patrimonio-agroalimentar.jpg

Patrimônio agroalimentar: promovendo saberes e práticas

patrimonio-agroalimentar.jpg

Patrimônio agroalimentar é tema de evento realizado em São Paulo (SP)

Debate organizado para a promoção de saberes e práticas tradicionais de preparo de alimentos será aberto ao público

Muito mais do que uma mistura de aromas e sabores. Saberes, práticas, produtos e técnicas ligadas ao preparo de alimentos prometem atrair o público interessado nos modos tradicionais de produção que integram o sistema agroalimentar brasileiro. Parte do conhecimento transmitido ao longo de gerações será compartilhado durante evento gratuito organizado pela Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em São Paulo (Iphan-SP), nos dias 18 e 19 de outubro, com o tema Patrimônio agroalimentar: promovendo saberes e práticas.

Durante o evento, composto por mesas de debate (no dia 18) e feira de produtos com oficina e degustação (19), os visitantes terão contato com detentores do Ofício das Baianas de Acarajé; do Modo Tradicional de Fazer Queijo de Minas; do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro; e do Sistema Agrícola Tradicional dos Quilombos do Vale do Ribeira. São quatro exemplos dos 48 bens culturais formalmente reconhecidos como Patrimônio Cultural do Brasil registrados pelo Iphan.

A iniciativa, que contará ainda com a participação de produtores e especialistas no assunto, tem como objetivos, além da promoção e a valorização dos sistemas agroalimentares tradicionais, a contribuição para a disseminação dos conhecimentos tradicionais relacionados à alimentação. Também vai trabalhar a promoção dos produtos oriundos dos sistemas agroalimentares tradicionais. 

“Tudo isso está relacionado às ações de promoção da política e dos processos de salvaguarda do patrimônio imaterial. A ideia é abordar o acesso às políticas públicas, os resultados, os problemas enfrentados pelos povos e comunidades tradicionais na defesa de seus modos de vida e dos produtos oriundos dos sistemas agroalimentares tradicionais valorados”, destaca o técnico do Patrimônio Imaterial do Iphan-SP, Marcos Monteiro Rabelo. 

De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), que colaborou e apoiou a construção dos dossiês do Sistema Agrícola do Rio Negro e dos Quilombos do Vale do Ribeira, a valorização de um sistema agrícola e os cuidados com sua salvaguarda prestam um serviço socioambiental à humanidade. “Esses sistemas 

funcionam como mantenedores, e muitas vezes produtores de agrobiodiversidade. As roças são como bancos (genéticos) vivos de variedades, manejados pelas agricultoras e agricultores a partir de um conjunto de conhecimentos transmitido e atualizado de geração em geração”, diz a antropóloga Carla Dias, do Programa Rio Negro, do ISA.

“A missão do Instituto Brasil a Gosto é promover conhecimento sobre a nossa cultura gastronômica e ajudar para que ela não fique restrita aos livros e memórias, mas que esteja de volta à mesa de todos os brasileiros. Por isso, é com grande satisfação que apoiamos este grande evento do Iphan ao lado de importantes parceiros nessa jornada #pelacozinhabrasileira”, diz a chef Ana Luiza Trajano, presidente do Instituto Brasil a Gosto.

 Para o Slow Food Brasil, ações educativas, de valorização e difusão da cultura alimentar são fundamentais para a salvaguarda de variedades agrícolas locais e também dos saberes associados a elas: “A cada dia fica mais evidente a relação íntima entre as florestas e as populações que nelas vivem, entre os agricultores e as variedades que cultivam em suas roças. A gente tem muito orgulho de ser parceiro neste encontro, construindo e apoiando ações que chamem atenção das pessoas para esses alimentos e seus detentores.” diz Ligia Meneguello, Coordenadora de Programas e Conteúdos da Associação Slow Food do Brasil. 

Programação

No primeiro dia de programação, haverá três mesas de debates. Na primeira delas, chamada “Comida e patrimônio: qual a importância do registro das nossas tradições para o futuro da alimentação?”, agentes de instituições públicas e privadas que atuam na execução das políticas de salvaguarda debaterão as ações recentes em relação ao patrimônio agroalimentar e as perspectivas sobre o tema. Nas outras duas, detentores convidados apresentarão experiências e expectativas sobre os processos de salvaguarda, fornecendo mais subsídios para a discussão. 

