A pitangueira é uma árvore frutífera, que até alguns anos costumava ser muito comum nos pomares domésticos de todo o país, assim como nas calçadas das cidades em áreas onde a planta ocorre naturalmente.

A palavra “pitanga” vem do termo tupi antigo ybápytanga, que significa “fruto avermelhado” (ybá, “fruto” + pytang, “avermelhado” + a, sufixo), numa referência à cor mais comum do fruto.

Característica da Mata Atlântica, é uma árvore semi-decídua (perde parte de suas folhas durante o seu ciclo anual), com tamanho variando entre 6 e 12 metros. Possui folhas aromáticas e lisas, flores brancas solitárias que se formam entre agosto e novembro.

Os frutos pequenos (3-4cm de diâmetro), globosos, com caroço central (drupa), amadurecem entre outubro e janeiro. Podem ter coloração laranja clara, vermelha ou preta (mais rara), dependendo da variedade e em uma mesma árvore, o fruto poderá ter desde as cores verde, amarelo e alaranjado até a cor vermelho-intenso, de acordo com o grau de maturação. Possui polpa suculenta, doce ou acidulada, que pode apresentar adstringência. Os frutos são muito apreciados por animais silvestres, que funcionam como grandes dispersores de sementes.

Os frutos são consumidos maduros e frescos ou transformados imediatamente em sucos, geleias e conservas, pois, assim como outras frutas nativas deste bioma, são bastante delicados e perecíveis.

A tradição popular atribui qualidades terapêuticas às infusões feitas com as folhas verdes ou secas da pitangueira (chá de pitanga ou chá de pitangueira), usada para tratar cefaléias, desinterias, reumatismo, febre, vermes e como calmante. Entre os princípios ativos estão taninos, sais de cálcio, ferro, vitamina C, entre outros.

De fácil multiplicação e plantio, a pitangueira se dá bem em quase todo tipo de solo, incluindo os terrenos arenosos junto às praias e terrenos secos. Ela pode ser usada na recuperação de áreas degradadas, inseridas ao interno de sistemas agroflorestais.

A pitangueira era parte da paisagem e do ambiente doméstico dos sítios, fazendas e chácaras, calçadas urbanas e quintas de zonas residenciais. Os caroços volumosos, o contraste do doce com o ácido da escassa polpa, o perfume e as safras abundantes, certamente marcaram a frutificação da pitanga na memória de várias gerações.

Com a mudança dos hábitos e maior densidade populacional nas cidades, a pitangueira desapareceu da maioria dos quintais e calçadas brasileiras, de onde podiam ser colhidas e degustadas diretamente do pé. O fruto delicado não suporta o transporte e por isso, não chega até os mercados pela grande distribuição.

Por estas razões, a pitanga é cada vez menos presente no imaginário, na bagagem gustativa e na alimentação dos brasileiros. Portanto, valorizá-la significa defender a agrobiodiversidade e resgatar o potencial desta incrível espécie nativa.

As folhas e os brotinhos mais jovens, de coloração avermelhada, são macios e saborosos. Quando verdes, são mais firmes, mas bastante aromáticas, e podem ser batidas no liquidificador com sucos ou fatiadas finamente para usar como tempero de sopas, moquecas, como condimento em limonadas, sucos, refrescos, caipirinhas e outros. As folhas mais velhas são mais fibrosas, mas podem ser fatiadas e usadas para temperar arroz, curries, pratos com peixes e aves ou batidas no liquidificador para incrementar sucos.

Os frutos maduros dão origem à geleias, molhos, licores, vinagres, quando cozidos e a sucos, vitaminas e sorvetes quando frescos.

Referências: Lorenzi et al., 2006, Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas (de consumo in natura).

Indicação

Ligia Meneguello

Pesquisa

Ligia Meneguello

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