registro e a valorização dos saberes tradicionais locais ligados à produção do óleo e demais produtos da macaúba; a promoção dos empreendimentos e da comercialização dos seus produtos e o incentivo à participação dos jovens nas atividades.

Todo esse trabalho trouxe reconhecimento e valorização ao óleo de coco macaúba junto aos agricultores e consumidores, fazendo com que o óleo de alta qualidade (que já chegou a ser trocado com sitiantes por menos da metade de óleo de soja), seja comercializado, hoje, a um preço justo pelas famílias associadas e demais participantes do projeto na Feira Raízes do Campo – a Feira agroecológica de Jabó e para os Grupos de Compras do Armazém Raízes do Campo em Jaboticatubas, Santa Luzia e Belo Horizonte. Temos nos esforçado para criar canais e redes de comercialização locais e regionais, que se firmam como espaços de resistência. A Feira Raízes do Campo, por exemplo, fará 10 anos em 2023. Já o Armazém permite a conexão com os mercados da capital, com chefs, escolas, restaurantes e outros empreendimentos.

Um pouco sobre a macaúba e o óleo na cultura local

Segundo o Slow Food: “A palmeira da macaúba, mesmo com o intenso desmatamento provocado nas últimas décadas para produção de carvão, criação de pastos e condomínios residenciais, ainda domina a paisagem da região. O processamento do fruto já foi uma das principais atividades na cidade, movimentando a economia local e o quotidiano de inúmeras famílias, que coletavam os frutos para levá-los a uma antiga fábrica de sabão, inaugurada em 1942.

No entanto, com a chegada dos óleos industriais a fábrica quebrou, mas as famílias mantiveram a tradição de manejo das palmeiras, coleta dos frutos e extração artesanal do coco para consumo familiar e comércio nas feiras regionais. O óleo é utilizado para temperar saladas, para fritar, refogar, para a produção de biscoitos, tortas, doces e com finalidade hidratante e medicinal. A produção do óleo de coco e outros derivados da macaúba representa a possibilidade de geração de renda para as comunidades envolvidas e a garantia de permanência e de proteção do território. O estímulo ao envolvimento dos jovens nas funções administrativas, de controle de produção, comercialização é um fator estratégico de grande importância, que se intensifica com a maior conscientização e abertura de possibilidades de ganho econômico.”

Saiba mais:

Artigo publicado na Revista Euroamericana de Antropologia sobre o uso da macaúba pelas comunidades participantes da Associação

Publicação junto às parceiras REDE e Pacari sobre o sabão de dicuada feito com óleo de coco macaúba

Reconhecimento do Slow Food dos esforços do grupo como Fortaleza do Coco Macaúba

Reportagem sobre esforços das comunidades na preservação do cerrado, citando também o trabalho da Amanu

Site da Soleum

Acompanhe a Amanu:

Entregas semanais de alimentos agroecológicos em Belo Horizonte, Santa Luzia e Jaboticatubas
Entrar na lista de transmissão do WhatsApp
Facebook Amanu
Instagram Raízes do Campo
Vídeos Associação Amanu
Publicações Amanu

Mutirão de plantio de macaúba em Jaboticatubas

O plantio de macaúba em Jaboticatubas representa um marco no uso da espécie. Sociedade civil, iniciativa privada e Governo se unem para promover o cultivo da macaúba em uma ação que, esperamos, se tornará referência para todo o estado de Minas Gerais….

A revolta dos malês e a comida baiana

por Patrícia Nicolau e Ednilson Andrade, integrantes do coletivo Antirracismo Slow Food

A revolta constituída de quase 600 homens, majoritariamente muçulmanos e africanos – por isso malê oriundo de imalê que, na língua iorubá, significa muçulmano – se deu na madrugada de 24 para 25 de janeiro de 1835, com o objetivo de conquistar a liberdade. Esse fato abre caminhos para um ciclo de grandes revoltas contra o regime escravista.

A cidade de Salvador era a região mais atuante do país e a imposição religiosa do catolicismo, naquele período, sobrepujava a fé natural desses homens, colocando-a em segundo plano. A ideia central era transformar a Bahia, em um território islâmico, controlado pela África e derrubar o governo vigente na época, através de um genocídio dos brasileiros presentes alí, fossem eles brancos, mulatos ou negros. 

O plano elaborado nos mínimos detalhes, fora abortado por uma denúncia e fez as ruas da cidade ganharem outro cenário e a região de Água de Meninos – atual local da feira de São Joaquim – sendo esse o lugar da última batalha, revelando corpos que tentaram sobreviver à traição.