“Ao sediar esse encontro, a FMU reafirma o seu compromisso em difundir junto aos nossos estudantes a preservação e a riqueza da tradicional gastronomia brasileira”, afirma a coordenadora do curso de Gastronomia da FMU, Cintia Rolland”.  

O segundo dia será dedicado a bate-papos, oficinas e uma feira de produtos artesanais. Os próprios detentores apresentarão e farão venda ao público dos produtos oriundos de seus sistemas agroalimentares.

As atividades contarão com o apoio da Associação Slow Food do Brasil, do Centro Universitário FMU, do Instituto Brasil a Gosto, do Instituto Socioambiental (ISA) e do Instituto ATÁ. A feira e as oficinas do dia 19 serão promovidas, ainda, em parceria com o Sesc SP, como parte do Experimenta! Comida, saúde e cultura, que trata do universo da alimentação em todas as suas unidades.

“Hoje vivemos um momento em que as culturas alimentares tradicionais, como a brasileira, vêm cedendo espaço para o consumo de alimentos que muitas vezes desconhecemos a origem e até mesmo o que os compõe. Simplesmente comemos porque ‘é rápido e não dá trabalho’. Diante deste cenário, o Sesc SP fomenta a valorização das tradições alimentares, considerando que as trocas de hábitos, saberes e sabores entre as diversas culturas enriquecem a nossa mesa e as nossas relações com a comida, com nossas memórias e com nossas vidas”, afirma Marcia Bonetti da Gerência de Alimentação e Segurança Alimentar do Sesc SP.

Política Nacional de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial

A Política Nacional de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial começou a ser estruturada há 19 anos com a edição do Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, que instituiu o Registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem Patrimônio Cultural Brasileiro. Está relacionada às práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais associados a eles – que grupos e comunidades reconhecem como parte integrante de seu Patrimônio Cultural. Os bens culturais, com alto significado simbólico e prático para os seus detentores, estruturam modos de vida, definem referenciais de identidade e, por vezes, geram renda a esses grupos. 

Entre as diversas ações de salvaguarda desenvolvidas pelo Iphan – que envolvem a identificação, o reconhecimento e o apoio aos bens culturais patrimoniais – estão a difusão e a promoção desse patrimônio. Essas ações além de dar visibilidade ao Patrimônio Cultural, agregam valor aos bens, ajudam a fortalecer a política e dão força às demandas dos grupos detentores. 

Serviço
Encontro – Patrimônio Agroalimentar: Promovendo Saberes e Práticas
Data: 18 de outubro de 2019
Local: Auditório do Centro Universitário FMU – Avenida da Liberdade, 899 – Liberdade, São Paulo (SP).
Inscrição: https://www.sympla.com.br/patrimonio-agroalimentar-promovendo-saberes-e-praticas__662998

Feira de produtos, oficinas culinárias e bate-papos
Data: 19 de outubro de 2019
Local: Praça de Eventos do SESC Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo (SP). 

Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação Iphan
[email protected]
Carlos Balbino – [email protected]
(61) 2024-5513 / 2024-5516 / (61) 99381-7543
www.iphan.gov.br
www.facebook.com/IphanGovBr | www.twitter.com/IphanGovBr
www.youtube.com/IphanGovBr

18, de outubro, sexta-feira 
Encontro Patrimônio Agroalimentar: Promovendo Saberes e Práticas
Local: Auditório do Centro Universitário FMU – Avenida da Liberdade, 899 – Liberdade, São Paulo (SP).

08:00 Credenciamento

9:00 – Mesa de Abertura

9:30- 11:30: Comida e patrimônio: Qual a importância do registro das nossas tradições para o futuro da alimentação? 
Participação: Hermano Fabrício Oliveira Guanais e Queiroz, Diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN; Estela Vilela Gonçalves, Procuradora Federal em exercício no IPHAN São Paulo e Raquel Pasinato, Coordenadora do Programa Vale do Ribeira – Instituto Socioambiental (ISA).