Uns embrenharam-se pelas matas e montanhas vizinhas; 
outros salvaram-se a nado; 
outros pereceram afogados; 
outros enfim foram mortos pelos marinheiros 
(Ignace, 1907, p.133)

Foram vários os destinos aos acusados pelo motim; prisão, prisão com trabalho, açoite, morte ou deportação para África para aqueles já libertos. A pena do açoite variava entre 300 a 1200 chibatadas, distribuídas em dosagens mas, claro que muitos morreram em meio à sentença. Com a pena de morte para 16 condenados, 12 conseguiram permuta e os outros 4 foram executados e, dessa forma, finda-se a revolta escrava mais turbulenta da história

Depois desse feito, já tendo sido noticiado em quase todo país, através dos jornais, a perseguição das autoridades para os africanos passou a ser redobrada e com punições desmedidas. Naquele período, Salvador abarcava em 78% da sua população, negros africanos, afro-descendentes e escravos livres. Os escravizados eram oriundos de diversas partes da costa africana. Mas, particularmente os envolvidos na revolta eram originários do Benin, sendo classificados, segundo a sua língua materna.

Precisamente, somavam-se 30% dos falantes de iorubá, sendo esses muçulmanos. Salvador tinha um economia debruçada na escravidão, os campos de cana-de-açúcar e fumo presentes na região do Reconcavo eram os monocultivos que sustentavam os mercados europeus e possibilitava a compra de escravizados.

Os negros desembarcados aqui eram destinados a todos os tipos de ofícios, do arrado à cozinha, e dos trabalhos manuais ao cenário urbano das ruas, sendo os pioneiros para o desenvolvimento do estado da Bahia, sobretudo a cidade de Salvador, assim como resgistra Manuel Querino, em sua obra, A arte Culinária na Bahia, ao citar com detalhes os oficios desenvolvidos na região. 

E citando Querino, que retrata bem sobre a culinária da Bahia, os malês foram a principal influência para a formação da culinária baiana e brasileira mas, em contrapartida, viveram a realidade da insegurança alimentar, assim como podemos observar no mundo contemporâneo que vivemos. A não alternância nas variedades dos tipos de alimentos, causando o nutricídio que se estende até hoje, revelado em deficiências vitamínicas e diversas doenças crônicas.

A cultura alimentar islâmica se expandiu para diversas partes da Europa e África, fundamentando eixos bastante definidos e disseminando o uso de técnicas, comportamento à mesa e vários alimentos, entre eles o café, bebida de uso comum e social em diversas partes do mundo e é proveniente dos moldes islâmicos,  em substituição à outras bebidas porque entre os muçulmanos, não se faz uso de bebida alcoólica.

Outro ponto de grande relevância adotado dessa cultura, como referencial na alimentação, é a relação da comensalidade, técnicas e diretrizes para o preparo e o cuidado higiênico sanitário com os alimentos, por isso as negras escolhidas para estarem à frente das cozinhas urbanas são as de origem muçulmanas ou com influências islâmicas.

Com certeza, a expansão islâmica deu formato às tradições usadas até hoje e consolidou mudanças em muitas relações do cotidiano rural e urbano, deixando um legado que direcionou conhecimentos e descobertas.

A revolta dos malês e a comida baiana

por Patrícia Nicolau e Ednilson Andrade, integrantes do coletivo Antirracismo Slow Food A revolta constituída de quase 600 homens, majoritariamente muçulmanos e africanos – por isso malê oriundo de imalê que, na língua iorubá, significa muçulmano – se deu na madrugada de…

Carta a amigas e amigos do Slow Food – segundo turno eleições 2022

Nós estamos vivendo um momento político crucial no país que decidirá o destino de nossa nação nos próximos anos, com consequências para as próximas décadas. Muita gente entende que nós do Slow Food somos um movimento apolítico, que não devemos tratar temas políticos em nossa comunidade. No entanto, devemos entender claramente a diferença entre apolítico e apartidário. Assim ficará claro que o movimento Slow Food não pode e não deve jamais estar vinculado à bandeira de um determinado partido, pois é um movimento que reúne pessoas que militam ou tem simpatia por diferentes partidos políticos.

Desta forma, mais que apartidário o movimento deve ser considerado suprapartidário. Porém o movimento Slow Food não é e nem pode ser um movimento apolítico, pois isso seria dizer que não temos uma visão de mundo, princípios e objetivos claros sobre que sociedade queremos construir a partir de nossa relação com os alimentos, na produção, consumo e comercialização. Na eleição presidencial que estamos vivendo no Brasil estão em disputa dois projetos políticos antagônicos. Nunca no país foi tão evidente a diferença extrema entre duas propostas amplamente opostas sobre o Brasil que queremos no futuro. Não se trata apenas de uma diferença entre pessoas ou entre líderes sobre os quais podemos ter simpatias ou antipatias, adesão ou rejeição, admiração ou desprezo.