11:30 – 13:30 Intervalo para almoço na região

14:00 – 15:30 Roda de Conversa entre representantes do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro e do Sistema Agrícola Tradicional dos Quilombos do Vale do Ribeira.
Participação: Sandra Gomes e Adão Francisco, indígenas Baré; e João da Mota e Leonila da Costa Pontes, Quilombolas do Vale do Ribeira.
Mediação: Chef Guga Rocha, embaixador do Instituto Brasil a Gosto

15:30 Café da tarde com ingredientes produzidos e trazidos pelos detentores

16:00 – 17:30 Roda de Conversa entre representantes do Ofício das Baianas de Acarajé e do Modo Tradicional de Fazer Queijo de Minas.
Participação: Luciano Carvalho Machado e Alexandre Honorato, produtores de queijo de Minas Gerais; e Rita Maria Ventura dos Santos e Rosa Coutinho Perdigão, representantes da Associação Nacional das Baianas de Acarajé
Mediação: Maria Conceição Oliveira, Associação Slow Food do Brasil

19, de outubro, sábado 
Feira Patrimônio Agroalimentar – promovendo saberes e práticas
Local: Praça de Eventos do SESC Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo (SP). 
Não é necessária inscrição

11h – A Culinária Quilombola do Vale do Ribeira (SP)
Neste encontro as cozinheiras Bernadete e Suzana, do Quilombo Morro Seco (Iguape, SP)  e a chef Cláudia Mattos (São Paulo) trocam saberes enquanto preparam alimentos produzidos no Sistema Agrícola Tradicional Quilombola do Vale do Ribeira, reconhecido como patrimônio imaterial em 2018. 

Bernadete Maria Pereira Alves e Suzana Maria Pereira de Brito são lideranças da Associação Quilombola São Miguel Arcanjo, cuja atuação se relaciona com atividades agrícolas do SAT – compõe o Grupo da Roça, responsável pela salvaguarda, e com atividades ligadas ao turismo de base comunitária. 

Cláudia Mattos é chef de cozinha e terapeuta, proprietária do Espaço Zym, líder do Slow Food São Paulo, e professora de ecogastronomia na Escola Schumacher Brasil. Desenvolve um intenso trabalho de pesquisa sobre a múltiplas dimensões para completa nutrição do ser humano. É cocriadora da iniciativa Unidiversidade das Kebradas.

13h – O Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas
Este modo de produção de queijo a partir de leite cru se refere às regiões do Serro, Serra da Canastra e do Salitre, reconhecido como patrimônio imaterial em 2008 e representativo  de uma alternativa bem sucedida de conservação e aproveitamento da produção leiteira regional. O encontro será direcionado pelas narrativas de Luciano e Alexandre, produtores de queijo, destacando as características de suas produções e as histórias relacionadas a cultura de quem vive do queijo e para isso cultiva os pastos. A conversa será mediada pelo chef e pesquisador Max Jaques, do Instituto Brasil a Gosto. Após a conversa, haverá degustação de produtos e preparos da região.

15h – O Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (AM)
Este SAT, reconhecido como patrimônio imaterial em 2010, envolve plantas, modos de cultivo, saberes, redes sociais e toda a cultura dos povos indígenas localizados no Rio Negro. Nesta roda de conversa, Sandra e Adão, indígenas Baré, compartilham saberes do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro mediado pelo chef e pesquisador Max Jaques, do Instituto Brasil a Gosto. Após a conversa, haverá degustação de produtos e preparos da região.

Sandra Gomes, é uma importante liderança na região. Foi pesquisadora e participou ativamente da elaboração do Dossiê do SAT do Rio Negro. Atua nas instâncias locais e regionais de salvaguarda deste bem. É presidente da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN), com sede em Santa Isabel do Rio Negro , e proponente do registro do SAT do Rio Negro. 

Adão Francisco é Diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), uma das instituições indígenas detentoras do SAT do Rio Negro. Apresenta uma trajetória de trabalho no controle social da política pública de saúde do DSEI- Alto Rio Negro, relacionada ao diálogo com o movimento indígena e os agentes indígenas de saúde. 

17h Um pouquinho sobre as Comidas de Baiana 
Amplamente disseminadas na cidade de Salvador, as chamadas comidas de baiana são feitas com azeite de dendê e ligadas ao cultos dos orixás. Esses alimentos, seus preparos, sua organização no tabuleiro e a indumentária própria da baiana são elementos que compõem o Ofício das Baianas e Baianos do Acarajé, reconhecido como patrimônio imaterial em 2005. Nesse encontro, Rita Maria Ventura dos Santos e Rosa Coutinho Perdigão, representantes da ABAM (Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares) contarão um pouco sobre esses elementos enquanto preparam acarajé, que serão oferecidos aos participantes no final da atividade. 

 

Deixe um comentário:

Últimas notícias

Visual Portfolio, Posts & Image Gallery for WordPress