Desta forma, nós que somos membros do Slow Food devemos analisar a relação entre nossos princípios, valores e objetivos com os projetos políticos em disputa. É fundamental não votar contra nós mesmos, ou seja, não votar contra o Slow Food na hora de sufragar nosso voto a presidente. Nessa situação não se justificaria nossa militância do dia a dia por um alimento bom, limpo e justo votando contra um projeto que declara seu compromisso real e concreto à agricultura familiar, à reforma agrária, à agroecologia, à biodiversidade, à preservação das culturas e à conservação da natureza, ao combate à fome, à soberania e a segurança alimentar e nutricional, à geração de mais empregos, à proteção social, ao acesso à educação pública e de qualidade, ao fortalecimento do sistema público de saúde, à valorização dos territórios rurais, ao apoio à cultura, ao respeito e ao reconhecimento da diversidade de raça, de etnia, de gênero, de geração e de orientação sexual e sobretudo, ao compromisso com a democracia, com a paz e com a vida.

Está muito claro que, entre os dois projetos políticos em disputa, um deles abre todo o espaço possível para a realização dos objetivos e para a expansão e crescimento do Slow Food no Brasil. É muito evidente a relação entre um dos projetos políticos em disputa e os objetivos, propósitos e princípios que nós, integrantes do Slow Food, defendemos e nos empenhamos dia-a-dia com muita garra e determinação, para defendê-los e praticá-los. Pedimos que leve isso em consideração e não vote contra nós mesmos.

Não vote contra sua própria luta cotidiana. Nada justificaria seu empenho nesse movimento se o seu voto é contrário a tudo aquilo que defendemos com tanto entusiasmo, convicção e sacrifício para mudar o mundo pela via do alimento bom, limpo e justo. Lembremos nossa afirmação de que comer é um ato agrário e um ato político. É uma opção por um modelo de sociedade que queremos para todas e todos. E esse deve ser o nosso voto na eleição presidencial. Essa também é uma ação de cidadania para nós que fazemos esse extraordinário movimento. Fiquem todos com muita paz no coração.

Georges Schnyder
Glenn Makuta
Elaine Diniz Soares
Lígia Meneguello
Nane Sampaio
Antonio Augusto Mendes dos Santos
Fabiana Sanches
Valentina Bianco
Jussara Pereira Dutra
Isabella de Melo Moreira
Juliana Araujo Lima
Maria Conceição Oliveira
Monique Figueiredo Barboza
Dionete Figueiredo Axhcar
Kenia Cristina Barbosa Silva
Eliane Simões
Maria do Socorro A Nascimento
Alberto Viana de Campos Filho
Anayde Moretto Leite Lima
Jussara Dantas de Souza
Katia Karam Toralles
Marly Fré Bolognini
Samanta Nascimento Fabbris
Carlos Alexandre Demeterco
Thomas Ericksen Cavalcante De Araújo
Marina Vianna Ferreira
Camila Cristina B W da Rocha
Revecca Tapie
Larissa Henrique Nunes
Vanessa Moreira dos Santos
Jean Marconi de Oliveira Carvalho
Mariella Lazaretti
Poliana Schroer
Pedro Xavier da Silva
Thalita Kalix
Regina Praciano
Lina Luz Cavalcante
Jorge Izidro dos Santos
Rita Paula dos Santos Ferreira
Bela Gil
Alexandra Duarte de Lemos
Bibi Cintrão
Lucas Monteiro Mourão
Sara Almeida Campos
Anderson Carvalho dos Santos
Max Denvir
Karina Pereira Weber
Isabel de Jesus Santos dos Santos
Fulvio Iermano
Adriana Vernacci
Ana Laura Mosquera de Moraes
Driele Cristina Gomes Quinhoneiro
Luiz Carlos Rebelatto dos Santos
Maria Cristina Vannucchi Leme
Ana Paula Jacques
Julio Amaral
Fernando Rangel
Carolina Cardoso Borges
Paloma Bogel de Miranda Cysne Campos
José Guedes Fernandes Neto
Rita Taraborelli
Silvio Meneguello
Murilo Da Silva Silva Machado Juruna
Mariana Favilla Coimbra
Karina Mendes Francisco
Laís Meneguello Bressan

Carta a amigas e amigos do Slow Food – segundo turno eleições 2022

Nós estamos vivendo um momento político crucial no país que decidirá o destino de nossa nação nos próximos anos, com consequências para as próximas décadas. Muita gente entende que nós do Slow Food somos um movimento apolítico, que não devemos tratar temas…

Acompanhe as novidades!

Receba as notícias mais importantes e convites para os eventos, encontros, ações e atividades da rede Slow Food.

Assine a nossa newsletter!

Temas, Campanhas e Programas

Ações que conectam nossa rede.

Encontrou o que
procurava por aqui?

Escreva para a gente e conte sobre a sua experiência no nosso site. Sua opinião é importante.